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09 agosto, 2006

Uma questão delicada
Por Fran Pacheco

A revista Época, está a promover uma nada original enquete para descobrir quem foi o “maior brasileiro da História” (partindo do duvidoso pressuposto de que tal sujeito existiu). Cá pra mim, uma perguntinha dessas mal-formulada, simplória, mistificadora e gratuita não merece resposta (além de excluir ab-initio Nelson Ned da parada). Se merecesse, eu responderia na bucha: “Seu Amândio”. Figuraça folclórica das barrancas do hinterland amazônico, Amândio, por ser um total desconhecido das massas não sofreu (ainda) aquele pernicioso processo de virar “vulto”.

Vejam o caso do Obdúlio Vargaz - acho que era esse o nome do distinto - nosso ditador-pai-dos-pobres. Seu maior feito, indubitavelmente, foi ter se matado, atitude que se caisse em voga entre todos os envolvidos em escândalos, viria a quebrar o maior galho. Aliás, todo verdadeiro getulista deveria dar um tiro no coração pelo menos uma vez na vida, viu Bob Jefferson? Mas se afinal Vargaz fosse aclamado como “The Greatest Brasileiro da História”, isso servirira apenas para nos dar uma idéia do grau de pequenez dos demais.

Eis então uma utilidade inusitada para esse tipo de pesquisa: não o de estabelecer “identificações”, mas “comparações” - e das mais desairosas. Tomemos o caso típico do Rubinho Barrichello. Ninguém duvida que ele é um dos “Menores da História”. Mas podem desprezá-lo à vontade. Ele continuará ganhando US$ 12 milhões por ano para fazer suas cagadas nas cidades mais glamourosas do mundo. Exatamente a mesma coisa que o resto dos brasileiros faz, em suas bagdás e saigons cotidianas, sem ganhar um puto para isso. O fato de Barrichello ser um dos brasileiros mais bem sucedidos da atualidade nos dá a medida exata do fracasso dos demais.

Quanto ao Seu Amândio, um dia contarei seus causos, em foro adequado.