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21 agosto, 2006

Surfando nas ondas culturais de Parati (finis et circensis)
Da nossa equipe de transviados especiais


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No encerramento da FLIP, Cecezinho e Hedôzinha fizeram uma lap dance de tirar o chapéu.


DOMINGO, 13 DE AGOSTO

11h - Mesa 16 - Bagagem
Adélia Prado

Cinemex: um banquete fantástico de comidas baianas: tribex: regado com batidas: calor entorpecente: fuquefuque como nas farras romanas de Holly: frutos tropicais, mil caranguejos: mulheres levantando as saias: gente com cara lambuzada de vatapá: gente dentro das panelas de barro: langor: as pessoas esparramadas como nas telas de Brueguel: Parati, umbigo do mundo: portas do sol: cidade da colina: luz atlântica: jardim da felicidade. Atlântida – o continente perdido pralém das colunas de Hércules e que unia a Europa com a América; onde já se observava os céus e se fazia cálculos astronômicos; adoradores do SOL; onde provavelmente foi falada a língua-mãe. Arte, ciência, filosofia e religião nascem da nossa busca por respostas a perguntas fundamentais relacionadas à gratuidade de nossa existência. Olhadela por trás dos bastidores. Atlântida submersa. Adélia Prado diz que somente a arte e o misticismo, que ultrapassam a razão e nos tocam onde realmente interessa, as emoções, dão um acesso abrangente à vivência humana. Felicidade e tristeza resultam do ato de sentir emoções, não de entendê-las. São os afetos que movem, comovem. Essa é a bagagem que carregamos e sobre a qual falou uma das mais proeminentes poetisas brasileiras. Atlântida submersa. Só nos convencemos afinal de estar pisando solo firme quando tomamos por base, como verdadeiro original, a submersão da Atlântida dentro das ondas do oceano. Essa, a nossa bagagem. Cinemex: alguém fantasiado de javali feroz ataca uma pessoa diante do mar. Como numa dança de bumba-meu-boi. Adélia Prado. A delícia do jardim de Bosch. A manga rosa Maria Rosa, Rosa, Maria, Joana. Peitos gostosos, rosados doces. Rosa dos doces, mama, mama, mamãe. Adele Fátima. Teu sumo escorre da minha boca. Entre aberta porta. Por onde entra e por onde sai. Por onde entra e sai o mundo. Mundo. Adele Carraro. Balança a fronte. Farta mangueira. E mata a fome, morto à fome. O mata. Imensa mata, imensa massa. Florados cachos de verde amarelou. Maduro fruto. Que pro nosso gozo vem. Amem, amem, amem, amem. Mamem, mamem, mamem, mamem. Amém, amém, amém, amém. Acabou chorare, intão até paruano. Com adeles e adélias de todo os tipos na bagagem.


15h - Mesa 17 - Experiências
Nicole Krauss, Edmund White

Alô, amizade, tudo azul? Tudo perfeito? Muita paz por aí? Tudo bom? Tudo fácil? Tudo perfeito? Tudo normal? Muita paz, muito amor por aí? Muito amor? Amor até demais? Tudo simples? Tudo cor-de-rosa? Muito sol tropical na cuquinha? Muito anil? Tudo bom? Maravilha? Sorriso, amizade? Alegria? Muitas felicidades? Corações transbordantes de amor? Perfeição à vontade às pampas, forever? Tudo normal? Conhece a Nicole Krauss? Saca legal o Edmund White? Pois é, amizade, aliás, criança: você gosta muito, demais? Qual dos dois pra alisar teus cabelos, qual dos dois pra sentar do seu lado? Qual dos dois pra conversar num barzinho? Fique sabendo, amizade: estiveram juntos. Discutindo como a experiência individual se reflete na literatura. Explicando onde termina a memória e começa a imaginação. Dois escritores norte-americanos que exploram seus passados na criação de ricos trabalhos ficcionais e autobiográficos. Dois escritores norte-americanos examinando os efeitos das experiências pessoais que viveram sobre sua escrita. Maravilha, bichos. A nova-iorquina Nicole Krauss é autora dos romances Man walks into a room e A história do amor, ambos muito elogiados pela crítica. Ela é charmosíssima e tem umas pernas maravilhosas. Edmund White, que escreveu romances semi-autobiográficos como Um jovem americano e O homem casado, publicou uma biografia de Jean Genet e, mais recentemente, um livro de memórias, My lives. Ele é famosíssimo e tem uma elegância discreta. Na platéia, Wally Sailormoon concentrado e muito na dele. Cecezinho, de olho gordo nas pernas torneadas da Nicole e recebendo beliscões furiosos da Hedô. Maior bandeira. Na geléia geral: quem não canta e não dança não sabe o que está perdendo. Homem voa? Sim, por meio da leitura. Torno a repetir, meu amor: ai, ai, ai. Fui.


16h45 - Mesa 18 - África, Áfricas
Ondjaki, Uzodinma Iweala

Para aqueles que conhecem a África somente por meio da mídia, a região parece ser pouco mais que uma sucessão de crises e de negros safados se aproveitando de donzelas mais safadas ainda. O escritor Jorge Luís Borges dizia que “O Coração das Trevas”, de Joseph Conrad, era o “mais intenso de todos os relatos que a imaginação humana jamais concebeu”. Sim, mas aquilo era uma outra África. Hoje, o buraco é mais embaixo – e feito por minas terrestres que já aleijaram mais de 10 milhões de crioulos. Na última mesa ginecológica que fui conferir, de olho na platéia formada por universitárias adeptas dos movimentos multiculturais, dois jovens escritores nos ajudaram a conhecer melhor a realidade de países destruídos pela guerra, em romances que mostram a face humana do continente. O nigeriano-americano Uzodinma Iweala é o autor de uma narrativa admirável sobre uma criança-soldado, Feras de lugar nenhum, um estudo sobre as maneiras como o conflito armado aniquila a inocência. Em livros como Bom dia camaradas e Quantas madrugadas tem a noite, Ondjaki explora com lirismo as memórias da infância em uma Angola pós-guerra civil. Leitura de macho, de gente que cospe no chão e ajeita os colhões na frente de mulheres, crianças e cachorros, sem se importar com os comentários desairosos. Só não foi melhor porque a Hedôzinha estava me marcando sob pressão o tempo inteiro, permitindo que as universitárias saíssem ilesas. Mas vai ter revanche.


18h30 - Mesa 19 - Livros de cabeceira
Ali Smith, Antonio Risério, Benjamin Zephaniah, Carlos Heitor Cony, David Toscana, Edmund White, Jonathan Safran Foer, Mário de Carvalho

No bota-fora da quarta edição da FLIP, rolou uma senhora party com o melhor da literatura... Os autores convidados compartilharam com o público seus livros prediletos... Livros lidos e relidos, companhias inseparáveis... Tudo perfeeeeeeeeito! Noite inesquecível (e linda) e pessoas muuuito especiais... Música boa... Muuuuita Debbie Cox, Cris W, Seal, Anastacia... Rebolei horroooores com as bibetes, barbies, suzies, barbapapas, pula-piratas e afins... E... e... (pausa para suspirar e conter uma lágrima furtiva) teve uma sessão "parabéns pra você" com vinte (minha idade? Abafa!) sparkling velitas... Uma homenagenzita das caravanas sampa-piracicaba-rio-poa a mim e ao lindito Cecezinho, pelo nosso long time de namoricos, brigas e farras extra-conjugais... Um showzito pirotécnico com special effects e muito laser! Tudo! Encontrei Torquato Paiuí (fofito, definitivamente, eu não tenho nada a ver com o sumiço daquela pacoteira de fumo! Elza is not my name!), os mexicanos gostositos, os africanos colocaditos e outros paulistitas fofos que não via há algum tempo! Depois, ainda meio crazy da minha pussy porque o Cecezinho me proibiu de dançar com o Benjamin Zephaniah, dei uma chegadinha no after da boate Porão... Ah, fofitos... Jogue a primeira língua de sogra quem nunca se acabou de dançar ao som de "Oh, oh, oh, ooooh... I love the night life... a love the boogie... on the disco arooooooound..." O Cecezinho aproveitou que eu estava meio alta e me fez participar de uma lap dance com ele, na frente de todo mundo... I’m sorry, but não sei se cospi ou engoli... Uiiii!... Quando cheguei ao hotel... meio destruidita, zumbizita e com meus óculos Jackie O... ainda tive que receber um senhor que se dizia Testemunha de Geová e queria ter um blá blá blá com euzita... Well, como mesmo colocadita... sou uma girl educadita e from Sacre Couer de Marie... ouviiiii e tratei bem o fofito... Ele falava, falava, falava... Ah, fofitos, ninguém deve tratar mal um bofito que vem à sua porta dizer que Jesus te ama!... All we need is love... já diziam os besouritos de Liverpool! Terminou a FLIP 2006... Começou a de 2007... Eu e Cecezinho?... Well, a gente vai levando... Euzita, bem mais do que ele (abafa!)... Beijitos no heart!