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07 março, 2007

A hora do Cachação
Por Fran Pacheco

Camaradinhas, verdade é essa: tudo nesse mundão precisa de uma mãozinha americana para funcionar (a começar pela Europa velha de guerra, que sem a grana do Plano Marshall hoje seria uma imensa Albânia). Claro, há exceções: os nativos da Papua Nova-Guiné ainda devem fabricar orgulhosamente seus próprios atabaques (embora eu desconfie que é tudo jogo de cena – de noite eles assistem Baretta, que eu sei).

O que eu quero dizer, se me permitem uma pausa para um gole, é o seguinte. Foi só o talebã americano assumir que está mesmo afinzão do tal etanol brasileiro, que os nossos cromossomos monocultores ficaram todos ouriçados (“Plantation! Plantation!”). E, forçoso admitir, com mais um gole dessa purinha: têm toda razão. Esse negócio de o país ser tristemente alcunhado de “Bananão” já não estava casando bem com o nosso perfil muderno. Do Presidente a qualquer bicudo de menor patente, todos sabem, está na cara congestionada e no andar trôpego da nação: a verdadeira vocação nacional é o arco (que é como chamam álcool lá em Minas).

E arco do bão, como o aiatolá americano em breve sentirá no brinde protocolar com nosso companhêro conoisseur. Mas tem de ser um brindão daqueles, em copinho profissional, uma talagada só, profunda, de marcar a garganta de Mr. President a fogo. Afinal, será o gesto simbólico, embora ardido, que selará nosso upgrade de república de bananas para república da cana - a verdadeira Arábia da Mardita.

Só mesmo no gozo cerimonial daquela intimidade de bêbado, com uma mãozinha americana no nosso ombro dizendo pastosamente “sou teu amigo... te considero pra caramba...” que nosso adorado Bananão finalmente assumirá (tentando fazer um quatro sozinho, quem sabe, “me larga, porra!”) que esta terra ainda vai cumprir seu ideal. Ainda vai se tornar um imenso Cachação.