Image hosting by Photobucket

31 julho, 2006

O jogo dos sete erros
Por Fran Pacheco

Ou "Por que Amazonino deve usar este cartaz!"

Photobucket - Video and Image Hosting

Cartier, nosso finado colaborador paparazzo baixou no comitê do Negão e quase teve um piripaco ao se deparar com uma sessão interna corporis de contemplação da nova “identidade visual” do Capiroto. Mesmo em estado de choque, nosso destemido “chausser d’images” sacou de sua inseparável Rolleyflex e nos brindou (muy amigo!) com esta imagem que talvez o grande público jamais chegue a ver. Sim, porque incapazes de dizer ao chefe que “o Rei está sem Photoshop!”, os caudatários decidiram vetar, em conciliábulo secreto, o uso de tão... autêntico e cru retrato de Dorian Grey. Vejamos os sete pontos capitais que fazem desta peça um marco do design político:

1) A estética “Homem da Camisa Suada”, já bastante surrada, cede lugar, por força do enquadramento fechado, ao estilo “Cabôco que Não Tem Tempo Nem de Passar Sabão na Cara”. O detalhe da secreção prestes a pingar do nariz é verdadeira pérola do que Cartier chama de “capturar o momento decisivo”. No entanto, a primeira impressão da platéia não foi “oh! Esse aí ganha o pão com o suor da cara”. Antes fosse, pois se dependesse das glândulas sudoríparas e sebáceas para viver, o Coisa Ruim nem precisaria ter recorrido à política como tábua de salvação (e que Salvação!). Seria um pujante pólo exportador de vinagre. Em verdade, entreouviu-se alguns discretos “Vige, que nojo...”, seguidos, evidentemente, do protocolar “Adorei, tá fofo, chefinho!”

2) O cabelo desgrenhado e encanecido em tons de “Pompéia devastada pelo Vesúvio” poderia denotar que “esse sim, é um cara vivido paca”. Mas no caso indica apenas que “o vivaldino nem penteia mais o cabelo, já.” Em matéria de valetes, portanto, Gilberto Mestrinho ainda leva vantagem, pois gozou, no remoto apogeu de três fieis escudeiros capazes até de limpar-lhe a cetácea bunda, se preciso fosse. Sabino, Tiradentes, Cavalcante, habilitai-vos, rapaziada! Antes que um Pé Frio qualquer lhes tome o lugar...

3) A testa um tanto quanto pronunciada rebrilha em tons semi-cadavéricos, denunciando que por ali já correu muita, mas muita toxina botulínica, talvez demais da conta. Agora não tem mais jeito. Nessa terra arrasada talvez só um tratamento experimental com células-tronco para recuperar um quê de mobilidade e expressividade.

4) A boquinha contraída, enigmááática, como diria Hedô, mezzo La Gioconda, mezzo Cesar Romero (ainda o top Coringa). Afinal, ele estaria contendo a iminente explosão de uma gargalhada sardônica? E de quem ele riria, prezado eleitor? Dos lesos? Mas quem são os lesos?... Estaria deglutindo uma tapioca de tucumã (o ponto branco acima do lábio é suor ou resíduo alimentar? Nhg...) servida por algum xerimbabo? Inserida no contexto geral da carranca, parece indicar que ele está apreciando mesmo seu prato predileto, a vingança. Fria e pelas bordas, comme il faut.

5) O olhar diz tudo: esse aí tá armando... As olheiras cavas e o discreto estrabismo são de somenos. O olhar é a janela da alma. Vamos brincar de voyeur e espiar por essa brecha. Tape com as mãos a parte de cima e a de baixo do rosto, deixando somente os olhos do retratado descobertos. Agora, olhos nos olhos. O quê?! Você teve um espasmo e levantou instintivamente os braços? Calma, relaxe, pare de entregar a carteira, pare!

6) A tentativa de se conseguir um flagrante “natural”, não posado, até que daria certo se o Negão não fosse o tremendo canastra que é. O naturalismo alcançado pela moderna dramaturgia televisiva, que atingiu o clímax com a estética da velhota babada, fez com que intérpretes à moda antiga como Mazoca, Boto Tucuxi e mesmo suas metástases como o Cadeirudo soem tão artificiais como um Rodolfo Valentino ou Ramon Novarro fazendo caras e bocas cheios de pancake na cara e rímel nos olhos, num dramalhão de Glória Magadan. O estilo cênico do Capiroto, ainda que eternamente exaltado pelos cupinchas de aluguel, hoje só se adequaria a um Zorra Total ou Hemes & Renato. E olhe lá.

7) Embora não faça parte da carranca em si, o slogan “O Governador de Todos” é emblemático. A rigor não quer dizer nada, mas pode-se intuir a intenção do time de criativos abelhudos em afagar o megalômano ego do Capiroto. Mais modesto era Mané Ribeiro (alguém lembra do portuga?), com seu dístico “O meu Prefeito” – ou seja, só dos pascácios. Amazonino ainda se julga, em seus delírios de puder, o Grande Sátrapa, o Comandante-em-Chefe de todas as almas da província. Mas o slogan valeu pelo “T” maiúsculo, que ao menos tenta levantar o moral dos “todos” sob a possível tutela do Negão (toc toc toc).

Por essas e por outras, lamentamos do fundo do túmulo a iminente defenestração deste precioso material gráfico. Pelo contrário, recomendamos veementemente a sua proliferação. Tão educativo como as desgraças impressas nos maços de cigarros, poderia abrir caminho para uma nova tendência de antimarketing político, revelando os candidatos sem retoques e sem glamour, tal como eles são: nocivos à saúde. Afinal, o caráter de um homem deixa sim, marcas em seu invólucro físico - ainda mais se este caráter vem aprontando das suas por décadas a fio. Sem o embuste da computação gráfica, os lobos em pele de cordeiro parecerão, simplesmente, lobos. Há quem goste.

 

29 julho, 2006

irmão Paulo à la carte II
Por irmão Paulo

Photobucket - Video and Image Hosting

Ricardão
Artur segue firme em sua mania de apelidar os outros. Nas eleições passadas, tascou um ´beato Salú´ nos costados de Plínio Valério. Agora, fazendo-se de defensor do PV, lançou outro que colou imediatamente: candidato Ricardão. Ocorre que Plínio – que não é peteleco, nem beato Salú – também não é candidato Ricardão. Plínio é mesmo o marido traído da eleição, roubando definitivamene o posto do Boto. Corre à boca pequena que o prefeito de Parintins – que é Bi, e daí? – teria fechado as porteiras da câmara municipal e ordenado aos seus vereadores que marchem com o Boto. Tudo a mando do Tucanão.

Defecções Braga declarou, alhures, no auge da outra campanha para o governo, que seria indigno que Gilberto Mestrinho recebe-se, à época, defecções dentro do PMDB. Rola solta nas conversas e colunas, e dou de barato que alguma verdade nisso exista, que Eduardo Braga (PMDB), estaria acendendo uma vela pro Boto e outra pra Mula. Gilberto já mostrou ser um cara legal, quando não bolem com ele. Plínio Coelho, Manuel Ribeiro e Samuel Hanan, que provaram da sanha assassina do cetáceo, são exemplos que não podem ser esquecidos por quem pensa dar pernada no velho.

Defesa Sr. Mendes, postado (de poste) candidamente sobre uma cadeira de plástico, falando a alguns camelôs do centro desta cidade, fez a defesa ardorosa do sr. Castelo Branco e da certeza de que não houve agressão. Castelo Branco, que esteve de passagem no ´evento´, retirou-se antes do término e não pôde ouvir a ardorosa defesa do negão. Assim, de degrau em degrau, o sr. Mendes volta às companhias e ao lugar de onde veio: a sarjeta e o serasa.

Guarnieri Nos 1959, Guarnieri deu um caminho ao beco sem saída do Teatro Brasileiro, no Teatro de Arena, com Eles não usam black-tie. O que havia de novo em cena e um marco na história do Teatro. Guarnieri, segundo a Folha, foi um símbolo cultural. Bem, concluiu sua obra-prima aos vinte e poucos e, waal, tornou-se símbolo. Evoé, companheiro!

Louca Heloisa, a louca, pensa que é gente e se empolga com o resultado das pesquisas de opinião e com a abertura e cobertura recebida do Jornal Nacional. Francamente, não sei o que o populacho que dizer com isso, mas é um risco muito grande colocar uma criatura maníaca e com evidentes transtornos psicológicos. Nada pode nos salvar, estamos entre o clepto-megalomaníaco sapo barbudo, entre o insosso e imprevisível picolé de chuchu e as madeixas estridentes de Heloisa, a louca. Quantas saudades do Enééééas.

Obsessão Lanço, agora, campanha de solidariedade humana: Doe um Prozac pro Buarque. Trata-se, evidentemente, de Cristovam, o triste. Obcecado que anda pelo tema educação, com real possibilidade de tal obsessão decorrer do encosto da entidade Velho Leonel, Cristovam leva às lágrimas seus interlocutores e à loucura os jornalistas com sua monomania. Mogadon Suplicy, com sua renda mínima, perde.

 

27 julho, 2006

Ride, ridentes
Por Fran Pacheco

Photobucket - Video and Image HostingPra quem já viu, como eu, o Expresso da Vitória ganhar tudo entre 45 e 52 (incluindo 5 estaduais, sendo 3 de forma invicta, mais o primeiro título internacional de Clubes para o Brasil em 48), ceder uma lantejoula ao urubu é um cavalheirismo a que só os grandes podem se dar ao luxo. Carpe diem, moçada alegre, enquanto ainda é tempo.

 

26 julho, 2006

Biópsia
Por Fran Pacheco

Eu poderia argumentar que a democracia brasileira ao menos tem o mérito de promover a alternância das quadrilhas no poder, distribuindo desta forma o butim do Estado a todos os que mostrarem “competência eleitoral”. Mas essa tese não vinga com o PMDB à solta por aí. Não importa quem ganhou no passado ou quem ganhe no futuro. Desde que João Baptista saiu trotando pela porta dos fundos do Planalto, o PMDB esteve e vai estar por cima da carne seca. O PMDB encara – anota aí – apoiar até Heloísa Louca, numa grande “coalizão pela salvação nacional”, malgré elle même. Desse jeito, mano, nenhuma regra de “cláusula de barreira” pode ser levada a sério se acabar apenas com a farra dos partidos nanicos. E o PMDB? Haverá alguma quimioterapia eficaz contra o PMDB ou ele se consolidará como nosso verdadeiro mal-du-siècle?


 

25 julho, 2006

Confissões de um eleitor fantasma
Por Fran Pacheco

Então fica combinado assim. Toda vez que faltar assunto vou tirar meu antigo diário do baú. Ou seja, quase sempre, uma vez que estou cadando e angando para o “dia-a-dia dos candidatos” e nem sinal do Arafat aqui em cima para discutirmos quem é o Magoo de Judá que comanda a artilharia de Israel. Tampouco encontrei a reserva do Sharon (mal sinal). Mas quem disse que estou a reclamar? Agradeço a Vargaz – sim, acho que era esse o führreca da ocasião – por ter me livrado há mais de 60 anos de fazer “cobertura política” (embora ainda ache que o DIP tenha usado de força desproporcional). Quanto mais distante essa gente escrota ficar dos meus umbrais, mejor. Ainda mais agora que embarquei numa, digamos, dependência degustatória de certas substâncias “tarja preta” oriundas dos laboratórios Johnny Walker. Mas um dia ainda adquiro a finesse de um irmão Paulo, que há de me explicar que diabos é o tal “halo de evolução discreto” que ele tanto admira ao fitar contre-jour um legítimo tinto terroir. Pra mim isso é coisa de Renato Machadô. Enquanto isso, paciência, vou reciclar na caradura meu stock mofado. Se o menino Millôr, com míseros 80 anos faz isso toda semana, porque eu, que o vi engatinhar no Méier não posso? Mas enquanto hiberno, olho vivo... se algum condestável aprontar alguma por aí, favor me evoquem, que meu espectro puxa a perna do biltre à noitinha. Mas vamos ao que não interessa...


ESTE DIÁRIO PERTENCEU ÀQUELE QUE EM VIDA SE CHAMOU FRAN PACHECO. FAVOR INCINERAR ANTES DE MANUSEAR.


Manáos, 14 de julho de 1894

Confiteor. Mea culpa, mea maxima Culpa. Mas pensando bem... aqui ó, frei zezinho dos inocentes, je ne regrette rien, mas podemos fazer negócio. Indulgência ainda é commodytie? Gostei mesmo foi dessa garrafa de Vin Mariani... 250 mg de coca por litro. Então está explicado. Se até Sua Santidade il Papa Leão XIII (buona gente) faz propaganda... Dizem por aí que aquele intragável xarope de cola americano leva míseros 7mg de coca por litro... Pfui... Mas afinal vamos começar a postar neste diário.

A primeira frase é sempre a mais difícil... “Era uma noite escura e tormentosa”... “Zarita, luz da minha vida, fôgo da minha paixão”... “Me chame de Fran. Pesco baleias e bôtos”.... “Mamãe morreu hoje, acho que vou tomar uma fresca”... “Manáos, merda!”... “Se você quer mesmo saber sôbre a porcaria da minha vida”... “Famílias felizes são tôdas iguais, as penduradas em promissorias é que têm estilo próprio”... “Muitos annos depois, diante do pelotão de fuzilamento, eu, Fran Pacheco haveria de recordar aquela tarde remota em que meu pai me levou para conhecer biblicamente a anã polidáctila.”. “Pelo grito e pelo berro”... Bah, deixo esses intróitos para o verme que primeiro os plagiar.


Manáos, de 26 de outubro de 1899

Preciso organizar melhor meu tempo. Eduardo Ribeiro está cheio de iéias tresloucadas para voltar ao poder e quer meus valiosos palpites em tudo. Folheio os manuscritos do breve relatório do Dr. Euclides da Cunha no front bahiano, com a indicação “prezado Fran, pode reescrever à vontade, mas não demores!”. Deixa comigo, Euclides. Atenção, vou cunhar o termo: neojornalismo. Faço isso em retribuição à calorosa acolhida que a Sra. sua esposa deu-me na Capital Federal, enquanto estavas na Guerra. Já acrescentei umas duzentas páginas de abobrinhas no estilo mais empolado, positivista e sanitarista possível. Coelho Neto e Ruyzinho perdem. Tudo ditado sob o encanto da Fada Verde. Será que vão entender a sutileza da minha, digo, nossa, digo, sua sátira, Euclides?


Recife, 20 de agosto de 1907

Os tremores não passam. A vertigem é intensa. Minhas articulações rangem. O suor é gelado e viscoso. E ainda por cima ácido. Tenho coceiras até no céu da boca. Meus dedos enegrecidos se contraem em posições obscenas. Ao bel prazer. Baratas, milhares, miríades delas, brotam de casulos e inflorescências no teto. E riem, as hediondas canalhinhas! Sem nenhum dente na boca! Um coro mefistofélico: “Merencório! Merencório!” Meu corpo edemaciado é um rebotalho cósmico, aleijão de eras imemoriais, dejeto da Criação. Já devo ter escarrado metade do meu sêr, evacuado dois terços das minhas nauseabundas tripas. Meus olhos estão em vias de afundar no crânio. Temo contemplar os arrebóis pela última vez. Nunca mais misturo rapé de paricá com aquele maldito chá de ayahuasca. Só podia estar passado! Ó Augusto, que cara de satisfação é essa? Pára de tomar nota, rapaz! Toma um fósforo e acende o meu cigarro. Se escapar dessa, escrevo um soneto.


Rio de Janeiro, 07 de abril de 1952

Levo Virgínia pela primeira vez à Vogue. Secretária da Gastal, verdadeiro achado meu, a morena fica encantada. Antônio Maria não menos. O Gordo me cumprimenta, num misto de camaradagem e inveja. Antônio parece estar em pior forma do que eu. Continuamos fiéis ao juramento solene, feito junto com o Vinicius, diante de uns velhotes patéticos que faziam ginástica na praia: nunca, jamais faríamos qualquer exercício (e ainda gritamos “Canalhas! Canalhas!”). Evidentemente Virgínia não se inclui nesta vedação.

A pequena acha que o pau dos homens é duro toda vida. Tirou essa conclusão por experiência própria, de todos os sujeitos que já chegaram perto dela o bastante para conversar, ou para dançar, ou coisa pior.

Quem sou eu para abalar suas convicções?


 

20 julho, 2006

Apologia de um macambúzio
Por Fran Pacheco

Photobucket - Video and Image Hosting

A tristeza de Cristovam Buarque vem me comovendo cada dia mais. Pouca gente sabe, mas Cristovam Buarque, apesar de todo desconsolo estampado no rosto é candidato sim, à Presidência. Aliás, quase ninguém sabe quem diabos é Cristovam. Quase ninguém, portanto, se compadece de sua dor. Fico imaginando os olhares intrigados das gentes pelo Brasilzão afora, quando vêem passar aquela rural do PDT com um pigmeu careca e bochechudo na caçamba (será o Dengoso? será o Soneca?) acenando para os postes e palmeiras. Triste. Muito triste.

Cristovam tem qualidades consideráveis como candidato. A primeira e mais importante é que ele, na melhor das hipóteses, não tem a mínima chance de ser eleito. Imaginem se Lula ou Alquimim tivessem essa qualidade? Não seria o melhor dos mundos?

Outro ponto forte de Cristovam é que pelo visto ninguém o apóia. E isso é bom. Os espíritos mais suínos são sempre os que atraem as maiores legiões, hostes, coortes de parasitas. E se os coisas-ruins já estão com um pé no poder, como o Molusco Nefelibata ou o Cadeirudo Empertigado, então nem se fala. Cristovam, coitado, coitado... é um exército brancaleone de um homem só (ou meio, se considerarmos sua estatura), com poder de fogo zero. Não há como fazer estrago algum.

O permanente estado de prostração de Cristovam também conta pontos. Um poeta (Yeats, Blake, Patativa do Assaré, quem, D. Hedô?) já havia observado que os piores são sempre os mais agitadinhos, os mais passionais. Isso vem de longe, dos jacobinos até Bruno Maranhão. Entreguem a caneta mágica da presidência para Heloisa Louca por um dia pra ver o que ela apronta. (Não me perguntem o que Cristovam faria com a caneta. Talvez ficasse olhando pra ela o dia todo pensando, consegui... consegui... pô... mas como já dissemos, isso é uma impossibilidade absoluta.)

Como ninguém pode ser tão imperfeito como candidato a ponto de só ter qualidades, até Cristovam tem seus podres. O vice, por exemplo. Nada me tira a convicção de que o Senador Gafanhoto só embarcou nessa, ainda que mantendo sua tradicional distância de assuntos práticos, para acrescentar a duvidosa lantejoula de “candidato a vice-alguma-coisa-da-República” ao seu duvidoso currículo. Como se sabe, Lord Gafanhoto atualmente só tem um projeto de vida: demolir o prédio da SUHAB na Praça da Saudade.

Apesar desses deslizes inerentes à animalesca condição humana, Cristovam merece segurar com louvor (e os ombros arqueados pela profunda melancolia) a Lanterna desta disputa inglória. Numa campanha desprovida de tipos bizarros como Herr Enéas & Mr. Mangabeira (que dupla a eleição perdeu!), polarizada entre duas formas distintas de roubar (a tradicional e a petista), com uma neurastênica comendo pelas beiradas, Cristovam, assim como eu, deve estar a se perguntar, joyceanamente: quiéquieutôfazendoaqui?...


 

19 julho, 2006

A Explicação
Por irmão Paulo

Pressionado, o Negão sai do sarcófago
e tenta safar-se da confusão em que
se meteu com o MP e o Judiciário:
"Foi sem querer, querendo..."

 

18 julho, 2006

Uma repartição pra lá de Marrakesh
Por Stella Maris - especial para o Club

“Israel ataca escritório do Hizbollah no Líbano.”
(Reuters)


PROGRAMA PILOTO DE UMA SITCOM A SER VETADA BREVEMENTE PELA AL-JAZEERA.

Uma repartição terrorista como tantas outras no Oriente Médio. As paredes e porta-arquivos decorados com buracos de balas e de morteiros. Pichações em árabe com ofensas intraduzíveis contra o Estado de Israel. Caricaturas grotescas de Bush, Blair, Berlusconi, Zubin Metha e Sharon. Uma foto autografada de Zinedine Zidane. Um poster do Osama, com o dedo apontando pra frente no maior estilo Tio Sam, com a legenda “ME WANT YOU”. Uma foto de um adolescente sorridente, óculos fundo de garrafa, coberto de explosivos e a legenda “DESTAQUE DO MÊS”. O telefone toca. Entra em cena a SECRETÁRIA, envolta numa burka. A CLAQUE pula e aplaude efusivamente dando tapões nas próprias cabeças e rajadas de metralhadora para o alto.

SECRETÁRIA: Escritório do Hizbollah, Nejnam bom diam... sim, meu senhor, Aláh seja louvado também, meu senhor, sim, sim, que cem mil candirus gigantes penetrem nos soldados de Israel. (Olha para a câmera) Que é candiru? Mas sim... Ainda temos vagas para homem-bomba, sim... O senhor tem experiênciam? Como assim, experiênciam? Experiênciam, ora... O senhor se considera um sujeito meio estourado? Ah, isso é bom... Amm, e que o senhor quando era um radical mirim costumava explodir rabo de vira-latas com catolé... Amm, sei, mas eram cães judeus? Já é um começo... Amm... O senhor quer saber qual é o salário? Só um minuto... (Tapa o fone com uma mão) Ô, seu mulá... quanto é que tão pagando mesmo por um estagiário-bomba?

Entra em cena o MULÁ, um clone cuspido e escarrado do Aiatolá Khomeini, espumando pela boca e orando uma ladainha com uma lista telefônica na mão trêmula. A claque feminina vai ao delírio aos gritos de “KHOMEINI DIVINO, TESUDO E GOSTOSÃO!”.

MULÁ (depois de fazer caretas para as fãs, algumas das quais desmaiam): Depende, minha filha... Segundo as Sagradas Tabelas de Preços, louvadas sejam, ordenado pra mártir principiante são duzentas virgens no Paraíso.

SECRETÁRIA: Alô... olha, pra novato são 200 virgens no Paraíso. Como assim, duzentas? Ammm... No tempo do seu detonado pai, que Aláh o tenha, eram 300 dançarinas do ventre pra lá de experientes e que faziam o diabo? Eu sei, mas a coisa tá difícil pra todo mundo, né meu senhor? Ammm... Como assim popozudas? Amm... só um instante... (tapa o fone com uma mão). Ó seu mulá, as meninas lá na sucursal do Paraíso fazem o mártir gemer sem sentir dor?

MULÁ: Depende do que ele ofercer à Divina Sede de Sangue do Sempiterno, louvado seja! Ele quer explodir um ônibus biarticulado lotado ou um lotação vazio? Com quantos quilos de TNT ele se garante? Quantas imprecações contra o maldito Sião ele consegue gritar antes de ir pelos ares? Tem que mostrar eficiência, minha filha! Eficiência perante a Divina Contabilidade do Criador, louvado seja!

SECRETÁRIA: Alô, olha... agora a graça alcançada é conforme a produtividade, sabe? Mas olha, vê lá, hein... tem que explodir pra valer, viu? Não vai aparecer aqui sem as pernas e dizer que o serviço ficou pela metade... Não, pagamento adiantado também não dá. Amm... Então que eu vou fazer no sábado à noite? Eu vou bombar numa missão suicida, já gravei até o meu clip de despedida. Amm... e na sexta? Deixa eu ver na minha agenda...

Uma EXPLOSÃO faz o chão tremer e desabar uma parte do forro. Poeira pra todo lado.

GERENTE: (Saindo esbaforido do W.C.) Pelos Pêlos Pubianos do Profeta, louvado seja! Essa descarga tava com nitroglicerina? Filhos da Grande Prostituta da Babilônia! Não se pode mais nem obrar em paz nesta terra! Esse escritório tá uma zona! De quem é essa banana de dinamite aqui? E essa família embaixo da mesa? Eu já não disse que aqui não é campo de refugiado? E essa cabeça? Quem foi o incompetente que esqueceu essa cabeça de soldado americano aqui? Pelos Gafanhotos Devoradores de Hebreus de Kerastasis! Essa cabeça era pra ter ido ao ar na Al-Jazeera ontem! Vocês fazem idéia de quanto tá custando uma degola de 30 segundos em horário nobre? Vocês querem desmoralizar a nossa causa perante a opinião pública? Amaldiçoados e inférteis sejam até a vigésima geração!

OFFICE-BOY: Dotô, posso saber pra quem é esse sedex-bomba?

GERENTE: Entrega correndo na embaixada do Grande Satã em Tel-Aviv. Antes das 10! E não vai confundir com o quiosque da Secretaria de Turismo do Amazonas, que as bandeiras são todas iguais!

SECRETÁRIA: Escritório do Hizbollah, Nejnam, bom diam... quer falar com quem? A Rajma? Não, meninam, a Rajma não veio trabalhar hoje não. Ainda devem tar catando os pedacinhos dela. Sabe que é? (Confidenciando) Parece que o namorado dela sofria de detonação precoce. Amm.

OFFICE-BOY: Dotô, e esses desenhos engraçados, cheios de magricelas de pijama entrando em fornos crematórios?

GERENTE (todo prosa): Isso aí é minha modesta contribuição pro concurso de charges sobre o Holocausto. Entrega no escritório dos Caricaturistas Mártires de Al-Kartoom.

OFFICE-BOY: São de Shoah de rir, dotô!

SECRETÁRIA: Escritório do Hizbollah, Nejnam, bom diam... é aqui mesmo... quer ser mártir, sei... quer estrear explodindo numa chuva ma-ra-vi-lho-sa de fogos de artifício multicores... sei... a gente tá pagando 200 virgens no Paraíso. É... virgens. Amm... se pode trocar por 200 tuaregues suados e saradões? Acho melhor nem perguntar uma coisa dessas pro seu Mulá... isso aqui é um escritório fundamentalista, viu? O senhor quer o quê? Que a gente se exploda? Com todo prazer, meu senhor!

LOCUTOR: E agora nossos comerciais, numa oferta de Khalil M. Gebara, “elegância na hora de estourar”. Pedreira do Azize, “artigos para intifadas e apedrejamentos em geral”. E Instant Bear, “barba & corpo peludo ao alcance do mártir adolescente.”

Uma sirene de ataque aéreo. A TV sai do ar. Fade off.


 

As razões de Paulo De Carli
Por irmão Paulo

No nascedouro da vocação, ação e obstinação de Paulo De Carli, está a marca indelével e indigesta da disputa pelo porto de Manaus, travada contra os interesses de seu poderoso grupo, que tem manobrado na Zona Franca de Manaus para enriquecer. Extorsão, corrupção, chantagem, tráfico de influência, sonegação fiscal e contrabando são os ingredientes de uma história de escândalos na disputa por um dos melhores negócios da Amazônia.

Por trás de todo o grupo estaria o ex-senador Carlos Alberto De Carli e acima, como se sabe, o Capiroto. Assim como por trás do Paulo De Carli, o Peteleco deste pleito, fala o mesmo Negão.

De Carli estava nos Estados Unidos quando a sujeira veio à tona. De lá, negou tudo, atribuindo a história a uma manobra do governador Eduardo Braga. Após assumir o governo, Braga conseguiu anular o contrato de gestão do porto de Manaus, que considera um dos maiores escândalos do país e no qual o maior beneficiário é o próprio De Carli, que seria o controlador de fato da empresa concessionária como presidente do Conselho Superior de Navegação, Portos e Hidrovias. De Carli, por sinal, ocupou o cargo até abril de 2003, quando foi destituído pelo governador.

No passado, Carlos Alberto De Carli participou de outros imbróglios igualmente vultosos e polêmicos: desapropriação das Fazendas Unidas, no Amazonas; extração de madeira da área do reservatório da hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, pela Agropecuária Capemi; queima de cartório eleitoral etc.; piratização do porto de Manaus etc.

Amazonino Mendes promoveu uma licitação acintosamente viciada, sendo que o juízo responsável pelo caso acolheu as 16 irregularidades apontadas pelo Estado no processo de licitação do porto, dentre as quais: ausência de manifestação prévia do Conselho Nacional de Desestatização; vício na escolha da modalidade de licitação; falta de publicidade mínima de licitação; quebra da impessoalidade, por meio de consulta prévia às empresas que viriam operar o porto; constituição irregular da comissão de licitação; onerosidade excessiva do contrato de arrendamento e acordo de acionistas para o poder público;não apresentação de documentos de seguridade fiscal e qualificação econômico-financeira etc.

A reação do grupo De Carli veio através da fundação do Instituto Amazonense de Defesa da Cidadania (IADC), dirigido por seu filho, Paulo, candidato a governador do Amazonas pelo PDT. O instituto passou a editar o informativo "A Guerrilha da Verdade", com tiragem de 20 mil exemplares, especializado em acusações contra a administração Eduardo Braga.

À época, provocado pelo governo, sob a alegação de que computadores e equipamentos do porto de Manaus estariam sendo utilizados para a elaboração do jornal, o Tribunal de Justiça do Estado concedeu-lhe mandado de busca e apreensão da publicação, suspendendo sua circulação. Eduardo Braga alegou que por trás do informativo estariam "os interesses econômicos de um dos maiores escândalos do dinheiro público neste país".

Os De Carli são tão poderosos e, suponho, pessoalmente tão sedutores que calaram até o Grande Sen. Gafanhoto que, à época, disse não que não iria comentar nada (aliás, comentar é o limite extremo de suas iniciativas) pois tinha "amigos de ambos os lados" e, agora, levar o velho e melancólico Mário a compor na chapa da famiglia, na condição de candidato a Senador, recebendo o beijo da morte que, afinal, mostrou merecer e já vem tarde mesmo.

 

16 julho, 2006

irmão Paulo à la carte
Por irmão Paulo

Outro Quando voltei a assombrar estas plagas, fiquei surpreso ao encontrar Amazonino Mendes, que o ingênuo humor regional apelidou de Mauminino, dono de um jornal que lidera filicida cruzada destinada a provar que Eduardo Braga - Nazi-Fascista, queimador de remédios, Herodes caboclo etc. - é a encarnação de Lúcifer na Terra. Nos bons e velhos tempos de puder, sou informado, o Capiroto não era outro senão Amazonino, hoje vendendo-se cinicamente como o mais virtuoso representante da Congregação Mariana no Amazonas.

Falta Chamou atenção, e não cessa de ser comentado ainda hoje, o tom burlesco da farsa montada para encobrir o fato de que o Sr. Castelo Branco espancou a esposa. Na capa do jornal do Amazonino, arranjaram um bebê para ser beijado pelo casal – no melhor estilo marketing de canoa, enquanto a senhora declarava que seu algoz era, na verdade, uma benção e que as escoriações e hematomas eram fruto da queda que levou, agarrada à porta do carro. Na falta de um Márcio Tomaz Bastos, o lado negro já começa a se perguntar: onde está Félix?

Das antigas Ficou impressionado com a quantidade de dinheiro que Amazonino Mendes tem em espécie, Fran? Durma com esta. Gilberto Mestrinho diz ter 4,6 milhões numa conta corrente. Que conversa é essa de aplicação financeira, ações ou mesmo caderneta poupança? Capiroto Mendes e Boto Sonegador são tradicionalistas, das antigas como se diz, para eles lugar de dinheiro é no bolso, em espécie. Somas, naturalmente, decorrentes de décadas de suadas economias de salários públicos, infinitos dias almoçando e jantando ovo e grande dose de cara-de-pau.

Laranjinhas Passando ao largo dos patrimônios milionários, circulam pipões – se me permitem o modernismo, Alfredo e Artur, este último um franciscano revelado. Alfredo declarou um patrimônio de 500 mil. Naturalmente, esqueceu-se da agência de publicidade, do hospital e do hotel no nordeste, da chouparia, da locadora de vídeo, da clínica de beleza, da fábrica de blokret etc. Nada que não possa ser, no futuro, retificado. Desde que no nosso reto, evidentemente.

Chato Não há nada que me faça respeitar mais um poder constituído que outro – desprezo-os em condições de igualdade absoluta. Inclusive acho que, no final das contas, os poderes não-políticos são infinitamente mais perigosos e gulosos, basta ver o fim do Abdala. Agora, concordemos, ficou chata a falta de resposta do Judiciário e do Ministério Público às arengas do Capiroto, sobretudo depois de alguém ter lembrado que quem cala consente. A não ser, claro, que planejem fazê-lo nos autos dos processos onde o Capiroto for interessado. O que, por baixo e vil, é infinitamente mais interessante.

Atestado Uma guerra que não pode ser ganha não merece ser travada, repete meu amigo Fran. Não se sabe que Einstein-de-manual convenceu Eduardo Braga a pedir direito de resposta ao jornal mais "vendido" do Amazonas. Brigar com os veículos de comunicação é assinar um atestado de burrice. Jornalista é bicho tinhoso e os veículos têm sempre a última palavra, que muito raramente é: sim, senhor.

Notas Firmemente decidido a combater a acídia que me imobiliza, meu amigo Fran Pacheco exortou-me a publicar, todas as segundas-feiras, uma coluna com breves notas sobre os assuntos da semana – deixando as análises profundas para um dia. Bem, aqui estou. Pra quem pensa que escrever notinhas é fácil, digo que com qualidade é dificílimo – vejam as do PF. No passado carnal, houve tempo em que escrevia duas por dia. Minhas costas ficavam em frangalhos.

 

15 julho, 2006

Cotações em Baixa
Por Fran Pacheco

Eu acredito na declaração de bens dos candidatos ao Governo do Estado. Mas não por sofrer da mesma idiotia institucionalizada das ôtoridades fiscais / jurídico / eleitorais, que engolem ex officio a mitomania regulamentar dos postulantes ao puder. Acredito na “verdade alternativa” da candidatalha porque estou a fim de fazer negócio, por meio de algum bastante procurador, tamanha a quantidade de pechinchas apregoadas.

Que tal arrematar a mansão do Amazonino na rua Belorizonte? Sai por R$ 56.669,34, com os tracajás da D. Tarcila de bônus. Ou pelo menos o terreno na mesma área nobre, a R$ 19.048,83 (é pegar ou largar), para fazer, quem sabe, um puxadim. Mas se num provável acaso as verbas vos faltarem, por que não levar o terreno no Tarumã-Açu, por R$ 6.767,00, ou, ainda mais em conta, o de Arraial do Cabo (RJ), que o Negão afirma valer R$ 5.666,94. Eu particularmente sempre sonhei com um bangalô à beira-mar, freqüentado por desinibidas caiçaras, tal e qual um Thiago de Melo em seus saraus poético-priápicos com as caboquinhas na casa de Barreirinha... mas isso são outros viagras.

O Land Rover Capiroto também está em queimação: R$ 18.000,00. Mas convém, antes de fechar negócio, consultar um entusiasta da marca, Silvinho Pereira, para ver se vale a pena. (Negócio é que aquele feladaputa deve cobrar altas taxas pela “consultoria”).

Da minha parte, posso oferecer ao Mauminino um serviço de guarda de valores para proteger do quebranto e mau-olhado os R$ 1.681.640,51 em espécie que há anos ele deve vir cultivando no pomar. Prometo que minha taxa de serviço será menor que a odiosa CPMF. E não farei perguntas.

Quanto a Artur Neto (o pai do Artur Bisneto) o que dizer do Artur? A situação patrimonial deste filho do Instituto Rio Branco é comovente: R$ 78.900,05. Artur é vítima ilustre das circunstâncias e da desastrada política habitacional brasileira. Não tem casa própria. Monge trapista diletante, viveu o que tinha que viver, consumiu o que tinha que consumir. Afirma ter "acumulado", ao longo de mais três décadas de labuta, uma poupança de mil merrecas na Caixa... uma de R$ 348,34 no Banco Ouro e... digito com os dedos embargados de emoção... uma de R$ 10,00 no Banco do Brasil, que ele não vê o dia de sacar para "aproveitar as pequenas coisas vida". O que posso fazer para ajudá-lo? Eu, que não sei organizar um "Live-Aid" ou um "Concerto Para Bangladesh"? Posso tentar fazer negócio com sua BMW, que a R$ 47.800,00 declarados está por preço de ocasião.

Já o pequeno e enfezado Herbert Amazonas Massulo (PSTU) só podia mesmo ser do contra. Em vez de esconder o jogo, nosso indômito carteiro anti-burguês anda supervalorizando o patrimônio. Quem pagaria R$ 2.500,00 por um fusca daqueles, caindo socialistamente aos pedaços? Dou 700 pilas e tamos conversados. E nem vou questionar o fabuloso crescimento patrimonial de Herbert, o Bakunin da ECT, que de R$ 0,00 cravados há dois anos, (e pendurado em R$ 800,00) saltou infinitas vezes por cento! Já deve ter nêgo pensando em CPI...

No que concerne a Paolo De´Carli (PDT), não me arriscaria a fazer negócio (nem a jogar pôquer com um baralho que não fosse meu). É que ando vendo muito "The Sopranos" e revendo aquela trilogia do Francis Ford Cóppula, e... sei não... mesmo do Além prefiro manter uma profilática distância dos assuntos da Família. Fico só imaginando "proposta irrecusável" fizeram para Mário Frota congraçar-se, meio sem graça, com De' Carli, depois de tudo o que a Família lhe fez. Coisas da vida...

E a Diva da Campanha? “Focado” em conquistar (ou arrematar, tanto faz) a simpatia das massas, Sua Cadeirudíssima Excelência, El-Rey Eduardo Braga topa fazer qualquer negócio. Ninguém estranhe que Praga afirme não possuir carro. Primeiramente, negócio dele é vender carros (e viaturas), e não comprar. Segundamente, com tanto caudatário e xerimbabo oferecendo carona pro chefinho, pra que se estressar? É hora pois de aproveitar da generosidade deste self-made-man, só tendo o cuidado de não cair em sua lábia de caixeiro viajante e se tornar mais uma de suas 3.374 cabeças de gado. Comigo não, violão! Negócios, negócios, votos à parte.


 

11 julho, 2006

Lista Negra
Por Fran Pacheco

Num arroubo masoquista, decidi perlustrar a grande relação de candidatos-a-qualquer-coisa divulgada pelo TRE. À parte o riquíssimo sortimento sociopático, não é leitura recomendável para estômagos sensíveis. Dizem que 70% do que os gregos produziram se perdeu, ou seja, dois terços das taras e complexos da humanidade literalmente viraram cinzas do tempo. Mas se um moderno compilador dos desvios desta maldita raça humana resolvesse prender a respiração e compulsar o listão da grande orgia eleitoral de outubro, iria se esbaldar. Tem de um tudo lá: narcovereadores kick-boxers, odontoproxenetas subvencionados, cornodeputados atiradores de faca, açambarcadores luso-teutônicos, rufiões de bancadas, sibaritas gazeteiros, vendilhões do templo midiático, tigres de papel higiênico reusado, anciões emprenhadores de urnas, cabocos e levantinos degustadores de lolitas, corretores de suplências, colecionadores compulsivos de CPF, anencéfalos por convicção, coliformes vestais que se acham o sal da terra, herdeiros com o rei mal digerido na barriga, arrotadores crônicos de bacaba, culpados inúteis e uma grande massa de manobra de paruaras sem-noção, crentes que vão levar alguma nessa barafunda.

Há poucas dúvidas de que os piores dentre os piores triunfarão. A iminente Sagração da Pilantragem só não fará do Amazonas motivo de escárnio perante o resto do Bananão porque o resto anda a flertar com a mesma hecatombe (vide reeleição do Molusco Nefelibata). Enquanto isso é esperar sentado pelo dia utópico em que seja criada uma política de “inclusão moral”, com a adoção de quotas para garantir o acesso, ainda que discreto, das minorias éticas (devem existir) ao esse tal de puder. Se bem que, não... é melhor deixar D. Zilda Arns longe dessas cousas.


 

06 julho, 2006

Como Redigir uma Petição de Miséria
Por Fran Pacheco

Fulustreco Bereberé da Silva, brasileiro confesso, profissão desespero, pequeno produtor autônomo de excrementos, filho de Penúria Chirimóia da Silva e de freguês incerto e não sabido, amasiado em comunhão universal de dívidas com Maria Ninguém Capenga da Silva, grávida contumaz, irresponsável por uma prole de doze bacuris devidamente entregues ao cuidados do deus-dará, quarenta anos de miserê nas costas, baqueado, arriado, regularmente inadimplente, pendurado, protestado, penhorado, liquidado, recém-despejado do Cafundó do Judas, atualmente freqüentando a sarjeta da Rua da Amargura, número zero à esquerda – Paupéria, tendo como dormitório habitual a fila do INSS mais próxima, inscrito na galeria da fama do SPC sob o nº 45JGX54, portador da cédula de indignidade nº 56KRP45/15º DP e de uma carteira de trabalho em perfeito estado de decomposição, devoto de São José-Ninguém, batizado na Capela do Pobre-Diabo, proprietário de 5 (só cinco) dentes, devidamente cariados, 1 (huma) língua de trapo, um par de pés rapados e inchados, um pé de chinelo sem a sola, uma bunda-suja e uma vaca que foi pro brejo, fiel depositário de 256 lombrigas, um circo de pulgas, piolhos e chatos, provedor de uma maternidade de lêndias, curador de seu museu corporal de doenças infecto-contagiosas, mantenedor de um fígado aposentado por invalidez, ganhador de uma mula e uma crista de galo em rifa promovida no bordel Varejeiras de Vênus, formado em Mendicidade pela Universidade Mequetrefe da Pindaíba, de cuja turma foi o anel de couro simbólico, pós-graduado em Bancarrotas, Malogros e Desgraceiras, borra-botas juramentado, especializado em Reciclagem Gastronômica de Restos Alimentícios, aqui devidamente desqualificado vem, por meio desta, muy indigentemente, com uma mão na frente e outra atrás, chorar de barriga vazia às doutas autoridades incompetentes de plantão e derradeiramente suplicar, mendigar, rastejar, pedir...

ARREGO!

N. Termos,
P. Deferimento.

P.S. E aceita uns trocado.


 

03 julho, 2006

Happy Birthday, Mr. Prefident!
Por Fran Pacheco

Norminha não vê a hora de cair de boca no bolo dos Terríveis.

Como diriam os filósofos do futebol, os mesmos que cunharam a paradoxal expressão “jogada de bola parada”: “não é todo dia que se completa 2 anos...” Pois este infame (com muito orgulhôô) espaço mediúnico completa nesta noite abafada, às margens flácidas do Rio Negro, vejam só... dous anos! E eu que quando via aquela colegial de 17 anos (17 pode, Dr. Márcio?) transbordando carnes de sua liliputiana saia azul, indolente, à sombra prazenteira de um Ficus benjamim da Getulio, ah, quando a via se destacando naquele mar de pernas, meus olhos marejavam comovidos, basicamente por dois motivos: 1) Como alguém pode ser tão boa? 2) Como alguém é capaz de ter só 17 anos?! E, ora veja, não é que nosso Club tem ainda menos? Dous anos! Estamos ficando novos, viu, Irmão Paulo, Stella, Hedô, Cecê, Torqua, Cartier, Batatinha...

Nessas horas bate um flexebeque. Lembro, mui vagamente, que no princípio era o Verbo. O grande Papo. O Éter ainda era um conceito muito amplo para ser engarrafado e dar aquele barato no sábado gordo. Quando surgiram as cousas em geral tratamos de consumi-las na maior sofreguidão. Sem limite. Depois veio o Tempo, que é dinheiro, e com o qual tentamos pagar em vão nossas dívidas. Só nos restou o Desbunde e o Desencarne.

Mas que ninguém venha cobrar a conta agora. Nunca enganei vivalma, disso posso me orgulhar. Todos sempre souberam do tratante com que estavam lidando. Quem me vendeu fiado sabia muito bem no que estava se metendo.

Só não fui enterrado como indigente pela caridade de nobres e ricaças senhôras a quem consolei em momentos difíceis, como longas ausências de atarefados maridos. Sobre meu esquife, o lábaro dos Terríveis e a bandeira do Vasco. Sob minha carcaça, bem escondidas, promissórias, recebíveis & moedas podres em geral. E regando aquele campo santo, o pranto dos credores.

Agradeço ao Cesário Camelo pela oratória impecável durante a inumação. Nunca vi alguém mentir tão bem a meu respeito. Ninguém acreditou, podes crer, mas me senti tal e qual Abraão Lincoln em seu velório: morto, mas se achando. Os acepipes árabes no cocktail do velório também estavam o ó do borogodó, viu Hedô?

Do lado de cá pude ver o crescente triunfo das nulidades (e o pequeno Ruy, dizendo em sete idiomas “eu disse! eu disse!”). O que só me fez ficar cada dia mais puto – e Irmão Paulo bem sabe o quanto isso é ruim para um desencarnado. Não deu outra: resolvemos romper o silêncio. As mesas brancas e terreiros de umbanda nunca mais foram os mesmos. Ficou claro que o espaço adequado ainda estava para surgir.

Então se fez a Luz do monitor e levamos algum tempo para entender aquela profusão icônica, a metáfora das Janelas, a Teia de Alcance Mundial, a grande sacada do mouse, que não era a praia do nosso amanuense-mor, Chico Xavier. Irmão Paulo se queixava da falta que lhe fazia o barulho da Olivetti Lettera de estimação (eu atacava de Olympia Traveller). Mas Torquato, sempre ligado nas transas siderais, percebeu ali, naquela zona autônoma, a chance de Ocupar Espaço. E não deu outra. Partimos para a última carga de cavalaria brancaleone da era muderna.

Stella Maris, que anda meio sumida desde que virou encosto do jogador Cristiano Ronaldo, perguntou há 2 anos: “sobreviverá o Club dos Terríveis à eleição de outubro?” Como podes constatar, Stellita, continuamos na trincheira, sim, ainda que na última lona, sem ter no * o que o carcará roa, mas sobrevivemos (espiritualmente, é lógico). Aliás, todos sobreviveram àquele outubro, os que ganharam e os que perderam a eleição. Estão todos ou conspirando, ou nadando no orçamento, esbaldando-se como nunca, explorando os limites deste esporte radical que é jogar o país num abismo cada vez maior.

Deixo aqui consignada nossa eterna gratidão ao Capiroto Mendes & sua Juventude Amazonista, ao desbundado Bisneto, ao Sarafa & seus sarafetes raivosos, ao Beato Salú, ao Governador Cadeirudo, ao Cordeiro, ao Sabino & Soraya, ao Moço do Flog, Bruno Babbaca e a tantas outras aberrações que tornaram tão fácil nosso trabalho de zoar a “zelite” política local. Que bom que vocês voltaram!

É pena que na maioria das gentes ainda não tenha aflorado o dom da mediunidade. Melhor assim, pra mim já está de bom tamanho a Raika ser "a nova cara do Espiritismo", conforme a Época, (coisa mais linda, né não?). Quanto ao resto de vós, os vivos, infelizmente, não poderão curtir a esbórnia programada para o badalar da meia-noite, quando depois de bolinarmos o Frei Fulgêncio (só de sacanagem), promoveremos animada e refinada bacanal nas ruínas do Cabaré Chinelo. (Não vá furar conosco, doce Raika...)

Quero registrar, no estertor deste post, nosso agradecimento aos cinco abnegados leitores e aos seguintes convivas do além-túmulo, que muito gentilmente inspiraram ou cederam (sem saber) volumosa parte dos insights, witticisms e despautérios com que floreamos este vale de lágrimas (rol não exaustivo): Sérgio Porto, Antônio Maria, Barão de Itararé, Leon Eliachar, João do Rio, Henfil, Mendes Fradique, Campos de Carvalho, Zé Trindade, Tarso de Castro, Vinicius de Moraes, Oduvaldo Viana Filho, Groucho Marx, Robert Benchley, S. J. Perelman, George Bernard Shaw, Lenny Bruce, Graham Chapman, Noel Coward, H. L. Mencken, P. G. Woodehouse, Ogden Nash, Ambrose Bierce, Joseph Heller, Evelyn Waugh, Alfred Jarry, Saki, Thomas Nast, George S. Kaufman, Fred Allen, Giovanni Bocaccio, Fran Lebowitz, Harvey Kurtzman, Ernie Kovacs, Richard Pryor, Geoffrey Chaucer, François Rabelais, W. C. Fields, Marty Fedman, William Shakespeare, Buster Keaton, Jonathan Swift, Andy Kaufman, Dorothy Parker, James Thurber, Mark Twain, Bob Hope, Billy Wilder, Oscar Wilde, George Burns, Terry Southern, Hunther Thompson e a turma da velha guarda: Horácio, Petrônio, Apuleio, Juvenal, Aristófanes & Cia. Além, é claro, do maior de todos os criadores de citações: o imortal Anônimo. E, diante de Baco, peço a bênção e um trago!


 

02 julho, 2006

BIAL: “Poeta, o Brasil dói?”

J. CABRAL DE M.NETO “Sei não, meu filho. Não entendi a pergunta.”