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23 abril, 2007

As Metamorphoses
Por Fran Pacheco

Sempre que um partido desses muda de nome, penso logo naqueles filmes que mostram empresas prestes a cair na malha-fina americana, triturando a papelada e formatando os discos-rígidos para apagar os rastros de suas peripécias. Ou numa queima de arquivo, pura e simples. Alguém aí se lembra da UDN? Que fim levou? Estará enterrada junto com a ossada de Dana de Teffé? E a ARENA, o maior partido político do Ocidente? Levou sumiço junto com o menino Carlinhos? E o paradeiro do PRN, o partido delle? Que tal perguntar pro ex-lugar-tentente delle, o Calheiros, propondo é claro uma delação premiada?

Só pra ficar num exemplo ainda fresquinho no nosso esquecimento: alguém ainda recorda do PFL? Aquele, o pefelê, partido do coração de nove entre dez coronéis de barranco... o pefelê de tantas aprontações pra contar... Pois os velhos coronéis se reproduziram e a novíssima cepa – uma galerinha da pesada capitaneada por Rodriguinho Maia e ACMzinho – agora atende pela graça de “O Democratas” (sic), ou “DEM” para os íntimos. Isso depois que seus globalizadíssimos filiados descartaram(*) o acrônimo “PD”, de Partido Democrata, pelo chiquérrimo motivo de que, veja só, lá em França “pedê” quer dizer “baitolo”. Nem imaginam o que DEM quer dizer em dialeto swahili...

Além de renegar o nome de batismo, outros expedientes muito usados pelas facções, digo, partidos, são as fusões, incorporações, abocanhações, escamoteações, fagocitoses, simbioses, defecções, mimetismos, metempsicoses e, mais modernosos, morphs e remixes digitais. Acrescente-se o subterfúgio adicional do troca-troca e fica praticamente impossível reconstituir, no espaço-tempo convencional, o iter-criminis de um político, desde o dia em que recebeu a picadura da mosca azul até hoje.

Tudo isso depõe a favor de uma só pessoa: Darwin. Por mais que os neocarolas a proíbam nas escolas, essa tal de “Evolução das Espécies” existe, sim senhor. Não importa o quão mutável, complexo e hostil se torne o meio em que vive: devidamente adaptado o animal político sempre arranja um jetinho de ficar malemolentemente por sobre a carne-seca. Extinção? Nem pensar.

Quem parece ter empacado e não evoluir nunca é o eleitor – esse sim, um verdadeiro animal. Taí uma questão que nem Darwin explica.

(*) Descartaram também o old-fashioned Jorge Bornhausen, que as más línguas costumavam comparar com Hitler. Pura sacanagem. Hitler pelo menos sabia pintar.