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03 maio, 2006

Lembrete
Por irmão Paulo

Lá se ia o plácido 1988º ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo. Num pequeno vilarejo encravado no meio da selva amazônica, integrante da capitania dos cetáceos, começava a imperar como chefe local um jovem, destemido e ousado índio-branco. Havia vencido as eleições contra Gilberto Mestrinho, que se julgava então, como talvez hoje ainda julgue-se, proprietário por direito dos cargos eletivos no Amazonas. Venceu andando de carro velho e fazendo cota para o combustível. As hostes governistas de então não acreditavam que aquela criatura magra, antecipadamente metrossexual, com suas madeixas esvoaçantes, havia derrotado Mestrinho e suas práticas nefandas.

E não deviam acreditar mesmo. Um mês após a posse, nosso herói já circulava em picapes de alto luxo, de propriedade dos empresários que faziam a festa de Amazonino Mendes e seu jegue interventor até há pouco. Iniciou uma atividade frenética de salvamento do Centro da cidade e protagonizou cenas inesquecíveis quando, no auge do brilho, sobre um trator, fora de si, derrubou casas e barracas de camelôs ou comandou sua força paramilitar a baixar o cacete nos coitados. Perseguir trabalhador custou-lhe caro e nunca mais perdeu a pecha de espancador de camelôs. Mas o pior estava por vir.

No mesmo ano (1989), traindo seus eleitores, iniciou um caminho que o levaria a uma aliança administrativa e política com Mestrinho. Foi ainda acusado de embolsar aplicação de um empréstimo bancário tomado pela Prefeitura por ele comandada. Nosso jovem indígena-branco, contraiu empréstimo desnecessário ao município e sem finalidade, por antecipação de receita e sem autorização da Câmara Municipal. O empréstimo, no valor de 5 milhões de cruzados novos, moeda da época, foi feito com o Banco Industrial e Comercial S.A. (Bicbanco). E provocou prejuízo à Prefeitura prejuízo avaliado em US$ 240.892,00.

Soube-se à época que o então Prefeito sacou, no dia 28 de agosto de 1989, cheque administrativo emitido em favor da prefeitura de Manaus. O valor ficou desaparecido até 6 de setembro seguinte, quando reapareceu na conta da prefeitura, no BIC. Segundo o documento, a prefeitura deixou de auferir lucros com a aplicação financeira desses recursos, numa época em que a inflação e os juros eram altíssimos.

O escândalo foi grande, rendeu até apuração na Câmara de Vereadores que, não obstante ter concluído pelo sumiço de fato do dinheiro por uma semana, nada fez de concreto em relação à responsabilidade política do prefeito. Em sua defesa, tempos depois, o índio branco apresentava uma certidão do Banco Central onde é relatado que o banco Bic foi intimado a devolver - o que não significa que tenha devolvido efetivamente - os US$ 240 mil auferidos com a aplicação do empréstimo à revelia da prefeitura. Mas como se sabe, o Banco Central escrevia qualquer coisa que esse cidadão pedisse até uns anos atrás.

Hoje, vinte anos depois, candidata-se novamente a um cargo no Executivo. Amargando índices altíssimos de rejeição, assume uma incompreensível candidatura ao governo do Estado e conta, inclusive, com o apoio declarado de São Jefferson. Amazonas, terra de muros baixos.

PS. Quem é o sujeito? Bom, se você até agora não sabe, sinceramente, não merece sabê-lo.

 

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