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05 fevereiro, 2007

O nosso morto é muito melhor
Por Fran Pacheco

Irmão Paulo* ligou-me naquela manhã, há dez anos, para avisar que tinha morrido. Confessou-se chocado.

Da minha parte a surpresa nem foi tanta, pois sabia que A) FHC, se não fosse um FDP com PHD, poderia ter dito num simples telefonema pros seus meninos da Petrobrás: “podem já parar com essa sacanagem de processo contra o Irmão Paulo, porra!” B) Processo nos EUÁ corre em dólar – você já entra no jogo meio ferrado, o que causa calafrios só de pensar num Márcio Tomás yankee, te cobrando por hora, em bandeira dois. E last but not least C) O cardiologista do Irmão Paulo, sua última linha de defesa, atendia pelo nome de Jesus Cheddar.

Isso mesmo: Jesus Cheddar. Uma mistura dessas, de divindade com queijo, não podia mesmo dar certo – o ataque cardíaco foi inapelável.

“Miztah Kurtz, he dead”, anunciaram os tambores da Botocúndia. A canalha respirou aliviada. A vida de João Kléber e outros imitadores vagabundos ficou mais difícil. A de Jabor e Mainardi, mais fácil. A nossa banda de Ipanema aqui em cima ficou cada vez mais completa.

Como todo vagabond que se preze, eu não peço desculpas por não ter ido no regabofe de domingo (se é que teve), nem ter postado nada em tempo hábil, como fez o bom menino Ruy. Como diria o conselheiro Acácio, dez anos de falecimento só se faz uma vez. Mas no sesquicentenário, quem sabe? E dane-se o mundo constituído. Waaaal.

* Irmão Paulo escrevia uma página inteira às quintas e domingos, na fase áurea deste blogue.