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25 janeiro, 2007

A última do Roniquito
Por Fran Pacheco

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Mr. Quito, no traço do Jaguar: “Sem Roniquto, beber perdeu a graça!”


Faz exatos 24 anos que vocês aí do mundo fenomênico perderam o wit do mais adorável filho da puta* que a boemia carioca já conheceu: “Senhoras e senhores, aqui Ronald de Chevalier. Dentro de instantes, Roniquito”. Era assim que o respeitável e cavalheiresco economista amazonense Ronald Russel Wallace de Chevalier se anunciava ao adentrar nos butiquins de Ipanema. Dentro de instantes significava dentro de mais ou menos três doses de uísque.

Era o bastante para que, num estalar de dedos, o gentil-homem, articulista culto, multiglota, amante das belles-lettres e de Vivaldi, mentor intelectual de feras como Walter Clark e Mário Henrique Simonsen, cunhador do termo “aspone” (já consta no Houaiss) saisse de cena e desse lugar à sua temível versão etílica: Roniquito (fusão de Ronald com “faniquito”). Era fogo na jaca.

Seu instinto de autopreservação também entrava em standby: O endiabrado esculhambava abertamente a todos (principalmente quem merecia ser esculhambado), sem distinção de patente, porte físico ou do tamanho da horda adversária. Ter sobrevivido a tantos “causos” foi um feito.

Como na vez em que foi coberto de porrada por um brutamontes a quem acabara de enxovalhar no boteco. O grandalhão arrastou o mirrado Roniquito pra calçada, montou nele e com o pé na garganta do desaforado perguntou, cansado de tanto bater: “Já chega ou quer mais?!”. E o Roniquito, arrebentado, mas com uma lógica cristalina: “É claro que já chega, imbecil!”

Noutra começou a menosprezar, em pleno Beco das Garrafas, ninguém menos que o pernambucano Antônio Ninguém me ama, ninguém me quer Maria, também famoso pelo porte avantajado. Até que arrematou, intrépido: “Antônio Maria! Você foi parido por um ânus!”. Foi salvo de ser esganado ali mesmo por um cordão de isolamento. (Consta que depois os dois trêbados começaram a chorar um no ombro do outro, como manda o figurino).

No histórico velório do Zequinha Estelita**, figura querida dos boêmios, Roniquito apareceu completamente chumbado. Ouviu uma choradeira na câmara mortuária ao lado (estavam velando outro defunto) e foi tirar satisfação. Entrou com tudo no velório alheio e disparou: “Olha aqui! O nosso morto é muito melhor! É muito mais bonito! Esse morto de vocês é uma bosta!”. Novamente foi preciso uma intervenção semi-divina para deter o linchamento em curso.

Noutra vez, percebeu quietinho numa mesa do outro lado do bar o escritor Antônio Callado – para azar do autor de Kuarup. “Antônio Calladooo! Antônio Calladooo!”. Constrangido, meio que sacando que estava ferrado, Callado acenou de volta, sem graça. “Antônio Calladooo! Você já leu Faulkner? Já leu Faulkner, Antônio Callado?”. “Já li, sim...”, respondeu baixinho. E ouviu o veredito, bradado a plenos pulmões: “Então já sabe que você é um merda, Antônio Callado!”. Para sorte de Roniquito, além de ser um merda, Antônio Callado não batia.

E pro Fernando Sabino, segurando pelo ombro o futuro autor de Zélia uma paixão: “Fernando Sabino! Quem escreve melhor, Fernando Sabino? Você ou o Nelson Rodrigues?”. E o mineiro, achando que ia se safar: “O Nelson, é claro que o Nelson é muito melhor que eu... claro...”.”Cala essa boca Fernando Sabino! Quem és tu para julgar Nelson Rodrigues?!”

Sobre Ronaldo Bôscoli, era taxativo: “Deixou de ser poeta pra escrever essa merda de barquinho!”

E quando foi apresentado à socialite Vera do Nascimento e Silva: “Prazer”, disse a beldade, “Vera do Nascimento e Silva.” E o Roniquito, embevecido: “Esquina com quê?”

Numa apresentação de um virtuose do violino, em pleno Theatro Municipal lotado, Roniquito ficou tão maravilhado que começou a chorar escandalosamente, a ponto de abafar a melodia. Conduzido gentilmente pra fora, deu meia-volta e se despediu com um berro emocionado: “vai tocar bem assim na puta que pariu!”

Presidentes, Roniquito abordou pelo menos dois. A primeira vítima foi Juscelino, numa recepção. Cheio do aço, Roniquito foi chegando perto: “Juscelinoooo! Juscelinoooo!” Mantendo o sorriso congelado, JK cumprimentou a figura, que foi passando o braço pelos ombros do presidente, na maior intimidade, o copo de uísque on the rocks na outra mão: “Atenção que vai falar o presidente, o presidente vai falar! Jus-ce-li-no, o que você acha, da reforma agrária, Juscelino, da reforma agrária o que você acha...”. E o político tarimbado começou a dar aquela declaração enrolada, vazia, em cima do muro, “é uma questão complexa, delicada...”. Até que Roniquito largou o presidente bossa-nova e foi embora, aos berros: “Chega! Já Chega! Esse presidente não entende por-ra-ne-nhu-ma de reforma agrária!”

O segundo presidente a conhecer a fera foi o generalíssimo Costa e Silva, cercado de meganhas. Mas isso fica pro próximo pileque.


* Que fique bem claro: “filho da puta” aqui vai como exaltação, como quando vemos boquiabertos um drible impossível do Garrincha e dizemos: “olha só o que ele fez... filho da puta!”

** Foi a última vez que serviram birita na cantina da Capela da Real Grandeza. Como diria Lilico, tempo bão não volta mais.


 

8 Comments:

  • At 4:15 PM, Anonymous Vicente de Paula said…

    Roniquito,além de bebum era cheirador de cocaía. Era o homem que intermediava o pó para Clark e outros viados da Globo. Ah...ia esquecendo: era viado também e pegaram certa feita chupando o pau de um crioulo numa esquina da Barata Ribeiro. Era, enfim, um grande filho da puta e não faz falta pra ninguém.

     
  • At 4:56 PM, Anonymous Anônimo said…

    Ele comeu sua mulher? Corno revoltado é foda... tenta fazer metade da história que ele fez seu merda e depois vem dar piteco!

     
  • At 11:14 AM, Anonymous Online Poker Games said…

    Yes it is all a fantasy

     
  • At 11:29 AM, Blogger Rony said…

    Realmente, ele era o cara do baixo Leblon.....Vivia 1000 anos em 1.
    Foi bom ele ter morrido e não visto o Filha D. P. do lula como presidente.

     
  • At 10:33 PM, Anonymous Anônimo said…

    Com certeza....pra estar puto desse jeito com o Roniquito Chevalier, só tem um motivo.....Ronald passou a vara na mulher, na irmã e o caralho de asas...se liga,Vicentinho....tu não tem cacife,véio! assume que tu é um merda e corno...a gente vai entender o seu drama....ah...geralmente,quando o Roniquito comia a mulher de alguém a gente dizia..."larga essa vagabunda e toma um trago...!'

     
  • At 7:39 AM, Anonymous Anônimo said…

    Grande intelectual.

     
  • At 12:04 AM, Blogger Unknown said…

    kkkkkkkkkkkkk

     
  • At 12:05 AM, Blogger Unknown said…

    kkkkkkkkkkkkk

     

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