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21 fevereiro, 2007

Unidos do Lulalá: uma avaliação pessoalíssima
Por Fran Pacheco

Confesso que em matéria de carnavalidades estou mais por fora que bunda de globeleza. Mas ainda hei de descobrir que sutis ponderações permeiam a cabeça de jurado de desfile carnavalesco. Por mais que eu esprema meus tão fatigados neurônios, a mim é impossível perceber aquela diferença crucial de um décimo de milésimo de ponto entre o remelexo de um mestre-sala e outro (será algum detalhe na plumagem?). Pior ainda é tentar achar alguma diferença infinitesimal entre os atuais sambas-enredos (sim, são vários e não um só, como eu pensava), já que a melhor coisa que havia nesse quesito, o Jamelão, tirou o time. Mas vamos lá, tentar avaliar por critérios estritamente pseudo-científicos o desfile da maior de todas as escolas de samba e lambança em atuação no país: o Blocão do Lulalá.

EVOLUÇÃO – Olhando de longe, parece tudo meio paradão. Mas tem movimento sim: as massas como um todo evoluem a passo de cágado. Alguns setores andam para trás. Mas a ala dos patrimônio... vejam só, que beleza, o patrimônio dessa turma não evolui: dispara na Avenida! Seguuuura....

HARMONIA – No ensaio geral, nas eleições, a harmonia do blocão era aquela maravilha: todos apoiavam o “Hômi” em nome do bem geral da gloriosa nação auriverde. Hoje, a coisa está mais enrolada que bacanal de minhoca. O que tem de “artista” querendo a receber a paga, disputando a tapa lugar na diretoria e na tesouraria, não está no orçamento.

COMISSÃO DE FRENTE – Já viveu dias de glória quando coreografada por Mestre Zé Dirceu. Agora anda fazendo cara feia com a D. Dilma. Mas há quem diga que o problema é na comissão de trás: sempre levando “crau” daquele boliviano doido.

FANTASIAS – Sem dúvida é o ponto forte da agremiação. Fantasia é o que não falta: crescimento de 5% do PIB, hegemonia brasileira, Gran-Gasoduto do Sul, ligando La Casa Del Caciete, na Venezuela, a Puerra Ninguna, na Argentina. Tanto delírio só poderia mesmo ter saído da parceria inseparável de nosso Efelentífimo Carnavalesco com o velho Joãosinho Caminhante.

ALEGORIAS – Outro quesito imbatível. Poucos puxadores, como nosso Efelentífimo, são capazes de tascar duas ou mais alegorias a cada frase de cada um dos milhares de pronunciamentos que faz - e sempre alegorias futebolísticas. Dá um pouco no saco, mas afinal, essa é a voz que o meu povão, ai que lindo!, entende.

SAMBA-ENREDO – Você já ouviu esse sambinha de outros carnavais: assistencialismo, embromação, anti-americanismo... Tudo o que o folião brasileiro mais aprecia. Não é de espantar que essa mesmíssima ladainha vá animar os próximos carnavais.

MESTRE SALA E PORTA BANDEIRA – Nesse quesito, prefiro a palavra maldita, vetada no frigobar presidencial: abstinência. Não quero nem sonhar com o Primeiro Casal, Seu Luís e D. Marisa, sambando até gastar o botox. Seria aberração demais. Não que os dois não levem jeito pra coisa, pelo contrário: por mim, já teriam sambado há muito tempo.

BATERIA – Ouvir os tambores de guerra do PMDB, as cuícas do PTB, as foices e martelos do PCdoB e o chacoalhar de jóias dos novos-ricos do PT é uma experiência acústica traumatizante, apocalíptica. Felizmente a antiga rainha-moma da bateria, D. Ângela Guadagnin, foi sambar a dança da pizza em outras freguesias.

TROFÉU ESTANDARTE DE OURO - Vai para a nova rainha da bateria, a gauchinha, deputadinha e comunistinha Manuela D´Ávila. Convenhamos: a pequena é de chuá! Sambar ela não samba, nem precisa, nem deve (aquele ar blasé derrete qualquer neoliberal). Manu faz em mim o mesmo que o Zé Dirceu fazia com o Bob Jefferson: desperta meus instintos mais primitivos. Se Manu, como toda boa comunistinha, come criancinha, então eu quero ser nenê de novo.