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15 outubro, 2006

Regina, a volta
Por Fran Pacheco

“Doutor...”
“Sim, Regina?”
“Eu tô com medo.”
“De novo, Regina?”
“Medo. Muito medo.”
“Mas Regina...”
“Medo, doutor... fazer o quê? O barbudo... o coisa-ruim... ele vai ganhar de novo, né?”
“Não sei, tudo pode acontecer.”
“Não, doutor, eu tenho certeza! Fico toda arrepiada, olha só. Não consigo mais nem dormir.”
“Eu pensava que você tinha aprendido a conviver com o seu medo, Regina. Afinal, já faz quatro anos.”
“Ai, nem me lembre, doutor!”
“E você tem que aceitar, Regina, se vierem mais quatro anos pela frente...”
“Nem me diga uma coisa dessas, doutor!”
“Você aguentou tudo até aqui. Acho que você vai tirar de letra.”
“Sei não, doutor... Só de pensar naquela barba branca, naquelas orelhinhas de gnomo, naquela língua presa... naquele jeitinho de dizer ‘eu não fei de nada, eu não fei!’ Aaaai... eu acho que eu vou pra TV de novo! Vou fazer a maior cena! Agora! Agora! Aaaah...”
“Não, Regina! Senta aí! Controle-se! Senta!”
“Ai, desculpa, doutor...”
“Isso, calminha. Bem calminha. Assim, respira. Relaxe, Regina. Encare dessa forma: o pior já passou.”
“Será, doutor? Eu tenho... pensado cada coisa...”
“Regina! Eu já não falei pra evitar ficar pensando por aí?”
“Me desculpa, doutor. Mas eu penso sim naquele amigão dele, aquele que puxava os erres. E se um dia ele voltar...”
“Mas ele foi cassado.”
“Não, sei, doutor... tudo é possível, não é? E tem mais doutor... e se ele chamar de volta aquele barbudinho que falava tipo um bêbado e... fazia maldade com o caseiro?”
“Isso é um absurdo.”
“Tudo é possível, doutor...”
“Olha, Regina, são só mais quatro anos. Passa rápido. Em 1º de janeiro de 2011 seus problemas vão acabar.”
“E se não houver 1º de janeiro de 2011, doutor?”
“Ahn?”
“Tudo é possível, né não, Doutor? Uma emenda à Constituição, essas coisas...”
“Regina... isso são... são devaneios. Um dia ele vai sair do poder... tem que sair.”
“E se ele conseguir eleger o sucessor? Aquele zangadinho... o sem-terra?”
“Não, Regina, não! Aí já e demais!”
“Doutor? O senhor tá tremendo..."
“Não, Regina! Não! Nem pensar! Não pode ser!
“O senhor tá me agarrando...”
“Diz que não, Regina!”
“Calma, Doutor! Doutor? Cadê os calmantes, pelamordedeus?!”