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05 agosto, 2006

Pirou
Por irmão Paulo

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"Me considero uma espécie de salvador"

Foram com as palavras acima que o jornal mais vendido do Amazonas destacou a ´entrevista´ dada pelo Capiroto, na série de entrevistas que até agora só o contemplou. Em estilo bem tucano, na desculpa de repercutir suas declarações, o jornal mais vendido do Amazonas colocou o ´entrevistado´ em uma situação de triste exposição.

Delírios, grosso modo, são alterações do pensamento no que se refere à compreensão dos fatos. Isto é, o sujeito vê ou vive uma situação e acha que é outra, tipo: ao dar uma topada com o dedo mindinho numa cadeira, tem a certeza de que a cadeira foi que o acertou – mais ou menos como ocorre com uma criança de 2 anos.

Um episódio isolado de delírio, falo como leigo, é algo a que estamos todos sujeitos. Pode ser decorrente de uma condição médica qualquer ou decorrer do efeito tóxico direto de substâncias como as anfetaminas e a cocaína. Quando o estado se prolonga, sem decorrer diretamente do uso de substâncias ou de uma doença, temos um quadro de Transtorno Delirante. Até agora não se sabe qual a situação do Capiroto.

Vejamos o que ocorre com os cocainômanos, nenhuma insinuação maliciosa, que são os viciados no uso da cocaína - substância derivada da coca cuja ingestão faz-se através da inalação, já que é fabricada em pó. O viciado deposita a droga na mucosa nasal e aspira. Sob seu efeito, então, apresenta uma alegria muito grande, é loquaz, mitômano, erótico, mas impotente. Após a embriaguez, vem a fase do delírio cocaínico, caracterizado por alucinações principalmente visuais e agitação psicomotora.

O delírio cocaínico episódico, entretanto, torna-se crônico com a constância e a utilização prolongada da droga. Lentamente, o cocainômano substitui a realidade por um mundo seu, onde os fatos são compreendidos à luz de sua mente delirante, que colhe no arcabouço de seus arquétipos mentais, culturais e familiares, os argumentos que vestem de aparente razoabilidade as conclusões delirantes. Não raro, identificam-se os delírios de fundo religioso como um dos últimos estágios da dependência cocaínica. O uso prolongado do pó, portanto, pode ser um gatilho para um quadro de transtorno delirante.

A característica essencial do Transtorno Delirante é a presença de um ou mais delírios, possíveis, que persistem. Alguns indivíduos podem parecer relativamente intactos em seus papéis interpessoais e ocupacionais. Em outros, o prejuízo pode incluir baixo ou nenhum funcionamento ocupacional e isolamento social. Em geral, o funcionamentos social e conjugal estão mais propensos a sofrer prejuízos do que os funcionamentos intelectual e ocupacional. Ou seja, o portador de Transtorno Delirante acaba largando a família, vivendo isolado e insulado, guardando dinheiro dentro do colchão, telando as janelas etc.

O tipo de Transtorno Delirante pode ser especificado com base no tema delirante predominante, a saber: tipo erotomaníaco; tipo grandioso, o tema central do delírio é a convicção de ter algum grande talento - delírios grandiosos podem ter um conteúdo religioso (por ex., a pessoa acredita-se escolhido por Deus para ser o salvador de um povo); tipo ciumento; tipo persecutório, o tema central do delírio envolve a crença de estar sendo vítima de conspiração, traição, estar sendo alvo de comentários maliciosos ou obstruído em sua busca de objetivos de longo prazo. Os indivíduos com delírios persecutórios com freqüência sentem ressentimento e raiva, podendo recorrer à violência contra aqueles que supostamente os estão prejudicando.

Podemos não saber se os delírios do Capirôto decorrem diretamente do uso imoderado de leite-em-pó ou de uma condição mental de transtorno delirante crônico - que é o mais provável, mas uma coisa é certa: o cara pirou. De vez.