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16 fevereiro, 2005

Esqueletos da Guerra
Por Fran Pacheco

O fim da 2ª Guerra Mundial vai completar 60 anos. É o mesmo tempo que os remanescentes dos Soldados da Borracha mendigam sua pensão especial de ex-combatente e o direito de desfilar no Sete de Setembro. Lembrando que morreram mais brasileiros na "frente interna" - extraindo látex no inferno verde para o esforço de guerra - do que na Itália.

Presenciei a tentativa de um deles, um pobre-diabo, num juizado federal. Presenciei o desprezo profissional com que o engravatado advogado da União cumpria o seu métier: o de evitar que o Estado pague o que deve - e nem seria muito, o ex-combatente já estava pra lá da prorrogação de sua vida. O fato é que o ancião nunca conseguirá apresentar a penca de documentos exigidos, deteriorados ou perdidos em 60 anos de peregrinação. Ele, que mal sabe escrever, não é páreo para o advogado da União. Ele e seus colegas vão morrer sem ver a cor das merrecas. Um exército de enganados por um Estado estelionatário.

Enquanto isso, o Cony - que sempre morou na Lagoa - recebe uma indenização milionária e uma pensão de 19.000 por mês. Porque foi despedido na época da ditadura verde-oliva. E um sem-número de "companheiros" igualmente prejudicados no emprego estão prestes a receber o seu quinhão, no bolo milionário das "reparações" pelos excessos de Herr Geisel e sua macacada.

A última esperança dos Soldados da Borracha é filiarem-se ao PT - enquanto o PT está podendo.