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01 junho, 2005

Curtain
Por irmão Paulo

Image hosted by Photobucket.comÉ o título original de um romance de Agatha Christie, que narra o último caso de Hercule Poirot, traduzido para o português como Cai o pano. Mas que também poderia ser Fecham-se as cortinas.

Título interessante para texto que se propõe a saudar a chegada do Correio Amazonense, altivo e "imparcial", diário que seria de propriedade escancarada de Amazonino Mendes, que conseguiu erguê-lo economizando sua remuneração e aposentadoria de tri-governador, certamente.

O vil metal, no caso, pelo que dizem muito, porém ainda assim vil, atraiu profissionais de todos os matizes para juntarem-se nessa cruzada independente. Será, certamente, um jornal crítico, afinal o mecenas dessa turma é oposição em todos os níveis.

A velha graça e maledicência, digo, malemolência, de Betsy Bell passará a enfeitar as novas páginas do Correio Africano. A lente privilegiada de Alberto César, inocentemente, focalizará imagens surpreendentes que serão habilmente utilizadas para tematizar sessões e induzir conclusões. O poeta que alçou vôo no Festival de Poesia emprestará suas asas para envernizar de música o ronco dos estômagos famintos dos donos. Ah!, pudera eu também estar vivo para entrar nessa dança. Tudo por algumas merrecas a mais.

Ocorre, senhores do Sinédrio, que jornal é um investimento de longo tempo e tempo é a única coisa de que não dispõe Amazonino, seja pela proximidade das eleições, seja pela proximidade evidente d'A Indesejada. O Diário do Amazonas levou 20 anos para ser o mais vendido, isso lembrando que o atavismo do leitor faz da Crítica, ainda hoje, o mais lido, disparado, aos domingos. Mas isso não quer dizer mais muita coisa. O Correio não servirá para a eleição do ano que vem e, pelo nível dos envolvidos, pode não ter vida longa.

Quem lembrar do império dos Diários Associados e da figura exuberante de seu proprietário, da pujança do grupo e do poder de fogo de Assis Chateaubriand, vai entender o que digo. Em poucos anos, nada restou dos Diários Associados, senão dívidas. É o destino inexorável de A Crítica.

Cai o pano para imprensa amazonense. Cooptados, os melhores se calam (mesmo que temporariamente). Em paralelo, este espaço se exaure e se perde em frivolidades, acorrentado por respeito a afinidades, além do medo que os médiuns têm de serem descobertos - o que atrapalha muito a psicografia. Não acredito que haja saída para nós, na verdade não acredito em nada, mas a passar o tempo discutindo a bateria do carro, ou que isqueiro se deve usar, ou que empreguinho de bosta se deve ter, prefiro uma boa morte. Ou uma boa vida.