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20 setembro, 2006

De volta ao inferno verde
Por Fran Pacheco

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Andei sumido? A patroa vai me desculpando... favor não dê bronca, que esse é o santo remédio pra curar a ressaca que ora se me abate. Aos bicudos que buscam placebo numa colher de azeite ou de óleo de fígado de bacalhau, numa canja de responsa, num bom café pra forrar e disfarçar, ou numa cervejinha matutina – sim, mais uma gelada pro fígado pensar duas vezes antes de pedir concordata – ou aos perdidos que simplesmente põem a cabeça na privada e puxam a descarga, vai meu conselho, anotem aí: contra ressaca, negócio é a patroa não dar bronca. É batata. Aí você já fica bem demais.

Nunca pensei que depois de morto fosse ter tamanho sortimento de compromissos seriíssimos e inadiáveis, a me afastar da pena em plena campanha eleitoral (alguém viu a campanha por aí?). Vamos a um breve apanhado das mesas-redondas. Como ganhar todas na porrinha? Como fazer o português dono da taverna aceitar teu mal-afamado cheque? Uísque 12 anos é ou não é melhor que o 8? Aproveita o mote e engata um treinamento prático e meio duvidoso para se detectar legítimas contrafações destiladas nas Highlands paraguaias (ou Lowlands? taí mais um assunto). Passa para um curso de história contemporânea (a época do Vat 69, do Cutty Sark, a era do Old Eight, a fase dourada do Dimple). Votação: pedir batata frita em butiquim é ou não é pecado mortal? Corta para um arrojado medley chopps – uísque – cachaça – chopps (confesso que daí em diante fiquei na marvada direto). Alguém entorna uma com vigor, quebra o copo na mesa e grita: “Que diabo eu tô fazendo em Madagascar?!”

“Pô, Pacheco, tu não publicas mais?”, vinha meu cúmplice Antônio Paulo Graça me cutucar, meio bamba. E eu, com aquela voz de petista dopado depondo em CPI, a boca fria e mole: “Companheiro, eu não escrevo mais... e considere isso uma boa ação. Escrever é fácil. Difícil é tomar notas.” Isso foi no Caldeira? No Armando’s? Na Casa do Terror? Ou no Beco da Cirrose? É aquela história: feriadão iminente, hora de guardar as pedras debaixo do teclado e torcer pra moçada com mais energia, verve, histamina, élan e o diabo a quatro sair por aí atirando tortas (virtuais ou não) nas ôtoridades constituídas. Era o quê? Mezzogiorno de uma quinta-feira, cinco dias antes do feriado local, sete antes do nacional. Estava mais do que na hora de começar a Grande Saideira, secar a primeira garrafa de Salinas e assobiar ouviram do ypiranga em tom maior (ou o primeiro compasso de COM QUE ROUPA, que é igual). Vou te contar... quando a purinha desce numa boa, não precisa de nenhuma ictiomante vinda de Faro pra ler nas entranhas da sardinha do balcão que “hoje vai ter!”

Foi numa dessas (não me perguntem dia ou horário ou local, tudo são brumas) que algum gaiato soltou a bomba: “o Jaguar morreu!” Não imaginam a euforia que tomou conta de nossa Legião. O pé-sujo quase veio abaixo. Chapéus, jornais, bengalas, pince-nezes, talheres, pedaços de ectoplasma, tudo jogado para o alto. Um exemplar d’O Pasquim (com o Francis na capa) ficou rodando no ventilador do teto, fazendo um vlap vlap irritante. Saímos em procissão em busca do câmara-ardente do mais novo membro do Club. Pingamos no Bracarense, Bip Bip, Lamas, Bigorrilho, Sujinho, Belmonte, Roquinha, Cervantes, Paladino... necas do que seria o velório-saideira do século. Dizem que o Jaguar está vivo. Em Brasília... mas tecnicamente vivo. Pedi pra minha fogosa correspondente vidente checar. “Mas Fran, cê promete que depois cê volta a falar de política?” Taradinha, a minha estagiária (além de ter o 3º olho altamente desenvolvido). Claro que eu prometo mundos e fundos pra ela, e nem preciso pedir nada em troca. Ela dá mesmo assim (carinho e afeto, seus sacanas!).

Em consideração a ela, que sofre misérias nas mãos de Rubens de Falco, volto agora ao inferno verde para falar de... pulítica. Ou melhor, podem me dar só mais um tempinho? Tenho que comprar um Vila Rica no butiquim da esquina, certo? Volto já. Mas se voltar só daqui a três dias, rebocado, a patroa já sabe: nada de bronca!