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16 maio, 2005

Pequena resenha desportiva
Por Stella Maris - especial para o Club

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Torcedores remanescentes do Botafogo conferem no Jornal dos Sports os bons resultados do venerável clube.


Um fato nada olímpico ocupou as manchetes desportivas desta semana. A bombástica separação da supermodelo e astrônoma Svetlana Schuparova e do êneacampeão mundial de xadrez, o brasileiro Vladimir Vladimirovich Vladimir.

“Acabou”, decretou Schuparova, após 24 horas de relacionamento. Tudo começou na entrega do Prêmio Nobel-Davène - pela primeira vez realizada em Porto Alegre - quando Schuparova tornou-se a única intelectual do planeta a ser agraciada em duas categorias diferentes: “Simpatia” (sua desenvoltura ao não responder a pergunta sobre “teoria da gravitação quântica num cenário de hiperinflação argentina” cativou a todos) e “Lábios Mais Carnudos”, desbancado o ator Wesley Snipes.

Vladimir compareceu à mesma cerimônia como atração de honra e disputou 112 partidas simultâneas com chefes de estado, sendo batido apenas por Fidel Castro (embora observadores internacionais afirmem ter visto Chico Buarque embaixo da mesa, bagunçando as peças de Vladimir nos intervalos). O sátrapa fundamentalista do Kudostão, sultão Volin Rabar, recusou-se a jogar. “Bispo comendo peão, cavalo comendo rainha, essas sacanagens todas foram banidas do meu país”, declarou o sinistro líder, cercado por suas vinte odaliscas.

Apesar do esgotamento físico, Vladimir e Schuparova trocaram olhares estrábicos e casaram-se na mesma noite, através do novo sistema expresso-informatizado-on-line implantado pela Igreja Evangélica Lemuriana Ltda, da qual Schuparova é adepta desde que largou a vida airada. Um estenógrafo foi chamado às pressas para redigir as 120 cláusulas do contrato pré-nupcial. Era mais um excitante lance na biografia de nosso campeão.

Garoto de origem humilde, Vladimir nasceu na isolada Capão do Muro Baixo, cidade com menor índice de PhDs do país. Muito cedo os pais o despacharam por carta registrada para Kamchatka, na Sibéria. “Aqui seu único futuro é ser beijado por político em campanha, meu filho”, disse o velho Vladão enquanto selava o envelope.

Após aclimatar-se, o pequeno Vladimir, apesar dos dentes cruzados, dos dedos tortos, dos 45 graus de hipermetropia, das bexigas, do lumbago, das doenças venéreas, do membro desproporcional e da incapacidade em assinar o próprio nome (só conseguia escrever a palavra “bongô”), logo mostrou aptidão para o esporte mais popular no mundo, o xadrez. Suas aberturas desconcertantes, o gingado malandro dos peões, o genial drible do cavalo, o xeque-mate de folha-seca e o efusivo soco no ar após as vitórias cativaram uma legião de fanáticos e violentos torcedores, os "Peões da Fiel". Grito de guerra: “Pensa, Vladimir! Pensa!”

Vladimir nunca jogava na retranca, jamais catimbava, nunca aparecia nos treinos. Partia pra cima da linha adversária fazendo o maior estrago. O bad-boy do tabuleiro se dava ao luxo de deixar todas as suas peças serem comidas pelo incauto oponente, para aplicar-lhe um acachapante cheque-mate só com o rei. Sua partida mais rápida se deu contra o então campeão mundial, o russo-camaronês Porris Luambala. Visivelmente nervoso (a camisa de força desalinhada, o babadouro todo manchado), o velho campeão observou atônito o magrinho Vladimir, logo no primeiro movimento, pegar o peão, ameaçar colocar a peça numa casa, depois, noutra, de um lado para o outro, do outro para o um, e assim por alguns segundos de pura magia, até mover o peão para a frente – para delírio da torcida, que gritou o tempo todo “Olé! Olé!”. Tonto e abalado, Porris Luambala simulou um “compromisso urgente” e abandonou o páreo.

Vladimir esteve perto de ser derrotado de jeito no fim de 1999 pelo supercomputador Bucefálus 12,5. Na hora H, foi salvo pelo bug do milênio, que fez o sistema do computador retroceder um século, reduzindo-o a uma máquina registradora.

Este foi o 15º casamento relâmpago de Vladimir, cuja fortuna pessoal está no infravermelho, com uma muralha da China de advogados, profissionais da noite e bookmakers cobrando-lhe honorários. Desiludido e cansado de ser paparicado pelas pessoas por seu “cerebrozinho bonito”, o campeão decidiu repaginar o visual e acaba de se internar numa funilaria. Promete lançar um CD sertanejo, assim que terminar de treinar a dicção com as cabras de sua fazenda.