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10 outubro, 2005

Carta Aberta ao Ministro
Por irmão Paulo

Márcio,

Permita-me chamá-lo pelo nome, pois me dirijo a você com a autoridade de quem conhece seu passado e, agora deste lado, consegue perscrutar – gostou? Vou repetir! – perscrutar suas motivações íntimas.

Aqui estou cercado de muitos que desejam, através de minha humilde pena mediúnica, repassar-lhe alguns conselhos e estratagemas. Achamos todos muito bem sentido o momento da captura do Turco Loco. Muitos discordaram, entretanto, do excesso das algemas e do tom folhetinesco da cobertura jornalística. É preciso controlar o delegado Protógenes que, apesar do nome, não é leso e deve estar embolsando uma grana boa para passar o serviço sempre com ‘exclusividade’ para a Rede Globo. Cuidado com o Protógenes.

Ainda sobre o caso Maluf, Getúlio pondera que é preciso cuidado para não transformá-lo em vítima e despertar a piedade da opinião pública, seja lá o que signifique opinião pública (palavras dele). Concordo com nosso eterno presidente. A foto nas revistas, mostrando um Maluf no oxigênio, farão que o volátil sentimento de revanche seja substituído por um sentimento de compaixão. E, perceba, compaixão pelo Maluf é tudo o que não desejamos. Supondo, claro, que nossos desejos sejam compatíveis.

Golbery insiste para que lhe diga que você é o verdadeiro gênio da raça. E que a sacada de transformar o mensalão em caixa 2 de campanhas eleitorais foi de gênio mesmo. Só por esta, esquecendo todos os outros serviços sujos já prestados ao atual establishment, você já merece ser agraciado com a comenda de Ministro do STF. Afinal, se Nelson Jobim, o fraudador de constituição lá está, por qual razão você, cuja fraude maior restringe-se à desconstituir o mensalão, não deve estar?

Ladeiam-me alguns amazonenses ilustres que pedem para manter os nomes terrenos em sigilo para proteger os familiares ainda em plagas carnais. Lembram-lhe que se você quiser tirar um pé do inferno, mandar prender o Capiroto Mendes seria um boa forma de começar. Assim como no caso do Maluf, o timing do encarceramento do Capiroto Mendes deve ser preciso. Nem tão perto da eleição a ponto de inviabilizar o escândalo e a generalização do desgaste, nem tão longe a ponto de correr o risco de transformá-lo em vítima. Assim como Maluf, lembre-se, Capiroto é um homem idoso, que sofre de doenças misteriosas. Mas uma coisa é certa, prendê-lo renderá a Lula muitos votos. Como rendeu e renderá ainda mais com a divulgação massificada do feito.

Goebbels saltita a meu lado enfatizando que você deve repetir à exaustão: "Prendemos o corrupto símbolo do país! Temos um saldo de 2.000 prisões decorrentes de investigações da Polícia Federal! Prendemos o maior corrupto do Norte do país, saneando a política nos grotões brasileiros!". Niccolo alerta, entretanto, que o foco deve ser bem ajustado, para não respingar em Braga e sugerir que Lula é ingrato.

Acerca da captura futura do Capiroto, Leni (Riefenstahl) sugere um roteiro básico, que tento reproduzir foneticamente:

1. Tem que pegarr o carra à luz da dia, parra não o vitimizarrr;

2. Tem que fazer isso no Grrande Casa de Madeirra do outrro lado da rio. Há muitos vantagens porr já se conhecerr o local e poderr disporr os câmerras estrrategicamente;

3. O dia precisa ser clarro, ensolarrado, por dois razões prrincipais: parra que os suntuosas instalações de seu habitat possam serr mostrradas com a nitidez necessária e parra que a ação não adquirra uma atmosferra lúgubrre e trriste, mas sim tenha um alegrre clima de celebrraçon. Lembre-se, um dos segredos está no ângulo. É prreciso encontrrar o ângulo ideal parra transformarr uma cena banal e simples, como o prrison desse meliante, em algo com caráterr grrandiosa. O Golias sendo prreso por pequenos e frrágeis Davis;

4. A montagem é o passo final, mas o mais importante, após selecionados os cenas. Devemos inaugurarr aqui um nova estética parra as prrisões petistas. Ignorre o que disse o baixinho, chame o Doutorr Prrotógenes e mande-lhe firmar acordo com o Rrede Globo para divulgaçon prrferrencial, muita atençon, divulgaçon prreferrencial.

Por fim, Márcio, quero dizer-lhe que não desista. Siga em frente, ao encontro de seu grande futuro. Se for pego com a mão na massa, siga o conselho do Maluf, que tá mais pra cá do que praí, e negue! Negue tudo, peremptoriamente negue!