A LEI DE PIRES
“A CULPA É DOS ACONTECIMENTOS.”
Waldir Pires, futuro ex-Ministro da Defesa, denunciando formalmente à Nação os verdadeiros responsáveis pelo Apagão Aéreo (08/05/2007).
A LEI DE PIRES
“A CULPA É DOS ACONTECIMENTOS.”
Waldir Pires, futuro ex-Ministro da Defesa, denunciando formalmente à Nação os verdadeiros responsáveis pelo Apagão Aéreo (08/05/2007).
5º - “If Aristotle Ran General Motors”
O velho filósofo cheio de idéias que ensinou Alexandre, o Grande a deitar na relva helênica tinha tudo para deixar Jack Welch e outros maiorais de Detroit no chinelo em qualquer brainstorm sobre Ética, Metafísica, reenginering, outsorcing e troca de óleo. Principalmente se a discussão fosse em Grego clássico. Pena que, por uma sutil contingência do destino, Ari tenha morrido dois mil anos antes da GM precisar de sua consultoria. Do mesmo autor de "If Harry Potter Ran General Electric"! (US$ 11.20)
4º - “Elizabeth I, CEO – Strategic Lessons in Leadership from the Woman Who Built an Empire”
Mocréias do mundo, unite! Sob este lema, a Rainha Virgem, na falta do que fazer (sem TV e sem querer, digamos, abrir seu capital) deu aquele empurrãozinho para a Inglaterra tornar-se um dos impérios mais vastos, bem-vestidos, snobs e escrotos que já existiram. Aprenda seus segredinhos, mas não saia por aí com cintos de castidade e roupas bufantes... (US$ 12.00)
3º - “Moses: CEO”
Este guia é um verdadeiro maná na chupeta. Além de garoto de recados do implacável Jeová (Deus, em sua fase Bad Boy), Moisés foi o maior rogador de pragas que o mundo já conheceu. Um talento que você precisa dominar se quiser passar a perna, de forma sagrada, no seu faraó ou capitão do mato. Apesar de péssimo guia de viagens (levou mais de 40 anos para ir do Egito à Terra Prometida, que é logo ao lado), o imortal autor do Pentateuco tem o mapa da mina para você chegar à sua Palestina particular. (US$ 14.00)
1º - Make It So: Leadership Lessons from “Star Trek the Next Generation”
A série podia ser uma merda do tamanho da galáxia de Andrômeda, mas aquele lugarzinho onde “nenhum homem jamais esteve” guarda segredos que podem fazer sua carreira deslanchar de vez, nem que seja rumo ao primeiro buraco-negro da esquina. (US$ 16.10 - Grátis um par de orelhas do Sr. Spock)
Impossibilitada por razões congênitas de fazer algo que preste, a CPI do Abafão Aéreo estuda convocar Marcos Pontes – nosso turista espacial aposentado – para depor. Se a arrojada manobra estrelar funcionar, nem mesmo o Hubble poderá corrigir o foco da CPI. E a não ser que Pontes, o Sorridente, arranje um habeas-corpus preventivo, terá que abrir o jogo. Afinal, os feijõezinhos que ele plantou no algodãozinho, lá na Estação Espacial, brotaram mesmo? Ou foi tudo uma gigantesca farsa de 10 milhões de dólares? Nossos netos têm o direito de saber!
Em mais um furo espiritual de reportagem, descobrimos o teor da primeira, sucintíssima e definitiva conclusão que o Secretário Especial de Ações a Longo Prazo, Prof. Dr. Ph.D. F.d.P Roberto Mangabeira Unger apresentará à gloriosa nação bananeira:
“NO LONGO PRAZO ESTAREMOS TODOS MORTOS.”
(P.S. Mas a CPMF continuará em vigor)
Sempre que um partido desses muda de nome, penso logo naqueles filmes que mostram empresas prestes a cair na malha-fina americana, triturando a papelada e formatando os discos-rígidos para apagar os rastros de suas peripécias. Ou numa queima de arquivo, pura e simples. Alguém aí se lembra da UDN? Que fim levou? Estará enterrada junto com a ossada de Dana de Teffé? E a ARENA, o maior partido político do Ocidente? Levou sumiço junto com o menino Carlinhos? E o paradeiro do PRN, o partido delle? Que tal perguntar pro ex-lugar-tentente delle, o Calheiros, propondo é claro uma delação premiada?
Só pra ficar num exemplo ainda fresquinho no nosso esquecimento: alguém ainda recorda do PFL? Aquele, o pefelê, partido do coração de nove entre dez coronéis de barranco... o pefelê de tantas aprontações pra contar... Pois os velhos coronéis se reproduziram e a novíssima cepa – uma galerinha da pesada capitaneada por Rodriguinho Maia e ACMzinho – agora atende pela graça de “O Democratas” (sic), ou “DEM” para os íntimos. Isso depois que seus globalizadíssimos filiados descartaram(*) o acrônimo “PD”, de Partido Democrata, pelo chiquérrimo motivo de que, veja só, lá em França “pedê” quer dizer “baitolo”. Nem imaginam o que DEM quer dizer em dialeto swahili...
Além de renegar o nome de batismo, outros expedientes muito usados pelas facções, digo, partidos, são as fusões, incorporações, abocanhações, escamoteações, fagocitoses, simbioses, defecções, mimetismos, metempsicoses e, mais modernosos, morphs e remixes digitais. Acrescente-se o subterfúgio adicional do troca-troca e fica praticamente impossível reconstituir, no espaço-tempo convencional, o iter-criminis de um político, desde o dia em que recebeu a picadura da mosca azul até hoje.
Tudo isso depõe a favor de uma só pessoa: Darwin. Por mais que os neocarolas a proíbam nas escolas, essa tal de “Evolução das Espécies” existe, sim senhor. Não importa o quão mutável, complexo e hostil se torne o meio em que vive: devidamente adaptado o animal político sempre arranja um jetinho de ficar malemolentemente por sobre a carne-seca. Extinção? Nem pensar.
Quem parece ter empacado e não evoluir nunca é o eleitor – esse sim, um verdadeiro animal. Taí uma questão que nem Darwin explica.
(*) Descartaram também o old-fashioned Jorge Bornhausen, que as más línguas costumavam comparar com Hitler. Pura sacanagem. Hitler pelo menos sabia pintar.
O mais novo aspone com status de ministro da Grande Coalizão pelo Progresso e pelo Bem dos Bons Companhêro (a.k.a. Governo Lula 2.0) é um “gênho” da raça, com QI quase igual ao do Roger (chasonnier do Ultraje a Rigor), sotaque que faz páreo ao do rabino Sobel – e desprovido de meias palavras. Prof. Mangabeira Cabeção, ídolo de Caê Meloso e mais conhecido no eixo Harvard-MIT-SPECTRE como Dr. Góri, nunca foi de poupar elogios ao seu novo patrão:
“Afirmow ke o presidentchi, avessow ao trabalhow e ao estudow, desatentow aos negótzios do Eshtado, fugidio de tudow o ke lhe traga dificuldade or dissabor e orgulhozo de sua própria ignorância, mostrou-ze inaptow para o cargow sagradow ke o povow brasileirow lhe confiow.”, declarou certa feita à Folha, no auge do furdunço do Mensalão, enfezadíssimo e com a mão direita (cheia de vontades próprias) tentando abrir-lhe a braguilha.
Prof. Cabeção ficou tão eufórico com a sinecura* oferecida pelo governo por ele considerado “o maish corruptow de nowssa histórrria nachional”, que num acesso de tremedeira teria tentado agarrar o presidente gritando “Mein Lulah! I can walk!”. (O Ministério da Informação nega veemente o ocorrido e promete arrancar em juízo R$ 30 mil de quem insistir na tese).
Agora o governo já abarrota a esplanada com 36 ministérios & cabides de 1º escalão, com expectativa de que até o final do mandato seja ultrapassada a marca dos 100 – a maioria a ser ocupada por notórias nulidades ou antigos desafetos, devidamente "pacificados". Futuras aquisições podem incluir o senador ACM, para o MIMA (Ministério da Malvadeza), Fernando Gabeira para o MINERVA (Ministério da Erva), Nelson Ned para um nanoministério e Bruna Surfistinha como go-go-embaixatriz do Brasil junto ao circuito noturno executivo-internacional. Afinal, se é pra continuar com essa cafetinagem de Estado, melhor chamar quem já tem ânus, digo, anos de experiência no setor.
*Trata-se de uma tal "Secretaria Especial de Ações de Longo Prazo", cuja primeira missão, no longo prazo, é definir a que diabos será que se destina.
A recente divulgação do contrato milionário da Assembléia Ruminativa do Amazonas com uma empresa fornecedora de tíquetes-alimentação supostamente destinados a abastecer as vorazes panças dos nobres deputados & agregados trouxe à tona uma constatação marcante: o puder engorda, engorda absolutamente.
Não se questiona nem a necessidade de um deputado que ganha salário + verba de gabinete + jetons + otras cositas más necessitar dessa ajudinha tão “proletária” (ou no máximo tão “classe média”) chamada vale-refeição*. Na verdade um vale é pouco. Não tem tíquete de Itu que apascente a gula dessa gente. Basta analisarmos suas silhuetas. A incidência alarmante de palanques desmoronando ultimamente não deixa dúvidas sobre o excesso de carga que assola o meio político local.
Só pra começar: olhem o Belão. Porra, o Belão tem toda pinta de traçar três javalis no almoço. Não se sabe nem se o pantagruélico procônsul da assembléia adquiriu esse figurino Gerard-Depardiano graças à prolongada exposição ao puder, já que aparentemente sua casta vem mamando desde a fundação de Roma (Suetônio e Plutarco espalhavam à boca pequena que Rômulo & Remo eram da tribo dos Linx).
Quem quiser mais exemplares que visite o saite da Assembléia e contemple o banner lombrosiano, onde desfilam as sorridentes efígies de todos os eleitos pela infinita estupid... digo, generosidade e feeling político do povo amazonense. Magrinhos, há alguns, mas como diz o vulgo, devem ser “magros de rúim”. A maioria, ah, só pela cara, como diz o supracitado vulgo, deve “comer que é uma desgraça”.
Quanto ao benemérito aí, que paga a conta do banquete (não olhe pra trás), melhor não meter a colher no festival gastronômico legislativo. Não demora, em resposta a alguma blitz conjunta do Ministério Público e dos Vigilantes do Peso, os nobres onívoros, em desagravo a si próprios, decidam instituir o vale-tiramisu, o auxílio-Balla-12 e o tíquete-Beluga. Tudo em nome da transparência e da manutenção de suas necessidades e instintos mais básicos. E pra não dizer que não cuidam da saúde, podem arrematar com um vale-Botox e uma licença-spa. Duvida? Nunca subestime a filhadaputice de um parlamentar.
(*) Seria desabonador que um dia batessem à sua porta, você abrisse, olhasse para baixo e visse o Sinésio, todo pidonho, implorando por uma "kentinha".Meio da madrugada. Dona Lurdinha acordou de repente, ouvindo uma voz abafada vinda do lado:
“Ana Paula...”
Era o marido, seu Egídio, que D. Lurdinha chamava há trinta anos de “Vidinha”. Pois o Vidinha estava falando o que não devia, dormindo, lívido, o barrigão para cima, empapuçado de suor, a boca aberta, arfante, repetindo bem baixinho:
“Ana Paula... Ana Paula...”
D. Lurdinha não entendeu ou não quis entender o mantra que o Vidinha insistia em repetir. Chegou-se mais perto, devagar, pra velha cama não ranger. Queria ter certeza. E ouviu bem mais do que esperava, quando Vidinha arfou bem alto:
“Ahhh... Ana Paula Arósio...”
Era isso mesmo?
Vidinha deu uma resfolegada, a barriga encheu-se de ar e, como que para tirar qualquer dúvida, arrematou no mais explícito êxtase:
“Ana Paula Arósio... aahh... assim eu morro...”
“Aaaaiii!” pensou D. Lurdinha, encolhendo-se para trás, contra o travesseiro, trincando os dentes para não gritar. Logo ele, o Vidinha do seu coração, logo ele, como pôde! como pôde! pai de três filhos, avô de seis netos, antigo congregado mariano, torcedor doente do América, logo ele! baixinho e meio careca, aquela papada pronunciada, aquele xulé devastador – sem falar nas três décadas de traques noturnos que ela, pelo bem do matrimônio, estoicamente suportara. “Não acrediiito!...Sem vergooonha...” E Lurdinha cobriu as orelhas com o travesseiro para não ouvir mais. Logo ele, como pôde! tamanho coroa, aquela cara sebosa cheia de crateras de bexigas, aquela pelugem brotando das narinas feito samambaia e ainda por cima cambota, mas tão cambota que no serviço militar era chamado de “culhões entre parênteses”. Logo ele... D. Lurdinha não conseguia entender. O que a Ana Paula Arósio viu no Vidinha?!
“Filha da puuuta...”, concluiu.
Teve vontade de enxotar o depravado de casa ali mesmo, aquilo era um lar de família, ele que fosse pros braços daquelazinha, só porque aquelazinha era “astista” (sic), só porque era “jovem”, “linda”, “gostosa” e “poderosa” e “etc.”, aqueles “olhos azuis”, aquele “carisma”... Dona Lurdinha nem teve coragem de se comparar com... a outra. Ou melhor, tentou, mas desistiu na hora. Esperou o coração acalmar, a tontura passar e pensou mais claramente: “não... não pode ser... não tem condição... o safado só pode estar sonhando...” E começou a rir aliviada, bem baixinho: “nunca, mas nunquinha que a Ana Paula Arósio ia dar bola pra um batoré desses... ah...ah...ah...” E passou a mão na testa suada do cônjuge desacordado: “sonha, vai sonhando, tigrão, ah... ah...” Pensou indignada no que essa televisão coloca hoje em dia na cabeça das pessoas. Pensou no Reynaldo Gianecchini, que ela achava “muito homem” e, comparando com o flácido ser que jazia ao seu lado, desatou a rir maliciosamente por debaixo do travesseiro.
Resolveu se vingar sonhando com o Gianecchini. E o Vidinha que visse o que é bom pra tosse, quando acordasse no meio da noite com a santa esposa gemendo “Giane... Gianequinho...”
E dormiu, como sempre, senhora absoluta da situação.
Só não consegiu sonhar com nada além de uma receita de bolo de fubá ensinada por um papagaio. Nem falou nada para o Vidinha no café-da-manhã. Vidinha, aliás, seu Egídio, despediu-se e avisou lacônico: “Hoje tem dominó. Chego mais tarde”. D. Lurdinha disse um “vai com Deus” protocolar e pensou: “vai bater na porta da Rede Globo, vai... ah... ah... ah...”
Mas seu Egídio passou bem longe de qualquer estúdio de TV quando saiu do trabalho e seguiu direto para o clube privê “Rosas de Mayo”, onde o ex-frentista Paulo Jorge, aliás, sua Ana Paula Arósio de ébano, já o esperava.
Após semanas e semanas de desenfreado consumo por parte da classe humorística, os estoques de piadas prêt-a-porter sobre o faniquito do rabino, o gol 1.000 e o apagão aéreo encontram-se perigosamente baixos. Recomenda-se parcimônia no trato da coisa, tendo em vista que tais problemas, embora aparentemente insolúveis, comportam um número apenas finito de gracejos.
Como poucos podem dar-se ao mesmo luxo de um José Simão, ambientalista que recicla todo dia a mesma coluna, com pequenas variações de fraseado e ademanes, o país espera que todo piadista, todo satirista e todo wit cumpra seu dever e pare de racionar o raciocínio. Coragem, senhores e pensem. Pensem, nem que seja na bunda da Dilma Rousseff.
Do contrário, o colapso avizinha-se implacável, ameaçando transformar de uma vez os bobos da corte na corte dos bobos – uns citando e/ou linkando os outros, numa orgia de confetes que só pode descambar na mais baixa forma de expressão humana: o humorismo a favor (vade retro!).
Em nome do pouco que resta de cinismo, anarquia, ironia e acidez no humorismo nacional, não se deixem contagiar pela euforia da aprovação estratosférica do governo. Resistam e não abandonem suas trincheiras gritando lulalá! De Chicos Carusos e Veríssimos este país já é auto-suficiente.
P.S. De pelegos também, mas Franklin Martins aceita analisar currículos.
Marca registrada
O fato do núcleo pobre da minissérie Amazônia ter passado metade das cenas dançando forró não deixa dúvidas: é uma legítima obra de Glória Peres.
Zeca Diabo forever
A maquiagem de Lima Duarte não convenceu como o terceiro avatar do seringueiro Bento, personagem aparentemente imortal que pontificou na trama desde o Ciclo da Borracha até o final da década de 80. Para alguém com cento e poucos anos ele estava inteiraço.
Ao contrário do que tudo indica, não há nenhuma cláusula contratual que obrigue Humberto Martins a fazer exclusivamente papel de cafajeste. Não é à toa que o mesmo já pensa em se aventurar por novos papéis. Uma cinebiografia de Jece Valadão, quem sabe.
Nervos à flor da pele
Toda vez que ouve Lula prometer uma “solução final” para a crise, Henry Sobel se treme todinho.
Com o pires na mão
Lula descartou mais uma vez anistiar o povo brasileiro de Valdir Pires - que aliás está cada vez mais à vontade no métier de ex-Controlador Geral da União. Resumindo: muita merda ainda há de ser jogada na turbina.
Efeméride
Este é o 693º post psicografado neste blogue, que até o momento contabiliza 2.954 comentários, 123.745 visitas individuais e 5 processos nas mais variadas varas. Isso tudo, da mesma forma que aquele encruado “mil” do baixinho, não quer dizer absolutamente porra nenhuma.
Pode até ser que haja vida inteligente em algum ponto remoto do universo. Nos órgãos de planejamento de trânsito da cidade não tem. Mesmo assim, as ôtoridades ditas competentes não desistem de ter “idéias”, as quais se chamássemos de “idéias de girico” incorreríamos em deplorável eufemismo.
Se conhecermos, porém, um pouco da psicologia animal, até que podemos entender o drama que aflige as rudimentares estruturas nervosas dos planejadores do tráfego urbano. Enquanto metade da cidade reclama da emputecente lentidão do trânsito a outra se queixa da velocidade homicida praticada por uma vasta legião de viúvas e viúvos do Senna. O último tecnocrata que tentou conciliar essa antítese, só de pensar no que diabos é “antítese” viu aterrorizado seus miolos escorrem fervendo pelas fuças.
Sem falar no problema dos suicidas, aqueles pobres coitados que desistem de tudo e decidem atravessar na faixa de pedestre – mas esses males d´alma estão fora de nossa alçada. O que podemos, e devemos, como deformadores de opinião, é primeiro ajudar, ou melhor, adestrar a municipalidade a parar de fazer coisinha feia por aí. Segundo, a saírem do muro e decidirem de uma vez por todas entre o caos e a esculhambação. Terceiro, a implantarem a Secretaria Extraordinária de Gambiarras à qual eu prontamente enviaria minhas próprias, royalty-free e muy viáveis...
Propostas para combater os excessos de velocidade nas ruas da cidade:
Propostas para reduzir os congestionamentos nas ruas da cidade:
Por fim, caso faleça às autoridades a vontade política para implantar tão singelas medidas, que pelo menos acabem com a Voz do Brasil! Engarrafamento ao som de Voz do Brasil é meio caminho para o câncer.
Camaradinhas, verdade é essa: tudo nesse mundão precisa de uma mãozinha americana para funcionar (a começar pela Europa velha de guerra, que sem a grana do Plano Marshall hoje seria uma imensa Albânia). Claro, há exceções: os nativos da Papua Nova-Guiné ainda devem fabricar orgulhosamente seus próprios atabaques (embora eu desconfie que é tudo jogo de cena – de noite eles assistem Baretta, que eu sei).
O que eu quero dizer, se me permitem uma pausa para um gole, é o seguinte. Foi só o talebã americano assumir que está mesmo afinzão do tal etanol brasileiro, que os nossos cromossomos monocultores ficaram todos ouriçados (“Plantation! Plantation!”). E, forçoso admitir, com mais um gole dessa purinha: têm toda razão. Esse negócio de o país ser tristemente alcunhado de “Bananão” já não estava casando bem com o nosso perfil muderno. Do Presidente a qualquer bicudo de menor patente, todos sabem, está na cara congestionada e no andar trôpego da nação: a verdadeira vocação nacional é o arco (que é como chamam álcool lá em Minas).
E arco do bão, como o aiatolá americano em breve sentirá no brinde protocolar com nosso companhêro conoisseur. Mas tem de ser um brindão daqueles, em copinho profissional, uma talagada só, profunda, de marcar a garganta de Mr. President a fogo. Afinal, será o gesto simbólico, embora ardido, que selará nosso upgrade de república de bananas para república da cana - a verdadeira Arábia da Mardita.
Só mesmo no gozo cerimonial daquela intimidade de bêbado, com uma mãozinha americana no nosso ombro dizendo pastosamente “sou teu amigo... te considero pra caramba...” que nosso adorado Bananão finalmente assumirá (tentando fazer um quatro sozinho, quem sabe, “me larga, porra!”) que esta terra ainda vai cumprir seu ideal. Ainda vai se tornar um imenso Cachação.
Mas e quanto ao nosso pibe muxiba, de quem é a culpa por tão vexatório resultado? Do cálculo, ora pois! Onde já se viu não darmos o devido peso, na tal fórmula, ao fabuloso crescimento do PIB e da renda per capita dos nossos “nobres representantes”? Em quatro anos de boca-libre, o PIB do Chinaglia cresceu escalafobéticos 179%. Mixaria se comparado ao da deputada Andréia Zito (PSDB), que inflou 715%. Sem falar no “Primeiro-PIB”, o do efelentífimo, que veio a dobrar – fazendo comer poeira o crescimento da China, Índia e Rússia juntas.
Imagine agora a quantas não deve andar o PIB do Okamoto, do Marcos Careca, do Dirrceu, do Bob Jefferson, do Janene, do China (Gushiken) e de tantous outros, digamos, empreendedores controversos caídos no esquecimento? Eu pergunto: pode um país submergente como o nosso desprezar tamanho espetáculo do crescimento? Não pode. Ou tiramos uma casquinha do PIB dos “companhero” ou filiemo-nos todos ao PT.
Todo ano é a mesma cobiça: não importa se você seja uma Penélope Cruz ou um enrugadaço Clint Eastwood, todo mundo do mundinho de Roliúdi só pensa em agarrar o careca, beijar o careca em público, levar o careca pra casa, fazer com ele o que bem entender. Leonardo DiCaprio, quem diria, fica babando só de pensar no careca (pergunta: por que o DiCaprio sempre morre no final?). O Scorcese, tadim, já tentou de um tudo, mas em matéria de careca, até o fechamento desta edição, o veterano continua virgo intacto: nunca segurou o dito cujo - só em sonhos.
Sem falar nos cineastas brasileiros, essa raça cuja hipercriatividade e coberturas dúplex em Ipanema você sustenta. Ô gentinha pra desejar um careca! Mas o careca tem lá seus caprichos. Um deles é fazer doce pro Scorcese, mas pô, o Kubrick também nunca pôde sentir o indigitado nas mãos. O careca parece não estar mesmo muito a fim de baixar no nosso paraíso tropical. A não ser que o Almodóvar traga o careca dele, abocanhado em 99, e mostre pro Caê, de cuja casa é habituê. O careca parece ser mais chegado em tipinhos mediterrâneos: espanhóis ou italianos, como aquele Benigni, que saiu ensandecido, pisando nos astros distraído, quando Sophia Loren chamou: “Roberto! Vem pegar tuo carecazzo, bello!” O que o ser humano não é capaz....
Tantos gênios sem-careca e Walt Disney, quem diria, embora não soubesse desenhar nem a própria assinatura (era uma espécie de Niemeyer da animação), levou nada menos que 26 carecas durante a vida – sendo um deles em tamanho natural! Digo, um carecão de um metro e tanto de altura, acompanhado por sete sugestivos carequinhas a tiracolo, tudo de uma só sentada, em plena cerimônia de 1938. O segredo para se dar tão bem com o careca, o velho Walt levou para o túmulo.
Claro, há exceções: Woody Allen não foi pegar o careca em 78 e 87. Preferiu ficar no trabalho de sopro, digo, tocando clarinete num night club. Outro que deixou o careca a ver navios foi Marlon Brando, em 72. Por essa época, Brando estava mais ligadão em peles-vermelhas e em experiências heterodoxas com potes de manteiga. A verdade é que, para um sujeito que já traçara de James Dean até uma pata, num bordel-fazendinha de Tóquio (e pela qual teria ficado perdidamente apaixonado, para desepero da esposa), um careca a mais ou a menos não faria a menoooor diferença.
Confesso que em matéria de carnavalidades estou mais por fora que bunda de globeleza. Mas ainda hei de descobrir que sutis ponderações permeiam a cabeça de jurado de desfile carnavalesco. Por mais que eu esprema meus tão fatigados neurônios, a mim é impossível perceber aquela diferença crucial de um décimo de milésimo de ponto entre o remelexo de um mestre-sala e outro (será algum detalhe na plumagem?). Pior ainda é tentar achar alguma diferença infinitesimal entre os atuais sambas-enredos (sim, são vários e não um só, como eu pensava), já que a melhor coisa que havia nesse quesito, o Jamelão, tirou o time. Mas vamos lá, tentar avaliar por critérios estritamente pseudo-científicos o desfile da maior de todas as escolas de samba e lambança em atuação no país: o Blocão do Lulalá.
EVOLUÇÃO – Olhando de longe, parece tudo meio paradão. Mas tem movimento sim: as massas como um todo evoluem a passo de cágado. Alguns setores andam para trás. Mas a ala dos patrimônio... vejam só, que beleza, o patrimônio dessa turma não evolui: dispara na Avenida! Seguuuura....
HARMONIA – No ensaio geral, nas eleições, a harmonia do blocão era aquela maravilha: todos apoiavam o “Hômi” em nome do bem geral da gloriosa nação auriverde. Hoje, a coisa está mais enrolada que bacanal de minhoca. O que tem de “artista” querendo a receber a paga, disputando a tapa lugar na diretoria e na tesouraria, não está no orçamento.
COMISSÃO DE FRENTE – Já viveu dias de glória quando coreografada por Mestre Zé Dirceu. Agora anda fazendo cara feia com a D. Dilma. Mas há quem diga que o problema é na comissão de trás: sempre levando “crau” daquele boliviano doido.
FANTASIAS – Sem dúvida é o ponto forte da agremiação. Fantasia é o que não falta: crescimento de 5% do PIB, hegemonia brasileira, Gran-Gasoduto do Sul, ligando La Casa Del Caciete, na Venezuela, a Puerra Ninguna, na Argentina. Tanto delírio só poderia mesmo ter saído da parceria inseparável de nosso Efelentífimo Carnavalesco com o velho Joãosinho Caminhante.
ALEGORIAS – Outro quesito imbatível. Poucos puxadores, como nosso Efelentífimo, são capazes de tascar duas ou mais alegorias a cada frase de cada um dos milhares de pronunciamentos que faz - e sempre alegorias futebolísticas. Dá um pouco no saco, mas afinal, essa é a voz que o meu povão, ai que lindo!, entende.
SAMBA-ENREDO – Você já ouviu esse sambinha de outros carnavais: assistencialismo, embromação, anti-americanismo... Tudo o que o folião brasileiro mais aprecia. Não é de espantar que essa mesmíssima ladainha vá animar os próximos carnavais.
MESTRE SALA E PORTA BANDEIRA – Nesse quesito, prefiro a palavra maldita, vetada no frigobar presidencial: abstinência. Não quero nem sonhar com o Primeiro Casal, Seu Luís e D. Marisa, sambando até gastar o botox. Seria aberração demais. Não que os dois não levem jeito pra coisa, pelo contrário: por mim, já teriam sambado há muito tempo.
BATERIA – Ouvir os tambores de guerra do PMDB, as cuícas do PTB, as foices e martelos do PCdoB e o chacoalhar de jóias dos novos-ricos do PT é uma experiência acústica traumatizante, apocalíptica. Felizmente a antiga rainha-moma da bateria, D. Ângela Guadagnin, foi sambar a dança da pizza em outras freguesias.
TROFÉU ESTANDARTE DE OURO - Vai para a nova rainha da bateria, a gauchinha, deputadinha e comunistinha Manuela D´Ávila. Convenhamos: a pequena é de chuá! Sambar ela não samba, nem precisa, nem deve (aquele ar blasé derrete qualquer neoliberal). Manu faz em mim o mesmo que o Zé Dirceu fazia com o Bob Jefferson: desperta meus instintos mais primitivos. Se Manu, como toda boa comunistinha, come criancinha, então eu quero ser nenê de novo.
Ouçam o que vou escrever, leiam o que vou dizer, tanto faz: toda essa discussão sobre a necessidade premente de nossa indústria crescer não faz, atenção para a entonação “snob”: não faz o menooorrr sentido. Só os pobres de retina não vêem que a indústria do Bananão já é um prodígio de crescimento. Por exemplo: a indústria da violência. O setor ostenta uma pujança espantosa, uma aceleração assombrosa, capaz de driblar e fugir de qualquer crise, seja por túneis ou pela porta da frente da cadeia.
As projeções indicam que em poucos anos, a serem mantidos os atuais incentivos e subsídios (parceiras público-privadas facções-polícia; justiça cega, surda, muda e com lumbago; educação da molecada gerida pelo tráfico; Poder Público adepto do liberalismo estilo “deixa rolar”) elevaremos nosso PIB (profundo inferno brasileiro) a patamares nunca vistos no mundo civilizado. Bagdá, atual referência mundial em carnificina, não perde por esperar.
Mas nossa efervescência industrial não pára por aí. Vejam a indústria dos golpes: só um país com tamanha vocação artística poderia produzir tantos e tão talentosos estelionatários. Nossos trambiqueiros vivem uma explosão de criatividade, inovação e ousadia capaz de deixar no chinelo os gênios do Vale do Silício. Tudo em comunhão com os modernos princípios do código-aberto, do software-livre: malandro nenhum patenteia ou cobra royalties por suas invenções e sai por aí espalhando “eu sou o criador do Boa Noite Cinderela! Do golpe do bilhete premiado!”, querendo faturar com a história (a não ser que seja golpe de marketing). E embora haja tanto golpista trainee ingressando todos os anos no superaquecido mercado de trabalho, ninguém fala em saturação do setor – ao contrário, otário é o que não falta.
Se somarmos a tudo isso a meritíssima indústria das liminares e a meretríssima indústria da prostituição, a tão difamada, mas crescente indústria dos danos morais, a torrencial indústria da seca, a bem fornida indústria da fome, a indústria cult das faculdades de esquina, a epidêmica indústria dos planos de saúde, a bem-dotada indústria da pornografia, entenderemos de uma vez por todas que o que falta neste país não é indústria, mas infra-estrutura. Afinal, nesse ritmo o futuro do Brasil passa inevitavelmente pelo esgoto.
Éééé fofitos... Euzita coloquei fire em vocês para ferver yestardey but... acabei fazendo um programito super light. E quer saber? Foi tuuuuuuuuuuuuudo de bom!!!
First, fui linda-loura-e-teatral curtir a Quinta Flash & Trash do Café Cancun, sob o comando dos DJs Cezar Dantas e Geraldinho... A trilha sonora?... Humor ácido-inteligente e ótimos hits de mil-novecentos-e-já-me-esqueço...
A festeira Mercinha Marinho, vestida de “Xuxa na Menopausa”, estava ma-ra-vi-lho-sa! Mercinha é uma dessas cinqüentonas cheia de estrias e botox, que podem mostrar na pista de dança o quanto são talentosas! Parabéns, fofita!!! Outro que abalou foi o artista plástico Rui Machado, que fez uma special appearence como uma bibete-chatinha-boazinha-carente viciada em tv a cabo. Funny! E eu pensando que o Rui não era chegado a um pincel!... Abafa!...
Curti a trashlândia com meu dear-friend-fofito-lindito-french-brazilian Daniel Rosenthal... Depois fomos jantar no Barbacoa... Huuuum... fazia tempo que eu não comia o frango com molho de laranja de lá... Tuuuuuuudo... After... Caminha and beautiful dreams. Perfect night! Hoje...Well...It's Saturday Night!!! E vamos dançar, fofitos!
E Thank's God It's Friday!!! Ficar em casa? Well, como diria minha amiguita Michelle Karrate: No, no, no, bambino! Então... arrasa na production... Força na peruca e let´s groove!
Alguns places bacanitos pra curtir essa sexxxta-feira bacanééérrima:
SEVEN TURBO - Hoje é "o dia" do Seven. Pra quem curte house... Tóin tóin tóin chique...E não se importa de não ouvir nem Katrina K, nem Whitney ou Deborah. Reeeeze pra que Luiz Carlos Mestrinho, o DJ Le Jaguar, esteja dando o som por lá. O fofito é the best no place. O DJ Graciano Rebello também costuma tocar bem... Mudernos, bibetes e o-que-eu-tou-fazendo-aqui se encontram em perfect harmony.
CROCODILO’S - Já foi trash... hoje é cult. Hits de Gretchen e Tati Quebra Barraco costumam animar a trilha da casa. A decoration é qualquer coisa de surreal. Tem karaokê... música ao vivo... e dance-tudo (de disco à Kelly Key). De repente, você escuta Maria Alcina cantando: "Seu delegaaaado prenda o Tadeeeeu... Ele pegou a minha irmã e óóóó..." Junte uma galerita e have fun!
CLUBE A2 - Huuuuuum...hoje é um dia meio out. Quer ir? Prefira o domingão que tem a ótima Suzi Brazil animando o people.
FOSFOBOX - É nova. Fica na Cidade Nova. Me falaram beeeem. Euzita ainda não coloquei meus saltitos por lá, apesar de ter sido convidada pra tocar no place... Huuuum, maybe tonight. Who knows? É quase do lado de minha home... Não preciso nem tirar o Sammovel da garage. Toca house, eletro e o que mais der na head dos DJs. People muderno e descolado. Vá!
BISTRÔ - É do bem. Acho que hoje quem toca é o meu dear-friend Sidney Almada. Alexandra e Fernando Araújo são fofitos too. O agito acontece mais na quinta... quando o superqueridofofito Zeca Pessoa toca de Elisângela a Depeche Mode!
BANDA DA BICA - Nããããão é hoje. Só amanhã... Mas se quiser, fofito... Fique em casa guardando energy pra essa party carnavalesca que vai ser tuuuuuudo. Meu dear Cecezinho ficou de me levar... E vamos abalaaaar a Praça São Sebastião!!!
Beijitos no heart.
não será feita quando a mídia e os que
se opõem à (sic) esse direito constitucional
meu, quiserem ou impuserem. Mas quando
seus iniciadores decidirem.
Zé Dirrceu, blogueiro, ladrando.
É estranho como político algum tem pretensão nenhuma a coisa alguma, pode ver: suas candidaturas sempre nascem não de um desejo personalíssimo pelo “puder” (longe disso!), mas “do mais profundo clamor popular”, “do apelo das bases”, “do chamamento a combater o bom combate”. Aumento do próprio salário? “Não é um pleito pessoal, nem penso nisso... Mas se o colegiado de líderes assim decidir...”. Será que esses putos nunca têm vontade própria?
Agora vem esse blogueiro, o Zé Dirrceu, como quem não quer nada, fazendo que vai e não vai, e com uma lógica das mais tortuosas avisa aos homens de bem (os que têm úlcera) que sua auto-campanha pela anistia mais pessoal, particular e restrita da História muderna não será feita quando “os que se opõem à esse direito constitucional meu, quiserem ou impuserem”. Seria mesmo muita babaquice que alguém contrário a tal patifaria saísse por aí catando assinatura e colocando o bloco do Zé na rua. Seria caso para interdição civil.
O Zé aliás, num ato falho, diz que a tar da anistia já é um “direito constitucional meu (dele)”. Vasculhei a Carta Magna de cabo a rabo e vi nada disso não. Vi badulaques jecas e bizarros, como “O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal.”. Vi também belezuras parnasianas como “a casa é o asilo inviolável do indivíduo”, desprovidas do necessário adendo “... mas um pastor alemão e um sistema de alarme sempre vão bem”. Só não achei nada como o que tanto sonha o Zé: “Art. 5.675 Fica livrada a cara do Sr. Zé Dirceu, blogueiro, por todas as suas aprontações pregressas. Parágrafo único: foda-se a impessoalidade da Lei.”
A verdade é que o Zé mal consegue dorrmirr, esperando a hora de dizerr a senha para o ataque fulminante à Constituição. “Tora Tora Tora?” Não... tem erre demais, o Zé ficaria engasgado. Mas, se os corretores de FHC - sonhando com um tucanato de mil anos - compraram a emenda da reeleição, por que os moleques de recado do Zé (Chinaglia na comissão de frente) não podem emendar a "lei maior" (e o próprio conceito de lei, aquela coisa teoricamente "abstrata" e "geral") em prol única e exclusivamente do capo? No Brasil lei não se discute. Compra-se.
Se conseguirem mesmo transformar a “Carta Magna” em “Bilhetinho de Alforria do Zé”, se é pra avacalhar de vez, então faço questão que incluam o seguinte inciso: “A tumba do Fran Pacheco, localizada em Manaus, será mantida e bem-tratada por Juliana Paes”. Espero, com uma pequena ajuda dos meus amigos, colher as assinaturas e impressões digitais necessárias. Respeito aos mortos é sempre bom. E não vai causar nenhum rombo na coisa pública, isso eu te garanto.
Irmão Paulo* ligou-me naquela manhã, há dez anos, para avisar que tinha morrido. Confessou-se chocado.
Da minha parte a surpresa nem foi tanta, pois sabia que A) FHC, se não fosse um FDP com PHD, poderia ter dito num simples telefonema pros seus meninos da Petrobrás: “podem já parar com essa sacanagem de processo contra o Irmão Paulo, porra!” B) Processo nos EUÁ corre em dólar – você já entra no jogo meio ferrado, o que causa calafrios só de pensar num Márcio Tomás yankee, te cobrando por hora, em bandeira dois. E last but not least C) O cardiologista do Irmão Paulo, sua última linha de defesa, atendia pelo nome de Jesus Cheddar.
Isso mesmo: Jesus Cheddar. Uma mistura dessas, de divindade com queijo, não podia mesmo dar certo – o ataque cardíaco foi inapelável.
“Miztah Kurtz, he dead”, anunciaram os tambores da Botocúndia. A canalha respirou aliviada. A vida de João Kléber e outros imitadores vagabundos ficou mais difícil. A de Jabor e Mainardi, mais fácil. A nossa banda de Ipanema aqui em cima ficou cada vez mais completa.
Como todo vagabond que se preze, eu não peço desculpas por não ter ido no regabofe de domingo (se é que teve), nem ter postado nada em tempo hábil, como fez o bom menino Ruy. Como diria o conselheiro Acácio, dez anos de falecimento só se faz uma vez. Mas no sesquicentenário, quem sabe? E dane-se o mundo constituído. Waaaal.
* Irmão Paulo escrevia uma página inteira às quintas e domingos, na fase áurea deste blogue.
A barra já estava pesadíssima em 68, o tempo fechando de vez, Márcio Moreira Alves perguntara em plenário: “quando o Exército deixará de ser um valhacouto de torturadores?”. E no olho do furacão, Roniquito, bêbado até dizer chega, abordou o ditador de plantão, General Arthur da Costa e Silva, numa recepção no Museu de Arte Moderna (MAM). Antes, como de praxe, tinha tomado todas e um poquito más, a título de breakfast com um adido americano, a quem estava ciceroneando pelo Rio (Roniquito era, como se diz em português corrente, well-connected).
Pois o Generalíssimo adentrou ruminante, cercado de meganhas descuidados e topou de frente com o enorme queixo do Roniquito, que com um cigarro apagado espetado entre os lábios, segurou o caudilho pelos ombros e tascou, com aquele hálito escocês: “Tem fogo aí, ô mariscal benefactor?”. Os guarda-costas não entenderam muito bem (Costa e Silva, com seu QI de protocordado, não entendeu nada). Por via das dúvidas, agarraram aquela “ameaça subversiva em potencial” e começaram ali mesmo a descer o sarrafo. O adido americano, igualmente cheio do aço, pensou que era um assalto – e com aquela valentia típica de quem não pode mais fazer um quatro, se esparramou por cima dos malfeitores, gritando pastosamente “Que porra é essa? Que porra é essa?!” – em inglês, evidentemente.
Arrastados pra delegacia mais próxima, os pés-inchados começaram a ser interrogados. O americano, caindo em si e obrando-se de medo, tartamudeava sem parar, querendo dar um telefonema, que aquilo era um lamentável mal-entendido, que contactassem a embaixada etc. Como o delegado não entendia patavinas de inglês, teve a péssima idéia de perguntar ao Roniquito “que que teu amigo gringo ta falando?”. E o Roniquito, sério pacas, embalou: “Pois ele tá dizendo que essa polícia daqui é uma grande bosta! Que vocês tão cagando pros direitos humanos! Que a ditadura de vocês é uma ditadura de merda! Que vocês são um bando de fascitas!”. Emputecido, espumando como uma hiena hidrófoba, o delegado esbravejou “pois esse gringo filho-da-puta vai ver o que é bom pra tosse!” e foi preparando o pau-de-arara. Uma guerra Brasil – EUA nunca esteve tão perto de estourar e só não foi deflagrada porque os contatos de Roniquito no Itamaraty entraram naquele momento na sala e resgataram os bebuns. Costa e Silva continuou não entendendo nada.
Roniquito, por sua vez, continuou aprontando. Diante da preleção de um tecnocrata que se gabava da quantidade de vergalhões produzidos naquele ano, arriou as calças, empinou o traseiro e gritou: “Meu amigo, o cu do povo não agüenta mais tanto vergalhão!”. E para uma grã-fina que vinha toda maravilhada do Theatro Municipal, dizendo que a-do-ra-va Maurice Béjart. “Béjart?”, cortou Roniquito, “Pois eu prefiro Foudet!”
Outra: para um casal de desconhecidos, numa mesa próxima, Roniquito começou a olhar fixo, com um sorrisinho meio safado, e fazer o “V” da vitória com a mão. O casal, constrangido, fez o “V” de volta. Como Roniquito não parava de olhar arregalado e insistia em repetir o gesto, veio o marido perguntar: “Já não chega tanto V da vitória?”. E o Roniquito: “V da vitória o caralho... Tô oferecendo duzentinhos pra comer tua mulher.” – só não foi esfolado vivo porque os garçons já estavam experts em salvar a pele do Roniquito na hora H..
Até quem num dia típico (ou seja, completamente de porre), atravessando a rua em slow-motion para molhar o bico no Antonio´s, Roniquito foi atropelado por um Fusca e voou longe. Diz a lenda que no trajeto, virou para os transeuntes e disparou: “Que é, porra? Nunca viram o Super-Homem?”. Meses depois, arrebentado e nas últimas, reclamava que o Antonio´s era muito, mas muito mal projetado: “Se ficasse do outro lado da rua, eu não tinha sido atropelado, pô!” Queria discutir o assunto a sério com um urbanista. “Arquiteto não. Tem que ser com urbanista!”
Roniquito secou a derradeira moringa no dia 24 de janeiro de 83, aos 45 anos – causando comoção entre a fauna da Zona Sul (como já disse, era amazonense, mas cresceu junto com Ipanema). Foi velado de olhos abertos (ninguém conseguiu fechá-los). Virou mito: cada “causo” tem tantas versões, adereços e plug-ins quantos forem os narradores. Tornou-se até patrono de uma cadeira da Academia Brasileira... da Cachaça. “Roniquto era uma época”, resumiu certeiro Hugo Carvana (aliás, aquele bêbado pentelho do filme Bar esperança é puro Roniquito). E o Jaguar, lembrando seu parceiro de libações e membro fundador da Banda de Ipanema: “nunca pensei que fosse sentir tanta saudade de um cara que vivia esculhambando a gente”. A esculhambação, como bem sabemos, continua. Só perdeu completamente a graça.
Faz exatos 24 anos que vocês aí do mundo fenomênico perderam o wit do mais adorável filho da puta* que a boemia carioca já conheceu: “Senhoras e senhores, aqui Ronald de Chevalier. Dentro de instantes, Roniquito”. Era assim que o respeitável e cavalheiresco economista amazonense Ronald Russel Wallace de Chevalier se anunciava ao adentrar nos butiquins de Ipanema. Dentro de instantes significava dentro de mais ou menos três doses de uísque.
Era o bastante para que, num estalar de dedos, o gentil-homem, articulista culto, multiglota, amante das belles-lettres e de Vivaldi, mentor intelectual de feras como Walter Clark e Mário Henrique Simonsen, cunhador do termo “aspone” (já consta no Houaiss) saisse de cena e desse lugar à sua temível versão etílica: Roniquito (fusão de Ronald com “faniquito”). Era fogo na jaca.
Seu instinto de autopreservação também entrava em standby: O endiabrado esculhambava abertamente a todos (principalmente quem merecia ser esculhambado), sem distinção de patente, porte físico ou do tamanho da horda adversária. Ter sobrevivido a tantos “causos” foi um feito.
Como na vez em que foi coberto de porrada por um brutamontes a quem acabara de enxovalhar no boteco. O grandalhão arrastou o mirrado Roniquito pra calçada, montou nele e com o pé na garganta do desaforado perguntou, cansado de tanto bater: “Já chega ou quer mais?!”. E o Roniquito, arrebentado, mas com uma lógica cristalina: “É claro que já chega, imbecil!”
Noutra começou a menosprezar, em pleno Beco das Garrafas, ninguém menos que o pernambucano Antônio Ninguém me ama, ninguém me quer Maria, também famoso pelo porte avantajado. Até que arrematou, intrépido: “Antônio Maria! Você foi parido por um ânus!”. Foi salvo de ser esganado ali mesmo por um cordão de isolamento. (Consta que depois os dois trêbados começaram a chorar um no ombro do outro, como manda o figurino).
No histórico velório do Zequinha Estelita**, figura querida dos boêmios, Roniquito apareceu completamente chumbado. Ouviu uma choradeira na câmara mortuária ao lado (estavam velando outro defunto) e foi tirar satisfação. Entrou com tudo no velório alheio e disparou: “Olha aqui! O nosso morto é muito melhor! É muito mais bonito! Esse morto de vocês é uma bosta!”. Novamente foi preciso uma intervenção semi-divina para deter o linchamento em curso.
Noutra vez, percebeu quietinho numa mesa do outro lado do bar o escritor Antônio Callado – para azar do autor de Kuarup. “Antônio Calladooo! Antônio Calladooo!”. Constrangido, meio que sacando que estava ferrado, Callado acenou de volta, sem graça. “Antônio Calladooo! Você já leu Faulkner? Já leu Faulkner, Antônio Callado?”. “Já li, sim...”, respondeu baixinho. E ouviu o veredito, bradado a plenos pulmões: “Então já sabe que você é um merda, Antônio Callado!”. Para sorte de Roniquito, além de ser um merda, Antônio Callado não batia.
E pro Fernando Sabino, segurando pelo ombro o futuro autor de Zélia uma paixão: “Fernando Sabino! Quem escreve melhor, Fernando Sabino? Você ou o Nelson Rodrigues?”. E o mineiro, achando que ia se safar: “O Nelson, é claro que o Nelson é muito melhor que eu... claro...”.”Cala essa boca Fernando Sabino! Quem és tu para julgar Nelson Rodrigues?!”
Sobre Ronaldo Bôscoli, era taxativo: “Deixou de ser poeta pra escrever essa merda de barquinho!”
E quando foi apresentado à socialite Vera do Nascimento e Silva: “Prazer”, disse a beldade, “Vera do Nascimento e Silva.” E o Roniquito, embevecido: “Esquina com quê?”
Numa apresentação de um virtuose do violino, em pleno Theatro Municipal lotado, Roniquito ficou tão maravilhado que começou a chorar escandalosamente, a ponto de abafar a melodia. Conduzido gentilmente pra fora, deu meia-volta e se despediu com um berro emocionado: “vai tocar bem assim na puta que pariu!”
Presidentes, Roniquito abordou pelo menos dois. A primeira vítima foi Juscelino, numa recepção. Cheio do aço, Roniquito foi chegando perto: “Juscelinoooo! Juscelinoooo!” Mantendo o sorriso congelado, JK cumprimentou a figura, que foi passando o braço pelos ombros do presidente, na maior intimidade, o copo de uísque on the rocks na outra mão: “Atenção que vai falar o presidente, o presidente vai falar! Jus-ce-li-no, o que você acha, da reforma agrária, Juscelino, da reforma agrária o que você acha...”. E o político tarimbado começou a dar aquela declaração enrolada, vazia, em cima do muro, “é uma questão complexa, delicada...”. Até que Roniquito largou o presidente bossa-nova e foi embora, aos berros: “Chega! Já Chega! Esse presidente não entende por-ra-ne-nhu-ma de reforma agrária!”
O segundo presidente a conhecer a fera foi o generalíssimo Costa e Silva, cercado de meganhas. Mas isso fica pro próximo pileque.
* Que fique bem claro: “filho da puta” aqui vai como exaltação, como quando vemos boquiabertos um drible impossível do Garrincha e dizemos: “olha só o que ele fez... filho da puta!”
** Foi a última vez que serviram birita na cantina da Capela da Real Grandeza. Como diria Lilico, tempo bão não volta mais.
Lista de brasileiros que foram considerados incapazes para o serviço militar:
É uma lista com altos e baixos, admito... Mas um país com tantos incapazes assim não pode ser de todo ruim.
“Meu filho, você já está ficando grandinho, já está com bigodinho e papai quer saber. Diz pra mim: o que você quer ser quando crescer?”
“Quero ser jogador de dominó, papai.”
“Ré, ré... jogador de dominó... sei, mas eu estou falando de profissão, filhão.”
“Jogador de dominó, papai. Já disse.”
“Ahn, eu estou falando sério, meu filho. Quero dizer, que carreira acadêmica você quer seguir? ”
“Quero me especializar em dominó.”
“Ahn... Porra, moleque! Mas que história é essa?! Onde é que você pensa que vai chegar com isso?”
“Bem, papai... se eu só souber jogar dominó, mas jogar pra caramba, e jogar com as pessoas certas... primeiro meus parceiros de mesa vão me nomear Secretário Extraordinário da Prefeitura de Manaus. Depois, Secretário Municipal de Administração, Secretário Municipal de Economia e Finanças, Presidente da Comissão de Licitação da Prefeitura de Manaus, depois Superintendente da Zona Franca de Manaus, Interventor na Prefeitura de Manaus, Vice-Governador do Amazonas, Secretário de Estado de Administração, Secretário de Estado da Fazenda. Aí que caio nas graças do povão e me elejo duas vezes prefeito de Manô e daí viro Ministro dos Transportes. Quem sabe, papai, eu chegue até a Senador da República, que nem meu ídolo. O cabo Pereira. Aliás, Sua Excelência Senador Cabo Pereira, papai.”
“... Eu nunca tinha pensado nisso antes, meu filho...”
“Mais uma coisa, pai... o senhor me ensina a escolher uns tucumãs de primeira pra eu oferecer pros meus parceiros de mesa? Sabe como é, né papai? Tem que fazer o social...”
“É claro, filhão! Joga, joga fora essas apostilas e vamos pro boteco aplicar uns capotes nos vagabundos. Ah, que orgulho eu vou ter de você, meu estadista!”
Um dos últimos orgulhos nacionais está ameaçado. Calma, Cocada, não se trata do derrière da Juliana Paes, que vai muito bem, obrigado. Recebo em última mão a notícia de que um laudo do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) constatou indícios acachapantes de fraude nas urnas eletrônicas usadas nas Alagoas, na última eleição.
Não é todo dia que um dogma como o da inviolabilidade da urna brasileira é solapado desse jeito. Isso é coisa para abalar toda uma concepção de mundo, toda uma ferrenha convicção no triunfo supremo da tequinologia tupiniquim.
Vejam o exemplo da fracassada indústria cinematográfica mundial, que investiu milhões de dólares para que o DVD fosse à prova de cópias – e como se sabe um fedelho de 15 anos quebrou o código de segurança dos disquinhos. (O mesmo nerd quebrou dia desses a proteção do Ipod). Já o Bananão arvorava o feito de ter criado o único, sim, o único sistema de informática do mundo imune a fraudes, e estávamos conversados*.
Não se sabe ainda quem são e quantos anos têm os hereges violadores da sacrossanta urna eletrônica. Espera-se pelo menos que sejam maiores de idade, se é que isso serve de consolo (“Tão vendo? Fraudar nossa urna é só pra gente grande!”)
Fica uma lição para os cardeais do TSE: infalível, meus caros, só o Papa**. E olha que ele falha pra chuchu.
(*) Até agora, minha principal restrição à urna eletrônica era a ausência da tecla FDP (“Féla da Puta”) em claro cerceamento à liberdade de expressão do eleitor.
(**) Modestamente não me incluo na lista, pois meu desempenho sexual não está em discussão.
Ufa! Acabou. Foram embora, picaram a mula. Chávez, Evo, Kirchner, L. Inácio, o exército verde-oliva, todos “los amigos” foram rosetar em outras freguesias (no caso dos sátrapas) ou voltaram à rotina de pintar as paredes da Vila Militar (no caso das tropas de elite). Melhor assim. Com tantas vocações para a lambança concentradas no mesmo perímetro urbano, o bolerão podia desandar a qualquer momento.
De qualquer forma, o Merdosul é uma entidade boiando por aí – e não serve apenas para facilitar a invasão das praias catarinenses pelas hordas de hermanitos ou aquela invernada em conta dos macaquitos em Bariloche. O Merdosul existe e é contagioso, pois até a Venezuela e a Bolívia (que embora Merdo, não são propriamente Sul) embarcaram nessa.
O resultado disso tudo, longe de ser insípido, incolor e inodoro, não poderia ser mais mal-cheiroso. Parafraseando aquele cidadão, Winstão Churchill: “da Patagônia até a Isla Marguerita, com escala na 25 de Março, uma grande cortina de teatro mambembe cerrou-se sobre o continente”. Do sultanato chavista da Venezuela à terra del panelaço, vai se consolidando um novo bloco geo-político-carnavalesco: o Eixo dos Malas.
Só não entendo como este tema ainda não foi aproveitado em nenhuma escola de Samba (ninguém no Brasil pode se considerar plenamente realizado se ainda não virou samba-enredo). Atento a isso, Chavez, com sua habitual presciência (já tem planos até 2020) brilhou dia desses na Sapucaí. Em matéria de propaganda (no sentido e sotaque goebbeliano do termo) Chavez leva vantagem de vários corpos sobre os demais pangarés do blocão.
Mas deixemos a sacanagem de lado: não se pode negar a importância da Integración. Nem que seja a fusão dos bolsões de miséria, do know-how em matéria de paternalismo, demagogia, clientelismo, burrocracia, nepotismo, aparelhamento, coronelismo e fisiologismo. Já que para todos esses produtos típicos da região haverá livre circulação, já que escavaremos uma trincheira comunitária contra a chegada do Séc. XXI, que pelo menos o Brasil deixe gravado nessa guarânia o legado de sua cultura. Se a integración é inevitável, franguita, relaxa e goza. Chavez será o Cabeção, mas o jeitinho brasileño nossa moeda comum.
Esta pièce-de-resistance do mestre do terror Tod Browning – que já dirigira as perversidades de Lon Chaney e no ano anterior consagrara Belão Lugosi em Drácula – é o filme maldito por excelência. Talvez “o” filme maldito. Freaks ficou apenas alguns dias em cartaz – em verdade o mais incrível é que tenha conseguido estrear, e sob o prestigioso selo da MGM.
Monstros foi a grande aposta fracassada do arrojado produtor Irving Thalberg para desbancar do topo das bilheterias as critaturas da rival Universal (algumas que o mesmo Browning ajudara a criar). O fato é que em sua curtíssima temporada o filme sofreu toda sorte de corte, reedição, edulcoramento, protestos das ligas de decência, boicote, censura, até ser considerado um caso perdido pelo chefão da Metro, Louis B. Mayer, e ser despachado para o limbo, arrastando consigo a então prestigiosa carreira do excêntrico Browning.
Mas que se abram as cortinas. O público é avisado logo de cara que não haverá truques. Nada de criaturas mecânicas como em King Kong. Nada de Max Factor, o maquilador oficial de Boris Karloff em A Múmia. Nada de vampiros com pó-de-arroz e batom, lobisomens com apliques, boitatás, chupa-cabras e o diabo a quatro. O inferno é logo aqui, e estamos diante de uma espécie de sucursal do Circo de Horrores do infame P.T. Barnum – e que deixaria o próprio babando. Só com seres reais, “que vivem e respiram”, conforme o apresentador. Mas que, a não ser por alguns acidentes de nascença, poderiam ser como você.
Com o perdão da licença poética, o dream-team escalado para o pesadelo definitivo de Browning era formado pelos maiores astros do meio, a maioria interpretando a si próprios: Um sortimento de anões acondroplásicos e pituitários. Três microcéfalos – duas mulheres e um homem, Schilitzie, travestido para facilitar-lhe a higiene – todos com o crânio um pouco maior que um punho cerrado. Todos retardados mentais. Um homem-esqueleto de deixar no chinelo qualquer anoréxica (se tiver 30 quilos é muito). Na vida real, o valente era casado com uma mulher de 240 quilos, uma jogada de marketing bastante difundida. Uma mulher deformada, com aparência de ave, que dança a caráter na cerimônia de bodas entre os freaks – cena citada por Bertolucci em Os Sonhadores. Um(a) hermafrodita, ainda que não se possa ter muita certeza. Uma mulher barbada, mal-encarada, por sinal grávida – e que vem dar à luz durante o filme. Duas irmãs siamesas fundidas pelo quadril e que têm sempre os mesmos sentimentos. Um altivo homem-tronco, cujo corpo termina abruptamente logo abaixo das costelas; Para rebater, uma mulher sem braços.
E o mais perturbador de todos, um certo Príncipe Randian, o Homem-Lagarta, veterano do staff de Barnum. O príncipe resumia-se a uma cabeça hindu, com forte sotaque (mal dá pra entender sua única fala), unida a um tronco apertado em panos, desprovido de qualquer membro, porém capaz de preparar e acender o próprio cigarrinho de palha, só com a boca (na vida real Randian era mulherengo e tinha filhos).
Em verdade os freaks são os heróis da história. Os sórdidos vilões são os membros “normais” e belos da trupe: a dançarina voluptuosa e o halterofilista cafajeste. A dupla decide aplicar um golpe do baú no anão Hans, herdeiro de uma bolada. É claro que o pequeno otário se empolga com a lábia da beldade e contrai matrimônio, num regabofe onde os demais freaks a aceitam no seio do grupo, brindando: “One of us! One of us!”
Em plena lua-de-mel, a víbora não só aplica um reluzente par de corninhos na testa do marido como começa a envenenar o diminuto cônjuge em doses nada homeopáticas. Até que os freaks descobrem a torpe armação e decidem tirar a história a limpo. Nos letreiros de abertura, Browning já tinha avisado que entre os freaks valia o “mexeu com um, mexeu com todos” (olha aí o universal espírito de corpo).
Na excepcional catarse final, o enfezada trupe persegue a golpista e o amante, sob uma torrencial tempestade elétrica – os corpos, deformados ou não, misturando-se à lama e ao musgo. O halterofilista é trucidado (na versão preliminar, para testes, o biltre era emasculado e terminava seus dias... cantando em falsete!). Já a dançarina leva a pior. É desfigurada e desmembrada pelos freaks e termina “fisicamente” como um deles (“One of us! One of us!”). Convertida numa espécie de mulher-pato, exibida meio que a contragosto, num chiqueiro.
Exploração? Pode ser, ainda que no documentário que acompanha o DVD só a mulher-barbada solte os cachorros contra a produção. Os demais sobreviventes (alguns chegaram até os 80 e poucos anos) encaravam tudo como um job a mais (talvez sem muita opção). Todos eram amigos ou conhecidos de Browning, ele próprio egresso dos picadeiros, mafuás e “sideshows” de antanho. Todos estavam ali talvez não tanto para nos chocar ou nos comover (seria interessante ver a reação de uma platéia contemporânea) mas para expor, através de suas deformidades, a singela moralidade (afinal, é uma fábula) à luz da projeção: os monstros somos nós, do outro lado da jaula.
(Artigo nunca publicado na Cahiers du Cinema)
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Voilá. Agora o saite irá até você, quando bem entender. Eu experimentei e funciona. Infelizmente, não apita.
Os nobres advogados de porta de cadeia que me perdoem... mas cliente VIP, filho da puta e enrolado é muito melhor. Ah, que curtição não deve ser arquitetar uma defesa mirabolante, que doce e bem remunerado exercício de cinismo, que sádico prazer de contorcer as juntas da verdade profunda (aquela que não se pode declarar à Receita) para espremer dali a mais deslavada e esfarrapada desculpa... Tudo isso num esforço supremo para controlar o incontrolável: os movimentos involuntários, instintivos da gargalhada franca diante dos otários.
Meu chapinha, só com muito traquejo, com muitos calos nos dedos de tanto contar dinheiro de honorários (em cash, faz favor) para conseguir declarar à imprensa, olhos nos olhos, numa boa, que “meu cliente é inocente!” – com o dedo em riste e espalhando perdigotos “indiguinados” pela sala. Você não conseguiria. Tente fazer isso no espelho. Diga: “A bispa Sônia é inocente, aleluyah!” E não pense que basta se formar bacharel para conseguir essas proezas. Não, negativo... bacharel até organismos simples como o Ronaldo Tiradentes e o Carrapeta o são. Estamos falando aqui de high-art.
Nota necessária: É claro que minutos depois, no recôndito banheiro do fórum, o advogado, que apesar de tudo é um ser humano, tem um acesso incontrolável de riso, desses de dar pontadas na bexiga. Passa uma água no rosto, e recompõe a fisionomia, mais sério que cu de touro.
Arrependo-me amargamente de minha longínqua deserção da Faculdade de Ciências Jurydicas & Sociaes. Poderia hoje estar defendendo o Procurador Geral de Justiça do Amazonas, Dr. Vicente Cruz, que andou procurando um sicário para matar o candidato rival na eleição interna para Procurador Geral e terminou preso no próprio gabinete, que nem o Arafat. Nas lutas intestinas do Parquet amazonense, dossiês para aniquilar o adversário são coisa do passado. Agora é na base do trabuco mesmo. Se essa moda pega na Câmara...
Aparentemente, o Dr. Vicente amarelou na hora agá e ligou para o Zeca Diabo, em conversa gravada pela, er... “inteligência” da poliça amazonense:
Zeca Diabo: “Mas dotô...”
DV: “Aborta, aborta, aborta!”
ZD: “Mas o pessoar já tá na rua, dotô...”
DV: “Aborta, aborta, aborta. Já chamei outro.”
Coisa mais fácil livrar o Dr. Vicente dessa. Em vez de assassinato, Dr. Vicente encomendou exatamente o que se ouviu: um aborto – que é ligeiramente diferente. Quem há de negar? Se bobear aparece até um “estrupo” ou um anencéfalo na jogada, pra coisa ficar toda legalizadinha. Dr. Vicente é filantropo, bicho.
Tudo bem, advogados do diabo... mas e essa história de que “o pessoal já está na rua”? Muy simples... os médicos aborteiros originais foram demitidos. Tanto é que o Dr. Vicente arremata “já chamei outro”, referindo-se ao profissional recém-contratado (Aparece um zé-mané da Zona Leste enfiado num jaleco e dizendo: “é eu!”)
Ora, esta é a verdade luzidia, auto-evidente, senhores, verdade que em hebraico se escreve EMETH! Não há que se fazer ilações levianas, estrambóticas, motivadas pela intriga solerte da oposição, típica de período eleitoral, senhores, não, não! O nome do meu cliente é VERDADE. Não quereis tirar-lhe abruptamente a letra inicial e transformar-lhe em METH, quem bem sabeis é MORTE, na mesmíssima língua semítica. Meu cliente, senhores, foi, é e será sempre INOCENTE! (*)
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(*) Em off, que ninguém é de ferro: Quáquááquaáááá!!!!!
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É uma arte para iniciados, sem dúvida. Só nos resta torcer para que Márcio Thomaz Bastos guarde para si suas manhas e não saia dando workshops por aí.