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28 fevereiro, 2005

A Preterida (novo capítulo)
Por Fran Pacheco

Primeiro foi Carolina Dieckermmann no papel de uma retirante nordestina. Depois, Letícia Sabatella como uma sertaneja de minissérie. Vem aí Déborah Secco fazendo uma imigrante ilegal latino-americana sem dinheiro na pochete. Senhores, o que a Globo tem contra Dira Paes?

 

Todo poder emana da Cannabis?
Por Fran Pacheco

Virou rotina presidente confessar em off que já consumiu ganja (ou, gandja, na peculiar pronúncia do apóstolo Marcelo D2). Até THC, digo FHC, em tempos idos, falou sobre uns "tapinhas". E alguém duvida que Aquelle, o dos supusitórios de cocaína, não tenha tangenciado a parada? Os cientistas políticos estão nos devendo um estudo definitivo sobre a relação de maconha e onanismo com o sucesso na política.

 

Manda o infante pra lá
Por Fran Pacheco

Com nossos soldados no Haiti levando bala de gangues, Lula devia aproveitar a expertise de Anthony Garotinho no "combate ao crime" e oferecer-lhe o comando da perigosa missão. Os riscos de vexame seriam mais do que compensados pelo risco que o político da Baixada correria por lá.

 

Divisão de classes
Por Fran Pacheco

Neste Brasil severino, ou você é cavalcanti ou é cavalgado.

 

26 fevereiro, 2005

Se meu baixo clero votasse
Por Fran Pacheco


Noviças rebeldes flagradas em pleno pecado da boca de urna.


O amigo já imaginou se a Igreja Católica em vez de uma teocracia, fosse uma democracia, ou melhor, já que estamos falando de ovelhas: uma ovinocracia? Se o rebanho tivesse conquistado (com procissões históricas) o direito de escolher um novo Papa por sufrágio universal? O pleito poderia se dar pelo sistema brazuca: uma cabeça batizada, um voto. Não importa se o sujeito é crismado, coroinha, tonsado ou carola, se sabe ou não recitar o Credo, se liga djá para o Walter Mercado ou faz despacho, de quando em vez. Batizados em criança, todos seriam iguais perante a sacrossanta urna.

Já pelo american way, a coisa seria um poquito más complicada: o eleitor teria que possuir um green-card bento. Haveria uma espécie de voto paroquial misto, via cartão perfurado, com a escolha de um clero eleitoral, que iria para uma votação indireta diocesiana, que seguiria para a escolha arqui-indireta arquidiocesiana, e assim por diante - até sobrar um felizardo, saudado com um mega-show de fogos de artifício (no lugar daquela fumacinha muxiba) e com o povo cheio de bottoms e bandeirolas, gritando em S. Pedro Square: “We have a Pope!”.

Seja qual fosse o sistema, a barulheira seria grande. A polêmica começaria na distribuição de santinhos. Os candidatos disputariam a tapa a aliança com os ditos-cujos: “Cardeal Noël ganha apoio de S. Nicolau de presente”; “São Sebastião é Cardeal Margarida - por um papado alegre.”; “Candidato Azarão Dom Barrichelotto ganha apoio de S. Judas Tadeu e tem fé na virada”; “Santo Expedito é Enééééas!”. Como, minha senhora? O Enéas? Sim, sim, pelo Direito Canônico, qualquer católico pode ser eleito Sumo Pontífice, basta “ser hômi com pleno uso da razão”. O que, pensando bem, poderia impugnar o barbudo careca. (Além de cortar as asinhas de todas as papisáveis, para cólera das sufragettes: fica para o próximo século, OK?)

Haveria tudo o que uma campanha qualquer tem direito: muito conto do vigário, distribuição eleitoreira de indulgências, tentativas arbitrárias de excomunhão contra adversários, propaganda irregular em campanários, revelação de segredos de sacristia, uso desregrado de Photoshop (até sob a batina) e aquelas vinhetas de TV, com o os candidatos segurando criancinhas e visitando obras de novas igrejas, com o rosto suado de tanto ministério. Além de promessas miraculosas. Pesquisas eleitorais seriam usadas só para “consumo interno”, como segredo de confessionário.

No dia da grande eleição, a segurança em paróquias conturbadas seria garantida pela Guarda Suíça, com trajes medievais e tudo (vale o apoio dos Dragões da Independência). Durante a apuração, não faltariam denúncias de fenômenos como a multiplicação de votos. A Justiça Canônica, no entanto, lavaria as mãos. Ao final das contas, consummatum est.

E quem não gostasse que fosse reclamar ao bispo.


 

25 fevereiro, 2005

Precisão jornalística é isso aí
Por Fran Pacheco

"O Procurador poderá denunciar todos, vários dos 43 indiciados, alguns, ou até mesmo nenhum."
Na coluna de fuxico político "Sim & Não", do Diário Oficial do Município, digo, do Pravda da Prefeitura, digo, do jornal Acrítica. O arremate d'ouro seria completar a frase (que é Conselheiro Acácio puro) com um "ou não".

 

24 fevereiro, 2005

Provocação musical
Por Fran Pacheco

Se, com a superpopulação do planeta, há milhares, talvez milhões de pessoas tocando e compondo música por aí, onde estão os Beethovens, Mozarts, Bachs, Schuberts e Mahlers do nosso tempo?

P.S. Quem vier com Andrew Lloyd Weber eu prendo e arrebento.

 

Questão de demanda
Por Fran Pacheco

No Amazonas, formam-se por ano, quando muito, uns 30 engenheiros florestais, e outros poucos engenheiros de pesca - contra 600 bacharéis em direito. Pergunta-se: falta rio e floresta ou sobra quiproquó?

 

Mala tempora corrunt
Por Fran Pacheco

Ah, que falta um Emile Zola nos faz, para estampar em letras garrafais nos jornais: J'ACCUSE! Teria lenha para uma coluna diária. Ou um blogue, coisa que até eu, que nada sei, consigo fazer. Os grandes caras deviam parar com esse costume de morrer.

 

Trajetória do ilustre desconhecido
Por Fran Pacheco

Era um porra nenhuma. Tornou-se um grandes merdas. Hoje é o famoso quem?

 

Nostalgia 3
Por Fran Pacheco

Quem se lembra do cigarro Vila Rica? Mas a Lei de Gérson é eterna, certo?

 

Agora basta!
Por Fran Pacheco

Cansei de bater na mesma tecla de criticar os políticos. Eles é que não cansam de bater a minha carteira.

 

Causo
Por Fran Pacheco

O deputado Severino Cavalcanti foi visitar um eleitor em sua terra natal.

“Deputado, o sinhô por aqui!”, disse o eleitor, “Se achegue mais. Ó Severino Cavalcanti, meu filho, traga uma cadeira para o deputado.”

“Quanta honra!”, disse o político, todo orgulhoso, “Você batizou o seu filho em minha homenagem?”

“Não, sinhô. O nome dele é João. É que ele anda roubando as frutas dos vizinhos, agora todo mundo só chama ele assim.”

 

Cada país tem a polícia que merece
Por Fran Pacheco

O primeiro-ministro do Japão ficou furioso com a atitude de três policiais que fugiram apavorados, diante das câmeras de TV, de um sujeito enfurecido por ter batido o carro. Será que ele não vê a beleza por trás da cena, aparentemente patética? Não percebe que em seu país reina uma paz tão absoluta que a polícia mal sabe o que fazer diante de um ato de violência?

 

23 fevereiro, 2005

Memórias da Guerra
Por Fran Pacheco

Quando recebeu a notícia da capitulação da França, aos 22 de junho de 1940, Hitler deu um "pulinho de alegria". Além de tudo, era bundão o infeliz.

 

Nostalgia (2)
Por Fran Pacheco

Foi-se o tempo em que pra ser sequestrado você tinha que ter um banco. Ou pelo menos ter dinheiro num banco. Hoje basta estar sentado num banco.

 

Nostalgia (1)
Por Fran Pacheco

Ventanista, aquele gatuno que entrava pelas janelas, é coisa do passado. Perigo hoje é o congressista.

 

Panegírico natalício do Boto
Por Fran Pacheco

Firme como uma pedra nos rins, o senador Gilberto Mestrinho, o eterno Boto Tucuxi (foto), estréia hoje idade nova. Algo em torno de 175 anos não declarados, mas com um corpinho de 99 - e sem pensar noutra coisa que não seja "Puder". Embora mais lenda do que viva (ou seria uma lêndia viva?), o Boto arfeja para chegar ao fim do mandato, que reparte, nas temporadas de UTI, com seu bom companheiro e xará, o argentário Gilberto Miranda (o Tênia). Mesmo estando cientificamente comprovado que o Boto só consegue ganhar eleições com urnas de pano encantadas, as forças políticas rapineiras "tradicionais" do Amazonas ainda o têm em alguma estima. Vide os R$ 5 milhões que embolsou para apoiar Amazonino Mendes na última e malfadada eleição. Vide os flirts com o Governador Eduardo Braga. Gilberto Mestrinho terminará seus dias sendo leiloado como relíquia na Sotheby's, embora seja grande o risco de seus asseclas não entregarem a mercadoria.

É da opinião deste modesto cronista que seres como o Boto e Fidel Castro, em sua provocativa longevidade política, só nos mostram que o avanço da moderna medicina tem seus prós e contras.


 

22 fevereiro, 2005

"Nunca fomos tão felizes"
Por Fran Pacheco

O lucro recorde de bancos como o Itaú anda mexendo com a cabeça das pessoas. Olavo Setúbal acaba de tornar-se PT desde criancinha.

 

21 fevereiro, 2005

As peças que a Evolução nos prega
Por Fran Pacheco

Aproveitemos o dia. Somos peças de museu adiadas. O futuro é digital e nós, analógicos.

 

Provocação do dia
Por Fran Pacheco

"A sociedade não é contra o aumento dos deputados. (...) É evidente que a sociedade quer. Ela está aceitando. Não tem sido é bem esclarecido. Não existe essa coisa de posição contra."
Severino Cavalcanti (PP-PE), numa interpretação sui generis do sentimento geral do povaréu sobre o aumento de R$ 12 mil para R$ 21 mil para os nobres parlamentares. O assustador é que esta mamata trará consigo o aumento proporcional de todos, todos os milhares deputados estaduais e (argh!) vereadores que infestam a Botocúndia. Distribuição da (nossa) renda é isso aí.

 

20 fevereiro, 2005

Na mesa com Arriá
Por Stella Maris - especial para o Club


Salada Grand Royal Transgênera, um dos pratos mais fartos da revolucionária cozinha de Arriá.


Arriá é o maior chef da atualidade. Chegar ao seu lendário restaurante El Buldogue Loco é uma aventura. A orientação precisa que recebemos em Barcelona foi a seguinte: "Dobrem à esquerda duas quadras depois da redação da Guacamole e depois à direita, na altura do Cochabamba. Tomem um ônibus para o aeroporto. Peguem o vôo para o Brasil. Chegando em Manaus ou Iquitos, tanto faz, perguntem."

Tínhamos que correr. O restaurante é exclusivíssimo. Só abre na época da cheia do Uraricoera, e em anos bissextos. E fecha para almoço. Em torno de 20 milhões de pessoas já fizeram reservas, até o ano 2127. Arriá nunca dá entrevistas, exceto quando as concede. Não se arvora o título de "Chef". Modesto, considera-se apenas "um gênio". Paul Bocuse, do L'Auberge du Pont de Colloges, Allain Ducasse, do Alain Ducasse, e outros tops do Guia de Pneus Michelin já foram enxotados do estabelecimento, ao tentar esconder empadinhas nos chapéus. Karl Lagerfeld também foi expulso do recinto, por abanar seu leque roxo durante a sobremesa. Arriá tem fobia de leques roxos.

Chegamos quase na hora de fechar, para desespero dos garçons. "Vão querer o quê?" perguntou o maître, com a cara fechada. "Comer", respondi. (O mau humor dos garçons do El Buldogue Loco é lendário e dizem fazer parte do espetáculo). O maître grunhiu alguma coisa e trinta minutos depois, com nossas gargantas ardendo de sede, nos serviram dois copos d'água. Quentes. "Tem vinho não?", perguntei. "Ainda não inventaram nada capaz de combinar com os pratos de Arriá, dona", resmungou. O garçon jogou em seguida a entrada em nossos pratos (o restaurante de Arriá não tem cardápio, apenas uma sequência de 30 pratos aleatórios). Parecia um grilo cristalizado, emitindo luzes néon e adornado por Geleca. Engolimos sem mastigar. Teve um efeito entre o estupefaciente o estuporante, com direito a flashback.

Adepto da nanotecnologia, Arriá concebe, com a ajuda de nerds, carnavalescos e especialistas em feng-shui, pratos (muito, muuito pequenos) que subvertem todos os conceitos da culinária terrestre. Musses com a consistência de concreto, churrasco gelatinoso e espaguete de chiclê figuram entre suas criações imortais. Imperdível é o pão que explode na boca, importado da Faixa de Gaza. Um prato que só se pode degustar uma vez na vida. Sua pièce de résistance é o croquete de frango que quando mordido canta Cucurrucucu Paloma, com a voz de Caetano Veloso.

Após a degustação, e loucos para encher urgentemente a pança com um X-Bauru, pedimos uma palavrinha com o Chef. Ele estava empanando um megatério, mas nos recebeu gentilmente. Embora autoproclamado catalão, o sotaque de Arriá não deixa dúvidas quanto à sua origem: Mossoró. Sua primeira declaração foi "oxente, já pagaram la cuenta?" Expliquei polidamente que quem tinha que pagar alguma coisa era ele, Arriá, pelo jabaculê de divulgarmos a biboca dele no nosso informativo. Escapamos por pouco do terçado samurai do cozinheiro. Na fuga, ainda gritamos em coro, à distância, o verdadeiro apelido de Arriá: calango vesgo. Pudemos ouvir, bem de longe, o cabra se esgoelando de ódio. Porque - e essa verdade é cristalina - nordestino não gosta de ser apelidado.

Cotação: passável

 

Vai um Exorcismo 2.0 aí?
Por Fran Pacheco


Todo crente, fiel e praticante dos ofícios da informática acredita piamente que a luta entre o Bem e o Mal ecziste - e o lado escuro parece sempre estar um passo à frente dos cordeirinhos de Gates. Ou não somo nós (os do Bem, suponho) que nos vemos obrigados a dar os pulinhos e atualizar semanalmente - às vezes diariamente - o Janelinhas, as vacinas e muralhas de fogo do micro? Do outro lado, as legiões de espâmeres, ráqueres e cráqueres (1) (os do Mal, presumo) se divertindo na masturbação algorítmica de expelir novas pragas.

A Santa Sé, cuja escala de tempo são os séculos, apercebeu-se, em 1958, desta verdade absoluta: Jesus salva, mas o Diabo faz upgrade. E concluiu, em 1999, uma atualização no seu Ritual de Exorcismo - a primeira desde 1614(2). Ou vocês acham que, desde o tempo em que a peruca de Luís XIV ainda estava em vigor, o Tinhoso não aprimorou diuturnamente suas mutretas?

Em primeiro lugar, o Capiroto (não confundir com o ex-governador Amazonino Mendes), deixou de praticar e acabou por esquecer completamente o Latim. Como resultado, imprecações solenes como vade retro! (Vai reto, mas pra trás!) e revertere ad locum tuum! (volta pras tuas bandas!) deixaram de ter efeito. Seria o mesmo que alguém te mandasse comer sabão em Servo-Croata. O máximo que você entenderia seria a entonação raivosa - o que pode ser enganador, como demonstra o Alemão, em que até uma canção de ninar soa como um jab no piloro.

Segundamente(3), tão enferrujado quanto o rito estavam seus raros praticantes. O documentário O Exorcista (The Exorcist), dos anos setentas, mostrava Belzebu fazendo gato, sapato, contorcionismo e sopa de ervilhas na Linda Blair e em dois bananas de batina, Max Von Sydow e - quem era o outro sujeito mesmo? Na película, o Perna-de-Bode não foi, tecnicamente falando, derrotado. Como se diz no boxe, ele cansou de tanto bater - e deu o pira. Foi uma demonstração cabal da necessidade fazer um update no vade-mécum do Exorcista - e ensinar o trabalho duro às novas gerações(4). Ah, claro, sem previsão alguma de intercâmbio com os especialistas da Universal do Reino de Edir. A não ser para fins de dramatização.

Eu, cá no meu ceticismo-critico-agnóstico-não-praticante (e como 3/4 dos brasileiros, filho de Iansã), não acredito nisso - nos vírus de computador, evidentemente. Duvido que essas criaturinhas plantadas no imaginário popular pela McAffee e Norton Inc. possam me fazer qualquer mal. Fico na minha. E, enquanto as letrinhas despencam na tela do meu micro, o demônio de cabelos compridos e rabo fino rodopia no teto do quarto.

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Notas
(1) Como se vê, a única língua que presta para termos de informática é mesmo o Ingrês - a Última Flor do Laço só serve para fins humorísticos.
(2) Foi um bom ano para as ciências: Napier divulgou a descoberta do Logaritmo e foi inaugurada a Universidade de Gröningen. No Bananão, índios caetés defumaram e jantaram Fernão Vieira Toicinho.
(3) Extraído de Odorico Paraguaçu - que Dias Gomes, por sua vez, copypasteou dos tipos de José Cândido de Carvalho.
(4) É o que está fazendo uma prestigiosa Universidade no Vaticano, a Regina Apostolorum (vide linque). Sim, lá cabe mais de uma Universidade.


 

17 fevereiro, 2005

Severino Cacareco?
Por irmão Paulo

“Folha - O que a sua vitória significa?
Severino - Minha vitória mostrou para o governo Lula que a Câmara não está satisfeita. Eu fui o candidato do protesto, para renovar o tratamento entre o governo e a Câmara. Não aceitamos ser subservientes. Seus ministros têm de ter consideração com os nossos parlamentares, que não podem ficar três, quatro, cinco horas nas ante-salas, depois de passar 20 dias mendigando audiências.”
(...)
“Ontem, a assessoria de Severino informou que ele foi chamado por Dirceu às 22h (teve que interromper a entrevista) para uma conversa.”

Conta Elio Gaspari que o finado Geisel, por quem tem nítida adoração por sinal, na busca de evidenciar a importância institucional do cargo de Presidente da Câmara dos Deputados, que pela lógica da ditadura era menos que o de Ministro do Exército, na posse do General Fernando Bethlem, deteve Marco Maciel (que já se ia a prestar a vassalagem habitual) e fez questão de apresentar de chamar o ministro (auxiliar do presidente) e apresenta-lo ao Presidente da Câmara.

Hoje, o que vemos é divertido Severino Cavalcanti, num discurso pra lá de ambíguo, clamando por respeito mas atendendo esdrúxulo chamado de Chefe da Casa Civil. Ora, se Dirceu quer falar com o Presidente da Câmara que vá até ele. Ou não?

No mesmo pé, Severino tasca uma defesa de prorrogação de mandato para Lula e garante que não será empecilho à governabilidade e às pretensões do governo, seu partido por sinal é da “base aliada” e descendente do PDS, sabe o que quer e como ser maleável.

No frigir dos ovos e no final das contas, talvez a presidência de Severino seja mais palatável à Lula, que não se mostra, segundo dizem, com pendores para a punheta congressista. Assim com Severino e seus colegas, basta pagar que a questão está resolvida. Já se que, independetemente do que possa sinceramente achar Severino acerca da prorrogação do mandato presidencial, não será ele empecilho aos planos de reeleição de Lula. Será Severino para Lula o que Petrônio Portela findou sendo para Geisel?

 

16 fevereiro, 2005

Esqueletos da Guerra
Por Fran Pacheco

O fim da 2ª Guerra Mundial vai completar 60 anos. É o mesmo tempo que os remanescentes dos Soldados da Borracha mendigam sua pensão especial de ex-combatente e o direito de desfilar no Sete de Setembro. Lembrando que morreram mais brasileiros na "frente interna" - extraindo látex no inferno verde para o esforço de guerra - do que na Itália.

Presenciei a tentativa de um deles, um pobre-diabo, num juizado federal. Presenciei o desprezo profissional com que o engravatado advogado da União cumpria o seu métier: o de evitar que o Estado pague o que deve - e nem seria muito, o ex-combatente já estava pra lá da prorrogação de sua vida. O fato é que o ancião nunca conseguirá apresentar a penca de documentos exigidos, deteriorados ou perdidos em 60 anos de peregrinação. Ele, que mal sabe escrever, não é páreo para o advogado da União. Ele e seus colegas vão morrer sem ver a cor das merrecas. Um exército de enganados por um Estado estelionatário.

Enquanto isso, o Cony - que sempre morou na Lagoa - recebe uma indenização milionária e uma pensão de 19.000 por mês. Porque foi despedido na época da ditadura verde-oliva. E um sem-número de "companheiros" igualmente prejudicados no emprego estão prestes a receber o seu quinhão, no bolo milionário das "reparações" pelos excessos de Herr Geisel e sua macacada.

A última esperança dos Soldados da Borracha é filiarem-se ao PT - enquanto o PT está podendo.

 

15 fevereiro, 2005

Saudades da Fatos & Fotos
Por Fran Pacheco

Ronaldinho Felômeno torrou 300.000 reais do próprio bolso para desposar extra-oficialmente Daniella Cicarelli e seus lábios pra lá de grandes. Embolsou, em troca, 400.000 Euros pela exclusividade de cobertura da revista Hola, a Caras espanhola. Saiu no lucro, em todos os sentidos. Triste foi ver o Caco Barcellos, um dos mais importantes repórteres da Globo, sendo escalado para cobrir o relevante evento, no escuro e no frio, mendigando no portão do castelo Chantilly por um sorriso de alguma celebridade, até ser afastado com os colegas paparazzi para bem longe dali. Coisas da vida.

Do lado de cá do Atlântico, quem saiu no prejuízo fomos nós, mas em outra festa, para a qual também não fomos convidados: a eleição de Severino Cavalcanti (PP) para Presidente da Câmara dos Deputados. Como o carro-chefe de sua campanha foi o de colocar mais dinheiro no bolso dos colegas deputados, se ele cumprir com a palavra empenhada, a conta sairá salgada. E adivinha quem vai pagar? Aumentando para 19.000 o salário dos nobres parlamentares e para 45.000 reais a verba de gabinete, cada membro da casta eleita passará a custar 20.000 reais a mais para o bolso do público. Por mês. Um prejuízo adicional de 10 milhões de reais. Por mês. Ou 246 milhões de reais, durante os dois anos de mandato do autoproclamado "rei do baixo-clero".

É merreca que quase não cabe no meu ábaco. Por isso não vejo a hora de comprar a Hola com as fotos do casal Ronaldinho. É bom ver, de vez em quando, uma festa paga só com o dinheiro do anfitrião.

P.S. Quanto à eleição no Senado, o prejuízo foi apenas moral: Renan Calheiros, o ex-escudeiro de Fernando Collor, foi aclamado sucessor de Ribamar, mantendo a tradição senatorial de só ter canalhas como presidentes (Jáder e ACM que não me deixam mentir).

 

Ele e o Boto
Por irmão Paulo

Em relação ao Governo Lula, quem está aliado não quer sair e quem está fora quer entrar. Salvo o PMDB que ficou na manha, pra ver se conseguia, como conseguiu!, mais uns pirulitos. Mas, como disse o poetinha da língua e do dedo, quem diz “Vou, não vai, porque quem vai mesmo não diz”. Vai. E o PMDB não apenas não foi, como permaneceu com a Presidência do Senado e com um Ministério torto para Roseasa do Ribamar. Na oposição só mesmo quem não conseguiu uma chance governista, sonha em voltar ao comando (pessedebestas).

O que muito se fala é no ingresso do Governador do Amazonas no PMDB. Se for mesmo, precisa fazer bem feito, entrar por cima para não ser a última vítima do Boto, pois este não perdoa: mata. Vide o que fez a Samuel Hanan que, pretensioso, ficou dando alfinetadas públicas no velho cacique esquecendo que o boto não alfineta, usa logo uma chave de fenda.

Se ingressar nas fileiras peemedebistas, o Governador deve rejuvenescer urgentemente o Diretório Regional, presidido há meio século pelo Boto, estirpando dele a horda de gilbertistas viscerais que o compõe e que, no frigir dos ovos, rezam pela cartilha do cetáceo e que permitiram, ainda recentemente, o mencionado esquartejamento político de Samuel Hanan. Domina o diretório, anotando a inusitada ausência de Gilberto "Taenia Saginata" Miranda: João Thomé Verçosa de M. Raposo (filho), Alberto José Aleixo (aspone), Miguel Capobiango Neto (sobrinho), Roberto Cohen (empregado), Antônio Bentes Pacheco (subalterno), José A Verçosa de M. Raposo (filho), Paulo Renato A. Girardi (sócio escuso) dentre outros, basta investigar no site do partido.

Com um time desses não dá pra brincar. Eduardo Braga não pode repetir o erro de Hanan, neófito e arrogante, que pretendia contrapor-se a Amazonino e ao próprio Gilberto, utilizando-se do partido deste. Gilberto e a Abelha mestra, no final das contas, se entendem bem - sempre se entenderam. Um paga o outro recebe, e vice-versa, e terminam no mesmo barco. Nem que seja para afundar juntos, como na última eleição. Como, sabe-se, as questões com o boto se resolvem na base do cifrão, basta que Braga se disponha a pagar e compre de vez o partido por aqui, com a porteria fechada e com todos os cargos do diretório.

No PPS o governador não fica, sob pena de precisar de culhões de touro para agüentar Roberto Freire a patrulhar-lhe os movimentos. Roberto Freire, como se sabe, tenta urdir, junto com dois outros desocupados (Jefferson e Heloísa) uma trama nacional para oferecer ao pOvo uma candidatura de esquerda. Na verdade, o que essa gente sabe fazer é vender ilusões.

Jefferson Péres é o exemplo acabado do oportunista, aproveitador e ingrato. Colou-se a Eduardo Braga, que deu-lhe casa comida e roupa lavada, viabilizando sua eleição para o Senado e, nem bem aprumou-se em Brasília, tratou-se de vestir-se de oposição para continuar no auto-intitulado papel de pregador no deserto, de dom quixote impotente diante da iniquidade da política, esquecendo-se, ao estilo Itamar Franco, de que como Senador da República não lhe é mais permitido reclamar sem tomar iniciativas práticas. Jefferson não é apenas o Sen. Gafanhoto, é a praga do Egypto inteira.

Eduardo que se cuide, pois há uma horda de insetos rondando sua cadeira e o ataque já tem tempo certo para ocorrer: 2006.

 

13 fevereiro, 2005

Don Thiago na Disneyworld das esquerdas
Por Fran Pacheco

Todos sabem que estou com Thiago de Mello, patrimônio da Amazônia e da Humanidade, e não abro. Perdôo até certos deslizes do bardo de Barreirinha, como o de prestigiar a XIV Feira Internacional do Livro, em Havana. Arremetendo contra as tiranias do mundo, Thiago desejou para George W. Bush "vida longa, e que ele seja internado num hospício!" Aplausos gerais da festiva platéia.

Só não puderam aplaudir, nem estar presentes no convescote literário, artistas como Raul Rivero - considerado o maior poeta cubano vivo - recentemente condenado a 20 anos de cana pelo anfitrião, El Comandante Fidel. Ou o poeta Manuel Vázquez Portal, também condenado por "crimes de consciência". Ou Pedro Juan Gutiérrez - provavelmente o maior escritor em prosa da ilha - cujos livros demolidores são rigorosamente proibidos de circular por lá. Ou Guillermo Cabrera Infante, no além-mar. Ou Reinaldo Arenas, no além-túmulo. Só pra ficar nos nomes famosos e ligados ao "setor livreiro" e não cairmos no apelo fácil de citar as dezenas de presos políticos que lotam os porões do regime mais querido de nuestros viejos intelectuales.

 

Três motivos para não se temer a Coréia do Norte
Por Fran Pacheco

1) O risco de os norte-coreanos se entenderem com a Al-Caída para vender-lhes uma bomba atômica é mínimo. A tradução direta do coreano para o árabe é impossível.
(Nota: e não adianta tentar negociar em inglês. Na Coréia do Norte, por questões patrióticas semelhantes às do Itamaraty, ninguém sabe falar esse dialeto.)

2) Se os comunas coreanos fizerem mísseis com a mesma eficiência com que tocam sua economia, os projéteis explodirão na própria base de lançamento.


3) O ditador-anão da Coréia do Norte, Mao-Tse-Tung Jr., é apenas o Chico César disfarçado.

 
Uma dentro...
"A vida é importante demais para ser discutida a sério."
Oscar Wilde (1854-1900)

... e uma fora
"Há no mundo, no máximo, mercado para cinco computadores."
Thomas Watson, presidente da IBM, em 1943

 

11 fevereiro, 2005

Musas de antanho, hoje e sempre
Por Fran Pacheco

Entre 1898 e 1905, publiquei na prestigiosa Gazeta Anarchista de Manicoré - um jornal sem direção, a rumorosa relação anual das "Certinhas do Fran", com o top-five das mais destacadas beldades da temporada. Consta que quando o jornaleco chegava à Capital Federal, as sessões do Senado, no Palácio Monroe, eram prontamente suspensas. Ruy Barbosa-Barbosa, o marechal Herpes da Fonseca e o dr. Ô Crides! da Cunha, famoso atirador vesgo, eram alguns dos ilustres leitores não-declarados da coluneta. O lançamento se dava em concorrida cerimônia na Manáos Harbour, então propriedade de Charles Albert De'Carli & Sons. A animação dyonisíaca ficava por conta do jovem Zé Celso Martinez Corrêa. Após 20 anos sem pagar a conta da tipografia, do buffet, da claque e dos capoeiras que zelavam pela segurança do evento, tive que encerrar minhas atividades e fugir por uns tempos da praça.


Violetta Bertha-Beauregarde, heptacampeã da coluna. Conheceu tio Fran em mil novecentos e pouco, quando o Piauhy ainda se escrevia assim. Introdutora da massagem cossaca no Brasil (popular "arranca-osso"), acabou por fazer um estrago no ditador Obdúlio Vargas e foi deportada pelo Estado-Novo de volta para a Prússia. Além de musa, atuava como minha guarda-costas pessoal.

Com o advento da mediunidade digital, eis que posso esboçar a retomada daquela saudosa coluna, em grande estilo, com a futura musa do verão no hemisfério norte:

A Certinha do Fran de 2005

Camilla Parker-Bowles, nova Duquesa da Cornualha (é sério). Prodigalizou encantos tais que o futuro Ray Charles de Inglaterra abdicou do Leito de Diana e levou o Império Britânico à broxada final.
(Foto de J.R. Durão).


 

10 fevereiro, 2005

Ato falho do dia
Por Fran Pacheco

"Não sei nem do que estou sendo acusada, quanto mais te dizer se sou inocente."
Larissa Campello esposa do presidente do TRE de Roraima (e não Rorâima, por favor), presa junto com a mamma por desvio de verba pública. A distinta já se considera culpada de tantas coisas que é preciso especificar a falcatrua para ela lembrar se tomou parte ou não.

 

Miniestórias
Por Fran Pacheco

O complô da Máfia, CIA, KGB, Cuba e Ku Klux Klan foi perfeito. Ninguém viu os cinco atiradores que fizeram mira no carro presidencial. Só não contavam que aquele louco, Harvey Lee, fosse atirar primeiro.

***

Certo de que havia algo além daquele mar, o astuto nativo partiu de Honduras em sua pequena embarcação.
Era noite, quando as naus Santa Maria, Pinta e Niña, sempre para Oeste, passaram por cima da casca-de-noz.

***

Olhou para mim com ar de espanto, as orelhas de abano agitadas, e disparou com forte sotaque tcheco: "Meu Deus! Você virou um inseto!"
Mas eu estava absolutamente normal e não pude deter a desabalada correria de Franz.

***

O inglês andava empertigado, de bengala, chapéu-coco e terno branco, quando o caboquinho o puxou pela manga: "O sinhô num sabe? O Ciclo da Borracha já acabou."

 

09 fevereiro, 2005

Carnavalia Finita - de volta aos assuntos sérios
Por Stella Maris - especial para o Club

Big Bang Bródi - eu vejo
A ilha de edição faz o monge. A ilha de edição guia a percepção da platéia (ver teóricos russos / efeito Kurleshov). A edição faz o que quiser Contigo (vide Jornal Nacional after debate Lula vs. Collor). Pouca reality, muito show. Isto posto, te adoooro Bam-Bam!!!

Cumádi Maria - eu vejo também
Não dá para entender por que, tendo uma esposa como Cássia Kiss, Antônio Fagundes precisa de uma amante como Priscila Fantin. Brincadeirinha. Na novela, Priscila Fantinha vive elegantemente enclausurada, sem fazer nada o dia todo, só esperando a hora do já meio vencido Totonho Fagundes carcá-la. Sem um telefone, rádio, Tv ou Internet pra passar o tempo e relaxar a libido. Isso é vida?! A sorte dela é que, por desconhecer todos esses vícios, jamais sentirá falta deles.

Good Morning Teeeehraaan!
Condoolleezza Rice, a dentuça mais perigosa do mundo, começou a soltar umas indiretas para os aiatolás - que não são chegados em discutir seus dogmas fundamentalistas-nucleares. Muito menos com uma pessoa de sobrenome Arroz. Nem limparam a cagada no Iraque, lá vão os yankee-doodles obrar em outra freguesia.

Sucessão papal
Um arcebispo para o outro: "Quem são os melhores papáveis?"
O outro: "Com certeza os meus dois sacristãos!"

 

05 fevereiro, 2005

Muito além de Davós
Por Stella Maris - especial para o Club

Todo ano é o mesmo roteiro antes do carnaval. Baile do Hawaii, Banda da BICA, Fórum Mundial dos manda-chuvas na gélida Montanha Mágica e outro na festiva Botocúndia, com a tchurma de camisinha do Che. Nosso folião-mor, o presidente etílico-viajante é o arroz de festa entre Davôs e Porto Alegre, fazendo sua especialidade: o jogo duplo à base de conversa fiada. Como o resultado prático desses encontros resume-se a "cartas de intenções" sempre extraviadas nel mezzo del camin, só resta um lugar para esquecer as mágoas da globalização: Marquês de Sapucaí.

Mas nem só de temas maçantes - como a nova inquietação social do Bono Vox - vive o pré-carnaval. Noutros quadrantes - antes que a folia comece - rola muita coisa interessante em eventos alternativos e descolados. Confira e agende sua próxima escala de turista militante:

Congresso de Pessoas Altamente Preocupadas com a Saúde
Hipocondríase é parola non grata neste fórum. Pergunte a qualquer um dos presentes, em meio a test-drives em UTI's móveis, degustação de antibióticos, sorteios de clisteres king-size, leituras dramatizadas de bulas, pré-vendas de novos comprimidos anti-morte-súbita e eleição do melhor lugar da cidade para se vomitar: "o senhor é hipocondríaco?"; Resposta: "Não, meu filho. Graças a Deus essa é a única doença que eu não tenho".

Confraternização Global dos Misantropos, Ermitões e Insociáveis Crônicos
Embora tenha tido os ingressos esgotados, ninguém apareceu. Fiasco só comparável ao do Congresso Internacional dos Procrastinadores de 1968, cujos participantes mais afoitos prometem finalmente ir no ano que vem - se tudo conspirar a favor.

Fórum Nacional dos Imitadores de Paulo Francis
Esta espécie em extinção desde a morte precoce do Irmão Paulo mantém acesas as chances de trabalho de qualquer imitador fuleiro como Tom Cavalcante e João Kléber. O que seria dessa raça sem um Maluf, Gil Gomes ou Sílvio Santos para arremedar?

Reunião Secreta dos Grandes Mestres do 171
Oportunidade única para os trouxas e otários que superpovoam o planeta aprenderem as mumunhas da alta malandragem. Ao som interminável da musiquinha do "Golpe de Mestre", workshops sobre toda variedade de expedientes com os safos e bambas. Milhares de curisosos compraram os ingressos pela Internet. E , que supresa - era tudo golpe.

Rodada Intercontinental de Estudos Irrelevantes
Discutir o sexo dos anjos é matéria levada muito a sério nestes acalorados debates sobre "Oceanografia Tibetana", "Urbanismo Cigano", "Geografia do Vaticano", "Posições Tântricas para Abstinentes", "Instituições Revolucionárias" e "Perlocutória da Escatotécnica". A távola-redonda mais aguardada será a polêmica "Se em Sodoma eles praticavam a sodomia, que diabos faziam em Gomorra?"

Bom entrudo para todos os que ficam no Bananão neste feriadão momesco. Eu vou para bem longe do furdunço, num pacato retiro em Tel-Aviv.


 

04 fevereiro, 2005

"Um dia pra gente sofrer
O outro pra desabafar
Eu chorarei amanhã
Hoje o que eu quero é sambar."
(Na voz de Orlando Silva)

 

03 fevereiro, 2005

Ninguém está a salvo
Por Stella Maris - especial para o Club

Deu no NYT. Os mesmos terroristas-insurgentes-rebeldes-bandidos iraquianos que sequestraram o engenheiro brasileiro aprontaram mais uma. Fazendo inveja à Frente de Libertação dos Anões de Jardim, tomaram como refém um boneco chamado "Cody" - vendido nas bases americanas. E o exibiram sob a ameaçadora mira de suas armas, para exigir a libertação de barbudinhos presos e judiados em algum porão dos Marines. Jorge Buxi, como o asno que é, está defecando e andando para o destino do infeliz brinquedo. Sociedades protetoras dos Falcons, Playmobils e Mugs protestaram veementemente. O que aconteceria se uma Mulher de Borracha caísse nas mãos desses radicais tresloucados?

 

01 fevereiro, 2005

O homem semicentenário
Por Fran Pacheco

Ontem passou em brancas nuvens o aniversário do verde Plínio Valério - figura esquecida de um passado recente. Não fossem os outdoors que Plínio mandou espalhar em sua própria homenagem, eu jamais saberia que ele completou "50 anos de vida. Pronto para o Senado". Tudo leva a crer, portanto, que Amazonino Mendes será candidato ao Senado e Plínio, o Beato de Eirunepé, não fugirá ao chamado do cítrico dever, em 2006.

Aqui vão nossos parabéns, ao som do ABBA. Castiga, Agnetha!

"I'm a marionette, just a marionette, pull the string
I'm a marionette, Amazonino's pet, just as long as I sing
I'm a marionette, see my pirouette, round and round
I'm a marionette, I'm a marionette, just a silly old clown."

 

Un Ballo in Maschera Baré
Por Fran Pacheco


É sabido que a ideologia carnavalesca da Secretaria de Cultura do Amazonas tem em mente um só lugar: Veneza. Não à toa, a colombina dos olhos do Secretário é o cenozóico desfile à fantasia do Ideal Clube, uma procissão de garças empalhadas tocada com todo aplomb por Monsieur Roberiô e savoir-faire pelo agitador cultural Arroz.

Homem de esmerada formação clássica, monsieur le secretaire (que ainda se refere ao carnaval como "tríduo momesco") deve guardar as quartas-feiras de cinzas para jejuar, morre de saudades do cordão do Zé Pereira (Séc. XIX), dos corsos, da Chiquinha Gonzaga, das bisnagas e do lança-perfurme Rodouro - e tem aquela ponta de inveja da elegância blasé dos arlequins venezianos (que, cá entre nós, é um porre). Prefere mil vezes um bal-masqué em black-tie, dançado em câmera lenta, com rondós e minuetos, com batalha de rosas em ambiente climatizado, a uma manifestação de rua independente e maluca como, por exemplo, a BICA. Essa lhe causou calafrios.

Para acalmar os ânimos e dar uma força ao baile à fantasia de Le Secretaire e Arroz, aí vai uma lista de sugestões para que as figuras mais expressivas de nossa haute-gomme social entrem de cara, ainda que mascarada, no entrudo carnavalesco:

Dra. Soraya, caso não esteja de resguardo ou sob forte efeito de ansiolíticos, viria de "Miss Piggy, Ligeiramente Prenhe". Adornada por uma camisa de força e por Sabino Castelo Branco, que faria um arrojado mix de Ratinho, Alborghetti, Beira-Mar e Australopitecus. Antônio Cordeiro e Esposa despontariam como a dupla cangaceira "Corisco Rolex & Dadá Daslu". Já Alfredo Nascimento, modesto, acharia a fantasia de Lampião pretensiosa demais para sua limitada capacidade celebral, o que vetaria também a de Forrest Gump. A solução seria pedir a benção a Monteiro Lobato e encarnar o "Jegue Falante". Em quesito originalidade, ninguém barraria Silas RBN Câmara, o braço bíblico do Governador. Vigário Silas desfilaria coberto com sua coleção de CPFs. Omar Aziz, o Turco do Peru e Lupércio Ramos, ex A Hora do Polvo, disputariam a fantasia de "Humbert Humbert". Ou de José Mayer, em Presença de Anita.

Jefferson Peres daria pouco trabalho ao stylist Arroz. Bastaria um par de asas e estaria pronto o "Senador Gafanhotão", voando para a oposição. Artur Bisneto, tendo recusado a fantasia "Príncipe Harry, o Pé-de-Cana de Windsor", viria com a sumária "Gabeira, o Desbunde da Tanga de Tricô", bordada no Ceará. Domingos Chalub desfilaria de "Velho Barreiro" enquanto Félix Valois viria de "Esqueceram de Mim". O delegado Eliseu Montarroyos atacaria de Herodes. Sairia ao lado de seu colega Klinger Costa - este com um pequeno bigodinho embaixo do nariz e com lustroso traje de gala das Waffen SS.

A dupla de humoristas Big & Bang disputaria a tapa para ver quem teria que se contentar com a fantasia de Peter Pan - já que só há uma roupa de Fada Sininho disponível. Tio Adão viria de "Pimentinha, a Sagração da Pakalolo". Ou, com uma simples blusa azul e um lápis sobre a orelha, converteria-se no Armando, do bar. Arlindo Júnior viria mugindo e ruminando, na performance "Boi Barroso". O senador Carlo De'Carli e seu rebento Paolo De'Carli desfilariam inevitavelmente de "Famiglia Soprano Corleoni". Mas o velho senador Vidinha (epíteto cunhado por D. Carla, a esposa) poderia em alusão a peripécias passadas, sair de Nero. Ou de Guttemberg - imprimindo cédulas eleitorais. Ribamar Mittoso, com sirene e tudo, desceria a avenida de "Rádio-Patrulha Ideológica" caçando ex-adeptos de FHC.

O marketeiro Egmerdo Batista, tendo fracassado com sua magia negra na última eleição, viria rebaixado de "Ratazana Mickey, o Aprendiz de Feiticeiro". Ou simplesmente colocaria uma calcinha na cabeça, o que combinaria bem com sua cara de genitália. Estando Gilberto Mestrinho entrevado e João Thomé enrolado, o suplente de suplente de suplente Gilberto Miranda, em tese teria que dar as caras. Mas sua performance de Taenia saginata poderia causar repulsa. Já o Galo Carijó, caído em desgraça, foi rebaixado de Rei Momo (ou melhor, Rei dos Mamadores) para Sancho Pança. Serafim Corrêa finalmente poderia usar óculos escuros e terno preto estilo Men in Black, com carterinha da CIA e os dedos enrijecidos (fazendo skindô, skindô, ora pois!). Amazonino Mendes, combalido (e em plena síndrome de abstinência de tetas públicas), já avisou que não vem, nem de Mancha Negra, Caveira Vermelha, Lex Luthor, Al Capone, Long John Silver, ou de Darth Vader, pelo menos até 2006. Inchado como ele só, não caberia mais dentro da armadura negra do Lord Shit. E não contem com a presença do mitológico "Cadeirudo", da novela A Indomada. Eduardo Braga chegaria atrasado demais ao evento.