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28 janeiro, 2007

O homem que fazia pular
Por Fran Pacheco

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Talvez você não tenha ouvido falar de Philippe Halsman. Pois saiba que boa parte das lembranças visuais que você tem do século XX foram clicadas por este cidadão. Imagens canônicas de Albert Einstein, Marilyn Monroe, Audrey Hepburn, Salvador Dalí, Sinatra, que se rendessem um IPTU mental cobrado da humanidade, deixaria os herdeiros de Halsman milhardários. Mas além de recordista absoluto de capas (101) da fase áurea da Life e de produzir instantênos de assombrosa maestria técnica (sem a muleta mágica do Photoshop), como o Dali atomicus aí em cima, Halsman possuia um inusitado dom: fazia qualquer um dar pulinhos diante de sua câmera. Qualquer um mesmo.

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Marylin (pulando ao lado do dito cujo), Groucho Marx, Jerry Lewis & Dean Martin, além de outros membros do showbizz ainda vá... artistas são destravados por natureza e por força do métier. Mas que outro fotógrafo teria conseguido a proeza de convencer o símbolo máximo da caretice e da falta graça, Richard Nixon, a se prestar ao ridículo de saltitar (e dando a constrangedora impressão de estar batendo as asinhas!) – sabendo que teria a presepada estampada numa das revistas de maior circulação da planeta?

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Tudo começou ao final de um recatado ensaio no palácio da família Ford, em alusão aos 50 anos da companhia. Bastou uma relaxante e desinibidora birita oferecida pela anfitriã, Mrs. Edsel Ford, para Halsman surpreender a si mesmo, perguntando na maior caradura se a coroa não toparia pular para a câmera. “De salto alto e tudo?”, ela perguntou – pelo visto mais “alegre” que o próprio fotógrafo. Em seguida, devidamente descalça, deu uma levitada básica. No que foi prontamente seguida pela nora, Mrs. Henry Ford II e pelo todo-poderoso filhinho-de-papai, Mr. Henry Ford II (fordinho). Quando Halsman deu por si, lá estava um dos mais poderosos clãs da América bancando os cangurus desengonçados.

Halsman tomou gosto pela coisa passou a fechar todos os seus ensaios com uma jam session saltitante. Virou sua marca registrada. Embora provavelmente fizesse isso por pura sacanagem (além da imensa conquista pessoal de fazer o Duque de Windsor bancar uma serelepe pulga) ele afirmava ter se especializado na “ciência do pulo” (jumpology). Como sabemos, o ser humano, esse fingidor, usa uma tremenda máscara na hora de ser retratado. Mas na hora de pular - naquele “momento decisivo” de que tanto falava o Cartier-Bresson - absorto com o inusitado do ato em si, a máscara cai e o elemento se revela. (Pra quem sempre desconfiou que Nixon fosse um rematado bundão, a prova cabal taí em cima). Quantos sacripantas não poderiam ser desmascarados pelo uso extensivo do método?

Infelizmente, Halsman foi cobrir os eventos do além-túmulo em 79 e parece não ter deixado muitos seguidores. A ordem do dia é retratar os neo-bilionários da Internet descalços sobre a mesa, fazendo macaquices com laptops etc – aberração que só reforça o clichet dos “gênios excêntricos” (a propósito, aquela foto do Einstein mostrando a língua não é do Halsman). Sem a Rolleyflex de Halsman por perto, só nos resta conjecturar que recônditos segredos o gênero humano esconde por trás de tanto botox.

 

1 Comments:

  • At 11:23 PM, Anonymous Anônimo said…

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