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24 janeiro, 2007

Uma fábula muderna
Por Fran Pacheco

“Meu filho, você já está ficando grandinho, já está com bigodinho e papai quer saber. Diz pra mim: o que você quer ser quando crescer?”
“Quero ser jogador de dominó, papai.”
“Ré, ré... jogador de dominó... sei, mas eu estou falando de profissão, filhão.”
“Jogador de dominó, papai. Já disse.”
“Ahn, eu estou falando sério, meu filho. Quero dizer, que carreira acadêmica você quer seguir? ”
“Quero me especializar em dominó.”
“Ahn... Porra, moleque! Mas que história é essa?! Onde é que você pensa que vai chegar com isso?”
“Bem, papai... se eu só souber jogar dominó, mas jogar pra caramba, e jogar com as pessoas certas... primeiro meus parceiros de mesa vão me nomear Secretário Extraordinário da Prefeitura de Manaus. Depois, Secretário Municipal de Administração, Secretário Municipal de Economia e Finanças, Presidente da Comissão de Licitação da Prefeitura de Manaus, depois Superintendente da Zona Franca de Manaus, Interventor na Prefeitura de Manaus, Vice-Governador do Amazonas, Secretário de Estado de Administração, Secretário de Estado da Fazenda. Aí que caio nas graças do povão e me elejo duas vezes prefeito de Manô e daí viro Ministro dos Transportes. Quem sabe, papai, eu chegue até a Senador da República, que nem meu ídolo. O cabo Pereira. Aliás, Sua Excelência Senador Cabo Pereira, papai.”
“... Eu nunca tinha pensado nisso antes, meu filho...”
“Mais uma coisa, pai... o senhor me ensina a escolher uns tucumãs de primeira pra eu oferecer pros meus parceiros de mesa? Sabe como é, né papai? Tem que fazer o social...”
“É claro, filhão! Joga, joga fora essas apostilas e vamos pro boteco aplicar uns capotes nos vagabundos. Ah, que orgulho eu vou ter de você, meu estadista!”

MORAL: de pedrinha em pedrinha de dominó é que se faz uma terra de muro baixo.