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25 agosto, 2006

Anistia cabocla
Por irmão Paulo

Amazonino pugna descaradamente pelo esquecimento de seus crimes passados, uma anistia cabocla.


Talvez em decorrência da influência de seu comparsa de partido, o também pefelista Romeu, Amazonino Mendes busque pairar nessa campanha bem acima do bem e do mal, como se não tivesse um passado negro e podre e insepulto, a exalar um odor nauseabundo e bem característico, assombrando-lhe os passos.

Romeu , ex-chefe do DEOPS paulista, é um senador com fama de honesto. Nas palavras de Francisco Carlos Garisto, famoso presidente da Associação Brasileira dos Agentes da Polícia Federal e conselheiro da federação deles, nas páginas da insuspeita - ou menos suspeita - Caros Amigos, Romeu "comandou aquilo tudo, mas passou como bonzinho, os amigos que trabalharam com ele foram quase todos execrados na mídia e depois abandonados pelo chefe. (...) quem comandava a tortura era o Fleury, não era ele. Só que ele sabia, o Fleury não fazia nada sem ele". Vejamos uma segunda opinião.

Paulo Markun, em seu recente livro sobre o episódio inesquecível do jornalista Vladimir Herzog, nosso Vlado, conta que em 1975, Romeu na direção do DEOPS, sentenciou em reunião que “o canal 2, através [sic] de seu departamento de jornalismo, está fazendo uma campanha sistemática contra as instituições democráticas [sic] e esse fato foi notado após ter assumido a direção daquele departamento o jornalista Wladimir [sic] Herzog, elemento sabidamente comprometido [sic].” Desinformado, desinformador ou caluniador, é como julga-se a conduta de Romeu que, como tantos outros, foi atingido pela golfada da anistia e continua perambulando por aí. Um fantasma, inclusive na aparência, uma alma penada que nos assusta de noite e de dia.

Outro que virou uma assombração, como bem disse Artur, o terrível, foi Amazonino Mendes, que fica irritado, perde o prumo e a lhaneza sempre que algum, dos que ele deve considerar meros súditos, ousa perguntar algo que lhe pareça inconveniente ou defrontá-lo com sua realidade de político corrupto, coronel de barranco e gigolô da miséria. Foi o que ocorreu no debate em sua rádio - mesmo em ambiente controlado, no jornal da rede amazônica, quando indagado acerca da palpitante questão da água e, mais recentemente, no difusoramente pasteurizado Roda Viva, na TV oficial do estado.

A imprensa local é amordaçada, digo isto sem fazer juízo de valor e sem manifestar solidariedade. Além de Artur Neto, por conta de sua trip pessoal de poder, ninguém mais ousa fazer Amazonino gaguejar. É uma lástima.

Por sorte, para crimes contra a Administração Pública, ao contrário dos crimes cometidos pelo Romeu, não houve anistia. E deles podemos falar e repetir porque reprovabilidade moral não prescreve! Gilberto Mestrinho sevicia esta terra amazônica desde a década de 50. Teve sua vida política artificialmente prorrogada pela ditadura militar, que o cassou e baniu do estado por fraude eleitoral - veja você, leitor. De tudo que fez para infelicitar o Amazonas, o pior pecado foi ter trazido à vida pública um degenerado moral, sem educação familiar, um psicopata chamado Amazonino Mendes. Talvez por essa razão apóie hoje, mesmo sendo desprezado por todos, o BragaBoy - na vã esperança de aliviar um pouco o peso dos seus pecados. Até canalhas como Gilberto, adocicam como o tempo.

Certo é que não houve anistia, mas Amazonino Mendes pugna descaradamente pelo esquecimento de seus crimes passados, numa espécie de anistia cabocla. O que não é possível, pois sua lista de escândalos é tão grande que se torna inesquecível: Castelo na Europa e mansões no Tarumã; conexões estranhas entre o assassinato do empresário Samek Rosenski e seu filho Armando; entrega do porto ao Di Carli; negociata com a Cosama; confissão de Fernando Bonfim, um de seus muitos testas-de-ferro; o escândalo dos geradores? o envolvimento na compra de votos para a reeleição; o cerco da assembléia pela Polícia Militar, que destituiu temporariamente o presidente para forçar a votação de uma matéria eleitoreira; a vitória fraudulenta da reeleição de 1998, levando Giberto de lambuja; a compra dos ford explorers importados para a PM - as tais Samuquinhas; a ampla concertacion em torno de 100% das licitações de obras do estado durante seus governos; a indicação ofensiva de José Augusto Almeida - senhor dos trambiques licitatórios durante anos - para compor o Tribunal de Contas; ter enfiado Alfredo Nascimento goela abaixo da cidade por 8 anos; ligações nebulosas mantinha com presidente da OABETTI/AM; a franquia da Blockbuster montada por sua filha e a rádio de seu filho; a sociedade com o DB; a propriedade do Correio Amazonense; os sete quilômetros de litoral em São Paulo etc.

Ao pedir que esqueçamos, ao fingir que seu passado não existe, ao encarnar esse novo personagem fictício que se acha um salvador movido pelo desejo de servir - que cara de pau! - Amazonino não se repete, encena uma farsa de si mesmo. Falso, como parecem falsas as fotos de Gilberto Mestrinho abraçando crianças que já nem o conhecem mais e dele tentam se esquivar - com medo ou repulsa daquele corrupião de dentes enormes e cheirando a talco e naftalina. Amazonino é mesmo uma assombração - envelheceu - não passa de uma imitação de si mesmo, daquilo que foi um dia e já não mais é. Envelheceu menos na idade, que na atitude e no discurso. Sua postura imperial, seus engasgos e sua gagueira - que antes eram um elemento pitoresco e reforçavam a mítica - hoje parecem apenas insegurança.

Sem anistia, senhores do conselho. Sem esquecimento, sem trégua e sem dó. E que Deus o tenha em bom lugar.