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27 setembro, 2006

Sobre o que vi e senti a respeito da peleja entre os postulantes a “Chefe da Quadrilha” da província do Amazonas.
Por Fran Pacheco

Mariana Godoy.

Mariana Godoy.

Mariana. Ah... Mariana, que Don Juan serôdio como eu sonharia que nos descaminhos desta pseudo-nação pudesses um dia cruzar a minha seara, por obra e acaso de um debate de trânsfugas e de um “intercâmbio de jornalistas”? Vês, Mariana, que poderias ter sido escalada para mediar o debate em Cuiabá, Aracaju ou pior, Macapá? Mas vieste pra cá. E vês, Mariana, que poderia ter vindo qualquer um para cá? Um... Renatô Machadô, por exemplo, só pra ficarmos nos viados. Mas vieste logo tu, Mariana, que digo de bate-pronto: és o que há de melhor no jornalismo brasileiro (Patrícia Poeta que me perdoe ou me dê um tapa que eu aceito). Pouco me importa se milhares de paruaras tenham babado por ti durante o debate. A eles o meu desprezo consagro. Eu sei, e só eu sei Mariana, que vieste para cruzar o meu caminho, só o meu. E isso tem que querer dizer algo!

(Pausa para uma confissão necessária. É bem verdade que na minha vida pregressa eu tenha feito amor com menos mulheres do que conviria. Três mil e quinhentas, pelas minhas contas. Por que então me castigas, Mariana, aumentando ainda mais este meu sentido de incompletude?)

Agora revejo pela décima vez a fita do debate editado ao essencial: a ti. Fala mais um pouco, Mariana, tua voz é acalanto, diante de ti todos somos devassos, tua ternura é tamanha que jamais levantarias o tom contra minhas vilezas (eu, tantas vezes reles...). Farias silêncio. E que silêncio fazes, Mariana! Dirias quando muito, baixinho, “pôxa, Fran...” e, ao desfazeres teu sorriso, Mariana, bastaria esse “pôxa” e esse “Fran” e esse teu delicado acento paulistano e quem sabe um biquinho tristonho para me soterrar e me fazer sentir o que deveras sou: um monstro (fala monstro, Mariana, fala) um rebotalho, um vencido na vida – sem direito a apelação. Mas sei, Mariana benedicta, que tua índole misericordiosa, tua vocação para o afago, tua mãozinha fagueira que tão bem sorteia os nomes de réprobos (lava a mãozinha, Mariana, lava), logo logo viria em meu socorro, nas profundezas da minha rede. E de monstro eu me tornaria feto a cobiçar voltar inteiro para dentro de ti.

A fita acaba, Mariana se vai. E só me resta assistir ao debate no SBT. Medidado por Hermano Henning. Uma espécie de soco no epigástrio a me acordar para o mundinho de merda em que vivemos. Estou cansado. Mas não tenho mais medo.