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29 junho, 2005

Investimento de risco
Por Fran Pacheco

A Mãe-Rússia é muito mais que a grande jazida mundial de vodca. O negócio agora é exportação de mulher. De tenistas gemebundas a solteiras anônimas, as filhas da pátria de Leão Tolstoi & Lenine querem mesmo é um ocidental para se casar. Há até saites especializados para quem se interessar por uma amélia siberiana:

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Vê-se que são todas muito formosas (diria até gostosas) e louçãs. Mas, a meu ver, trata-se de uma aplicação de excelente retorno a curto prazo, porém temerária no longo prazo. Ao contrário das italianas - que mesmo depois dos 60/70 ainda rendem bellas Sophias Lorens, Ornellas Muttis e Claudias Cardinales - as senhoras eslavas costumam revelar supresas, digamos, heterodoxas, ao entrar nos anos. Quer conferir? Clique aqui.

 

26 junho, 2005

Frases da semana
Por Fran Pacheco

O puder corrompe ou apenas distorce a noção da realidade? Seria o puder um perigoso psicotrópico, causador de dependência químico-financeira-partidária? Abaixo, duas frases lapidares, escolhidas as melhores da semana por ilustrarem esse efeito colateral:

(Menção Desonrosa)


“A saúde pública do Amazonas é a melhor do Brasil e olhe lá se não for a melhor do mundo.” – Wilson Alecrim, Secretário de Saúde do Amazonas e condimento.

Uma frase histórica como essa deveria ser esculpida no átrio de todas as enfermarias e maternidades do bem-aventurado Amazonas. Serviria de supremo consolo aos enfermos barés: “Pára de gemer, caboco, pára de reclamar de boca cheia! No resto do Mundo o atendimento é ainda pior...”


Grand Prix do Júri (Vaia de Ouro)

“Ninguém neste país tem mais autoridade moral e ética do que eu para fazer o que precisa ser feito nesse país.” – Lula, o presidente cefalópode.

Não é todo dia que alguém se autoproclama o maior-brasileiro-vivo. Mesmo assim, quando ele perder o emprego no ano que vem, não vou querer nem para zelador do meu cemitério. Enquanto ele passaria o dia discursando no meio dos enterros (ou viajando para congressos internacionais de zeladores de cemitério), o contrabando de ossos e a cobrança de pedágio por parte dos coveiros-companheiros-camaradas (o “rapinão”) correriam soltos. Vade retro com uma ôtoridade dessas.

 

22 junho, 2005

Orgulho de ser Neandertal
Por Stella Maris - especial para o Club

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Eles estão por aí...

Causou furor e revolta na comunidade paleolítica organizada um série de reportagens veiculadas em importante programa dominical sobre a suposta extinção, há 30 mil anos, dos chamados Homo neandertalensis. “É mentira! É conversa pra mamute dormir! Tamo levando a vida, mano”, garante o presidente do “Movimento Consciência Troglodita”, Haraak Guruuk Mött. Entre uma mordida e outra num pernil cru de rinoceronte, Mött é incisivo em suas críticas contra seus maiores desafetos, os Homo sapiens: “São tudo uns bando duns mané!”

A rixa entre os autoproclamados sapiens – admiradores de poesia e física quântica – e os neandertais – robustos, porém menos dotados de massa cinzenta – vem de longa data. “Essa parada começou na era glacial”, explica Mött. Após chupar as unhas cheias de limo, o ativista denuncia o que considera uma conspiração maquinada pelos pérfidos sapiens para denegrir e excluir a imagem dos neandertais das maravilhas do mundo moderno. “Eles diz que inventaro as sinfonia de Mozárte e outras coisa de pirobo. Mais kem eles pensa que inventou o Heavy Metal? O Punk? O Pagode? O Grunge? Os baile funk? Aí kem bolou o skate e o surfe, mano? A suspensão rebaixada? Yo, kem eles pensa q dirige aquelas picape e moto 500 cc a 200 por hora nas quebrada? Aí kem criou os Gavião da Fiel e a Mancha Verde???”, grunhe Mött, espalhando sua baba num raio de vários metros. Após um longo e medidativo silêncio e uma coçada nas dreadlocks, Mött consegue concluir para si mesmo: “Nóis!”

Perguntado por que os neandertais não assumem sua verdadeira natureza, preferindo se passar por arremedos de Homo sapiens, Mött arrota estrondosamente e pondera: “os mano prefere levar na maciota, é a lei do cão, mais vamo virar esse jogo.” O primeiro passo é acabar com a expressão políticamente incorreta “Homem de Neandertal”. “Nem falar esse troço direito a gente consegue”, queixa-se Mött. Para ele, o correto seria chamá-los de “bródi-descendentes”.

Mas não é só. O engajado brucutu planeja levantar o moral das hordas revelando à sociedade que grandes vultos da Humanidade fazem parte da espécie. “O Chorão”, resfolega Mött, “ele é o porta-voz da nossa geração”. Perguntado se Chorão – crooner do Charles Brown Jr. – seria então um poeta libertário, uma espécie de Bob Dylan cavernoso, Mött coça as pudendas e devolve: “Quem é esse, já?!”

Mött não se aquieta e mostra o esboço de um outdoor com as fotos de Alexandre Frota (“um grande pensador da raça”), Ozzy Osbourne (“verdadeiro poeta e gourmet”), Mike Tyson, Maguila, Vin Diesel, Dolph Lundgren, Sabrina Sato (“nossa musa”), O tetracampeão Dunga, Edmundo, Carlito Tévez, Gil Gomes, Athayde Patresi, O. J. Simpson, Vítor Belfort, Dado Dolabella, Kléber Bam-Bam, Cigano Igor, Gêmeos, João Gordo, Latino, Otávio Mesquita (“apesar de metrossexual, ele é dos nosso”), Muamar Kadafi, Hugo Chávez e o novo xodó dos adoradores da pedra lascada: Príncipe Harry. Isso mesmo, o encrenqueiro herdeiro do trono bretão: “Já chegamo ao poder no 3º Mundo. Agora é a vez da Ingraterra.”, ufana-se Mött, farejando algo de estranho no sovaco.

O objetivo último do “Movimento Orgulho Neandertal” vai muito além de cotas para bródi-descendentes ou desfiles gigantescos, com as hordas copulando a céu aberto, portando livremente clavas e tochas, devorando carne de caça crua e andando, de quando em vez, de quatro. Mött, rindo como uma hiena jurássica (“kkkk”), avisa: “Os sapiens que se cuide. Nóis vai dominar!”. E quem duvida que este seja o futuro da Humanidade?

 

21 junho, 2005

Todo poder às mal-amadas
Por Fran Pacheco

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Fera ferida, a serviço da Pátria, escancarando
de vez os arquivos do maridão.


Celso Pitta já provou do veneno. Chiquinho Scarpa (afe!) que o diga. Woody Allen não achou a menor graça. Agora quem tem seus negócios famigliares postos a nu por aquela com quem uma vez dividiu (ou loteou) o leito, é o sudoríparo presidente do PL, um certo Valdemar Costa Neto.

Atenção, pilantras do mundo: a ex-mulher é uma mulher armada! Já sentenciava W.C. Fields (humorista e toilette) que seu peixe favorito era “uma piranha na banheira de minha ex-mulher”. Os verdadeiros mafiosi, os tradicionais, os de raízes calabresas, sabiam muito bem se precaver da fúria uterina. Al Capone, Lucky Luciano e John Gotti nunca se deram ao luxo de ter ex-mulheres.

O que seria dos grandes líderes se por trás deles houvesse uma grande ex-mulher? Que restaria da reputação de um Napoleão se Josefina, após rumoroso desquite, espalhasse pelas cortes inimigas que “antes de voltar da guerra, Leãozinho me obrigava a passar 3 dias sem tomar banho nem usar desodorante. E eu era... (fazendo um gesto pequeno, bem pequeno, com o polegar e o indicador) parcamente recompensada... vocês me entendem?” Não precisaria nem de Waterloo para liquidar com o pequeno grande homem.

É, Valdemar, pode continuar suando frio, cubra a cara com Sempre-Livre ou uma fralda geriátrica. Sua ex-mulher vai falar tudo. Tudinho. Ah, Valdemar, em vez de chegar em casa tarde da noite com os bolsos abarrotados de mensalão e ir cortando logo a conversa com um “querida, nunca me pergunte sobre o meu trabalho!”, você caiu na besteira de abrir o jogo – e contar vantagem! Bonnie & Clyde, seu pateta, só não se mataram porque levaram uma rajada de balas antes. Vês como foi efêmero o tesão, a depravação causada por aqueles maços de notas de cem (faixinha do Banco Rural) estalando de novas, esparramados na cama, o espelho no teto a duplicar a sua fortuna e a sua desgraça? Agora sua situação Valdemar a pior, com o perdão do trocadilho infame.

O que me entristece é esse imenso recurso natural inexplorado. É preciso incentivar os divórcios rumorosos entre os VIPs. Vamos colocar o serviço secreto (pfui!) brasileiro para trabalhar. Envenenem as relações conjugais dessa gente. Afinal, em quantas mansões de Valdemares, Pittas, Rocha-Matos e quejandos uma ex-mulher em potencial não guarda dentro do toucador, com carinho e com afeto, uma doce vingança por ter sido colocada de fora do grande negócio, ou trocada por uma ninfeta sub-15 ou por um cidadão de Cabo Frio? Já seria um grande consolo saber que os vendilhões da pátria não dormem tão tranquilos assim, pensando no que aquela senhora roncando ao lado seria um dia capaz de aprontar.

 

17 junho, 2005

Carlos Henrique Gouveia de Mello
Por irmão Paulo

Image hosted by Photobucket.comEis que surge, após a queda de Dirceu, ao contrário do que o folclore petista buscou pregar, uma bela manhã de sol. Exatamente o que aconteceu quando da inoperância do conhecido líder comunista.

José Dirceu ou Carlos Henrique Gouveia de Mello é, sem dúvida, um ressentido. Ressentido do Brasil, do povo miserável que o deixou ser exilado, das pessoas, de si mesmo. Anos de vida dupla, um casamento profissionalmente urdido - com uma jovem que sequer sabia com quem estava casando - só podem produzir muito ressentimento e rancor.

Dirceu também é, certamente, fervoroso em seus ideais. Só alguém muito convicto e com certeza absoluta da excelência e correção (superioridade?) das idéias que defende é capaz de fazer o que Dirceu fez. Quem muda o nariz, muda o nome e se casa por fingimento é capaz de executar qualquer plano e de urdir qualquer estratégia, por mais escabrosa que possa parecer.

De certo ponto de vista, juvenil que seja, não deixa de ser admirável a entrega de um homem a uma causa que julga justa. Assim, Dirceu continua governo, pois a Causa é maior que o governo Lula e que o próprio PT. A certeza, entretanto, pode conduzir a uma conduta totalitária, onde os fins (axiomaticamente bons) justificam os meios. Foda é se os fins não forem assim tão bons e justos. Afinal, para citar outro homem que dedicou a vida a uma causa, Dr. Gouveia não é Gandhi.

 

16 junho, 2005

Tio Fran, o que é o Bloomsday?
Por Fran Pacheco

É uma festa junina com Ph.D.

 

15 junho, 2005

Carta-Testamento
Por Fran Pacheco

"Se eu ganhasse a Presidência para fazer o mesmo que o Fernando Henrique Cardoso está fazendo, preferiria que Deus me tirasse a vida antes, pra não passar vergonha. Porque, sabe o que acontece? Tem muita gente que tem o direito de mentir, o direito de enganar. Eu não tenho. Há uma coisa que tenho como sagrada: é não perder o direito de olhar nos olhos de meus companheiros e de dormir com a consciência tranqüila de que a gente é capaz de cumprir cada palavra que a gente assume."
Seu Luís Inácio, no longínquo novembro de 2000.

Deus é pai e não tira a vida de ninguém, presidente. Portanto, cabe somente a V. Exa. escolher: haraquiri? Estricnina? Tiro getuliano no peito? Ou será apenas uma "morte política"?

 

14 junho, 2005

Em busca do tempo perdido
Por Fran Pacheco

Está mais do que na hora de passar este país a limpo. Então comecemos, mas do começo! CPI do Pau-Brasil. O que aconteceu com o pau-pátrio? Alguém acredita mesmo que todas aquelas gigantescas remessas de toras para o estrangeiro viraram tintura e arcos de violino? E o escândalo dos mega-latifúndios, vulgo Capitanias Hereditárias? Houve licitação? Consultaram Araribóia? Ou foi pura grilagem? Mas temos que ir mais fundo, cortar na carne e apurar de uma vez por todas se houve ou não houve nepotismo ou favorecimento ilícito na carta de Pêro Vaz Caminha. E mais: houve negociata em Tordesilhas? Como Espanha e Portugal repartiram entre si a Terra sem apresentarem o testamento de Adão? Quem o extraviou e por quê? E a mãe de todas as CPIs, a do Cabral? Como alguém pôde ser tão incompetente? Aí tem. O gajo foi o pior navegador de todos os tempos – quis chegar à Índia e veio parar aqui (logo aqui!), no Pindorama, cortando o nosso barato. Ah, senhores, às vezes, meu DNA mezzo tamoio, mezzo nagô e mezzo trasmontano (peraí, três metades, ó pá?), latejando em minhas células roga pragas ao Pedrálvares, por ele não ter sido barbeiro o bastante. Devia ter errado ainda mais o alvo. Antes tivesse descoberto a Argentina! Quinhentos anos de azar seriam todos de nuestros hermanos.

 

Será o fim da República?
Por Fran Pacheco

Crises não derrubam a República do Bananão. Pelo contrário. Ela nasceu e se alimenta de crises - e eventualmente muda de nome: da "República da Espada" à "República do Mensalão". A República é um grande rio, como o nosso Rio Negro, que ano após ano recebe toneladas e toneladas de bosta in natura, mas segue, generoso e sem pressa, o seu curso secular – cada vez mais negro, cada vez mais fétido, é verdade.

 

10 junho, 2005

É na baixa que se deve comprar
Por Fran Pacheco

Em Brasília não se diz apoio. Diz-se "apoiamento". Talvez um traço cultural herdado do cangaço. Mas o fato é que essa mercadoria, o apoiamento, está cada vez mais em conta. O escândalo do mensalão na verdade revelou um crash na cotação da honra dos deputados. Hoje está em 30 mil merrecas. O PT, que em matéria de grana não é besta, apenas aproveitou a baixa para comprar. Já custou mais, e os tucanos sabem muito bem. Em 97, para apoiar a reeleição de Efeagacê (o pavão da Sorbonne) e dos governadores o tal apoiamento saia por 200 mil pilas. A desvalorização em apenas 8 anos foi de 85%. Mas o preço ainda está inflacionado. No meu tempo, estrume nem sequer tinha valor.

Pra quem tem memória curta, clique aqui, aqui, ou aqui.

 

09 junho, 2005

De Gargantas e Bocetas
Por Fran Pacheco

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Linda & Louise prontas para abalar as estruturas do poder.

Pra início de conversa, ruborizadas senhorinhas, boceta vem do provençal boiseta e ainda conserva em Portugal e alhures o castiço significado de “caixinha” – mormente aquela que se usa para cheirar rapé. Mas ninguém aqui cogita de fungar o rapé da boceta de ninguém, embora o assunto em tela seja sacanagem – sem se recorrer ao humor fácil (ou de vida fácil?).

Foi a mitológica, arquetípica e criada do barro Pandora (“a mulher de todos os dons”), em tempos imemoriais, habitados por gregos, quem primeiro abriu sua caixinha de maldades, liberando todas as desgraças do mundo. Deu no que deu. A “Boceta de Pandora” tantas fez que caiu na boca do povo, na peça de Wedekind, na ópera de Berg e na tela do cinema, em diversas encarnações, sendo a de Pabst (estrelada por Louise Brooks e seu inesquecível channel) até hoje a versão standard no inconsciente coletivo cinéfilo.

Do cinema veio outro mito que paira sobre o cenário político atual: a “Garganta Profunda”. Como sabem as calejadas mãos dos scholars da ars pornographica, a angelical Garganta (encarnada pela desinibida Linda Lovelace no clássico de 1972), certa feita descobriu que tinha o clitóris no lugar da úvula (aquele pinguelo nas entrada da garganta). Nota pertinente: que fique estabelecido d’uma vez por todas que é clitóris e não clítoris. Independente do tamanho.

A descoberta da mutação marota fez com que La Lovelace colocasse a boca no mundo (ou todo mundo na boca, melhor dizendo), inspirando os jornalistas do NYT, Bob Redford e o pequeno Dustin Hofmann (vulgo Tootsie) a batizarem seu alcagüete de Garganta Profunda, no escândalo sexual conhecido como “Todos os Homens do Presidente”. (O absinto bateu. Faço as correções factuais outro dia.)

Trazendo a mitologia greco-noviorquina para o lado de cá do Equador, fica evidente que a Pátria deve muito aos e às Gargantas. Seja o irmão aluado que num surto contou tudo sobre o presidente collorido; o motorista que expôs as misteriosas idas e vindas na Casa da Dinda; o alto funcionário tarado - preso por matar a esposa - que entregou os Anões do Orçamento; a ex-mulher rancorosa que passou o serviço sobre o prefeito Pitta, ou o ex-genro que revelou a todos as milionárias peripécias do Juiz Lalau. Um panteão de tipos díspares, abarcando todo o espectro do caráter humano.

O problema é que essa é uma profissão de risco e sem estímulo – exceto uns tapinhas nas costas, se o Garganta tiver sorte. Mais provável é ter a goela cortada. Vejam nosso último e lapidar exemplo. Em vez de investigar o esquema de corrupção nos Correios, o que a polícia fez? Empenhou toda sua inteligência(?) para caçar e prender o quarteto que filmou e divulgou o vídeo do funcionário recebendo propina e explicando os detalhes do grande esquema do PTB. Importante: o funcionário não foi preso.

Depois dessa, que estímulo terão os futuros Gargantas, para filmarem as negociatas com suas maravilhosas micro-câmeras? Práticas como essa não devem ser combatidas, devem ser estimuladas. Do contrário, a corrupção continuará rolando, de qualquer forma, e sem qualquer registro histórico. Melhor que tudo seja cuidadosamente gravado, por quem dá e por quem recebe – e que mais cedo ou mais tarde, durante alguma divergência, uns divulguem as imagens contra os outros e se comam vivos.

Somente com muita prática os meros Gargantas serão promovidos a Pandoras, com suas caixinhas de maldades abarrotadas de fitas VHS, cassetes de ligações grampeadas, memorandos comprometedores, comprovantes de tranferências, depósitos e aberturas de contas no estrangeiro, e o filé-mignon, os robustos dossiês contra seus pares. Quanto maior a little box, maior o estrago.

Roberto Vermeson é a Pandora do ano. Será que, quando sua garganta funcionar (ele anda se aquecendo, cantando “Com Ti Partirei”) baixaremos mais fundo rumo à infâmia absoluta? Já baixamos, senhores. Só não sabemos quantos andares. Saberemos quando, em plena audiência pública, Robertão abrir a boceta.

***

P.S. Tanto Linda como Louise já deixaram o mundo fenomênico para trás. Sorte a minha. Com licença, que eu vou cheirar rapé.

 

08 junho, 2005

Amostra grátis
Por Fran Pacheco

Não há nada pior do que a Argentina ganhar uma partida contra a Seleção Canarinho. É uma das maiores dores que um brasileiro pode sentir. Pior do que chute na canela (dói, mas passa logo). Pior do que a nevralgia do trigêmeo (dói e não passa). Pior do que uma amputação (um golpe mutilante não dói, só arde um pouco).

Roberto Jefferson sabe disso.

E a goleada aconteceu no mesmo dia em que ele prometeu abrir sua "caixinha de maldades"... Tudo se encaixa. A ópera que Jefferson cantou misteriosamente em seu apartamento não era ópera. Era tango. O homem é poderoso... Só me resta sentir medo...

 

07 junho, 2005

Drops de lama
Por Fran Pacheco

O Grande Expurgo
Fim de linha. As denúncias são graves e põem em cheque todo o "capital político e moral" do Governo - e o naco de credibilidade que restava ao Congresso. Se, como se apregoa, será tudo investigado até as últimas consequências, então a limpeza ética será ampla e irrestrita. Em outras palavras: Roberto Jefferson vai rodar.

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O apogeu da decadência
Roberto Vermeson enfim tem sua carreira premiada com uma cadeira cativa no epicentro do tsunami de lama. Décadas de labuta dedicada à canalhice, enfim laureadas com as manchetes policialescas, e o nome tornado commodity na boca do povo. Que mais há de se querer? De líder da tropa de choque de Cheirando Collor de Mello, a pivô do Mensalão, vemos aqui muito mais do que uma nova lantejoula em seu currículo. Roberto Vermeson, um dos mais robustos livros negros da democracia brasileira, finalmente vai virar marchinha de carnaval.

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Ou nos locupletamos todos...

Alguns parlamentares do PT estão revoltados, repassados de indignação.Não só apoiaram o Governo todo esse tempo sem receber o cobiçado "mensalão", como pagaram religiosamente o mico, digo "dízimo" de 20% de seus salários para o caixa do "partido da ética".

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Demonstração matemática da cousa
Na votação que deu status de Ministro de Estado ao controvertido presidente do banco Central, apenas 1 deputado do PL e 3 do PP votaram contra o Governo petista. Já na bancada do PT, 23 deputados votaram contra o Governo. Os números não mentem. Só o "mensalão" explica por que PL e PP conseguem ser mais petistas que o próprio PT.

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Tutti buoni genti

"Só gente boa entra no PL!"
Waldemar Costa Neto, presidente do PL e irônico inverterado, explicando como a bancada do partido que recebia mensalão inflou de 33 para 53 elementos durante o atual gobierno.

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Monotonia
Está insuportável ler os artigos políticos dos jornais. Não aguento o marasmo das unanimidades. Quando surgirá uma alma penada para publicar um artigo (ou post) em defesa do Governo? Vou continuar procurando com minha lanterna. Tenho muitos cascudos para distribuir.

 

05 junho, 2005

Sabedoria do Além (LXXXVIII)
Por Fran Pacheco

"Humorismo é a arte de fazer cócegas no raciocínio dos outros. Há duas espécies de humorismo: o trágico e o cômico. O trágico é o que não consegue fazer rir; o cômico é o que é verdadeiramente trágico para se fazer. "
Leon Eliachar (1922-1987), um humorista "cairoca" (nasceu no Cairo).

 

Primeiras Leituras
Por irmão Paulo

copidescado por Fran Pacheco

Fran Pacheco garante que gostou. Pela primeira vez levou mais de cinco minutos a ler um jornal dominical local. Também, pudera, com tantos profissionais, preparando a primeira edição há tanto tempo, esse Correio tinha que sair direitinho.

Mas também não foi tanto assim, para um jornal que pretende ser "um coração pulsante no Brasil" e marcar, ou mudar, a história do jornalismo no Amazonas. Para alguém que comprou o diploma de segundo grau e formou-se nas Faculdades Nilton Lins, sabe-se lá a que preço, o agora tornado Diretor-Presidente, Ronaldo Tiradentes, foi longe demais. Com toda ambigüidade da expressão. O segredo dele, dizem as más linguas, é saber pôr, como ninguém, pasta na escova de dentes de um certo senhor.

Prosseguindo na farsa, o ex-ex-ex-governador Amazonino Mendes compõe o Conselho Editorial. Mas sua condição de proprietário foi revelada pela colunista Betsy Bell, em sua tentativa de explicar o que só é explicável pelo dinheiro: uma profissional de gabarito aceitando um convite para trabalhar e ser regiamente remunerada. Agora, daí a dizer que o homem "não morde" (metáfora), como a dizer que é bom sujeito, é escárnio. Primeiro de si, depois de nós. Trabalhe pra ele, mesmo que ele não preste, apenas pelo dinheiro e está tudo explicado.

Amazonino foi citado várias vezes, sempre como tri-governador. Apenas Orlando Farias, o mestre Ravengar do fuxico e da anti-notícia, que também bate ponto no novo diário citou o chefe como "ex-governador três vezes". Volitando por aí, já ouvi mais de um pensamento de que agora, assinando a coluna, o jornalista irá moderar sua pena. Quem viver, verá.

Evidentemente, tenho de reconhecer, há qualidade jornalística nessa primeira edição. O fato do jornal pertencer a Amazonino, mesmo que enredado na tradicional teia de testas-de-ferro, embora possibilite boas piadas, não chega a ser absurdo. Afinal, se gente como os Calderaro e os Garcia pode ter seu jornal, que dirá gente como Amazonino, certamente um exemplar evoluído da raça. Aguardemos.

Fran Pacheco, se achares que fui demais, corta.

 

04 junho, 2005

Ultra-sonografia de uma administração
Por Fran Pacheco

“Meus parabéns! A senhora está com um escândalo. E ele está prestes a vir à luz.”
“O quê, doutor?!”
“Um escândalo. E dos grandes. Veja aqui no monitor. Olha como ele se agita quando alguém tenta chegar perto. Como se avisasse: chega pra lá, essa mamata é minha!
“Isso aí está dentro de mim?”
“E já faz um bom tempo. Acontece nas melhores repartições, minha senhora. Não se preocupe. Quando ele vier à baila, ganhará manchetes garrafais nos jornais. A senhora ficará famosa.”
“Mas o que meu patrão vai dizer, doutor? Ele não sabe de nada.”
“Seu patrão, aquele zé-povinho? Ele nunca sabe de nada, é de praxe. Mas será por pouco tempo. Logo, logo, a bolsa estoura.”
“Não tem como empurrar com a barriga?”
“Isso só vai fazer o escândalo ficar maior. Veja só o tamanho dele, veja como move o gordo polegarzinho como se contasse dinheiro vivo. E pensar que há alguns meses ele era apenas um pequenino descalabro, que foi crescendo, sugando recursos, virou um esquema, foi crescendo...”
“Doutor, não temos como... o senhor sabe... e se eu não quiser ter... eu não quero dar palanque para a oposição, sabe? Não tem como...”
“Abortar? Não me fale uma coisa dessas, minha senhora! Logo a senhora, que sempre foi contra o aborto de escândalos?”
“Virei a casaca, doutor. Sabe como é. Aquele palácio da Alvorada mexe com a nossa cabeça, abre nossas idéias...”
“É impossível abortar um escândalo. O máximo que uma cirurgia de abafa poderia fazer seria congelá-lo novamente, como um descalabro. E conservá-lo assim, indefinidamente, dentro de algum órgão público. Mas tudo isso tem um preço.”
“Quanto, doutor? Pode falar!”
“Quanta verba de emendas parlamentares a senhora tem à disposição?”
“Toda, doutor! Toda! Tudo que o senhor quiser.”
“Cinco por cento. Cinquinho. Já está de bom tamanho.”
“Cinco? Fechado, doutor!”
“E tem uns sobrinhos meus, calouros da faculdade, que gostariam de um cargo no alto escalão.”
“Tudo bem, tudo bem. Mas vamos logo com isso, doutor!”
“E uma namorada de dezessete aninhos que é lôquinha pra ser diretora de autarquia. Mas isso fica só entre nós, certo? Se minha mulher descobre, vai querer mamar também.”
“Certo, certo, doutor! Pode abafar, que eu tenho que viajar amanhã.”
“Então vamos lá... Escancare bem as pernas... Maldição!”
“O que foi, Doutor?”
“O ultrassom. Estava grampeado.”
“O quê! Como? Por quem, doutor?”
“Por quem eu não sei. Só sei que a senhora vai ter um parto prematuro.”

 

01 junho, 2005

Curtain
Por irmão Paulo

Image hosted by Photobucket.comÉ o título original de um romance de Agatha Christie, que narra o último caso de Hercule Poirot, traduzido para o português como Cai o pano. Mas que também poderia ser Fecham-se as cortinas.

Título interessante para texto que se propõe a saudar a chegada do Correio Amazonense, altivo e "imparcial", diário que seria de propriedade escancarada de Amazonino Mendes, que conseguiu erguê-lo economizando sua remuneração e aposentadoria de tri-governador, certamente.

O vil metal, no caso, pelo que dizem muito, porém ainda assim vil, atraiu profissionais de todos os matizes para juntarem-se nessa cruzada independente. Será, certamente, um jornal crítico, afinal o mecenas dessa turma é oposição em todos os níveis.

A velha graça e maledicência, digo, malemolência, de Betsy Bell passará a enfeitar as novas páginas do Correio Africano. A lente privilegiada de Alberto César, inocentemente, focalizará imagens surpreendentes que serão habilmente utilizadas para tematizar sessões e induzir conclusões. O poeta que alçou vôo no Festival de Poesia emprestará suas asas para envernizar de música o ronco dos estômagos famintos dos donos. Ah!, pudera eu também estar vivo para entrar nessa dança. Tudo por algumas merrecas a mais.

Ocorre, senhores do Sinédrio, que jornal é um investimento de longo tempo e tempo é a única coisa de que não dispõe Amazonino, seja pela proximidade das eleições, seja pela proximidade evidente d'A Indesejada. O Diário do Amazonas levou 20 anos para ser o mais vendido, isso lembrando que o atavismo do leitor faz da Crítica, ainda hoje, o mais lido, disparado, aos domingos. Mas isso não quer dizer mais muita coisa. O Correio não servirá para a eleição do ano que vem e, pelo nível dos envolvidos, pode não ter vida longa.

Quem lembrar do império dos Diários Associados e da figura exuberante de seu proprietário, da pujança do grupo e do poder de fogo de Assis Chateaubriand, vai entender o que digo. Em poucos anos, nada restou dos Diários Associados, senão dívidas. É o destino inexorável de A Crítica.

Cai o pano para imprensa amazonense. Cooptados, os melhores se calam (mesmo que temporariamente). Em paralelo, este espaço se exaure e se perde em frivolidades, acorrentado por respeito a afinidades, além do medo que os médiuns têm de serem descobertos - o que atrapalha muito a psicografia. Não acredito que haja saída para nós, na verdade não acredito em nada, mas a passar o tempo discutindo a bateria do carro, ou que isqueiro se deve usar, ou que empreguinho de bosta se deve ter, prefiro uma boa morte. Ou uma boa vida.