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19 maio, 2005

Deitado em leito esplêndido de UTI
Por Fran Pacheco

“Não pode ser.”
“O quê, doutor?”
“Deixa eu medir de novo. Não pode ser. Dezenove ponto setenta e cinco por cento. Sua taxa de juros está altíssima.”
“O senhor acha, doutor?”
“Você já deveria ter tido uma crise. Ainda mais na sua condição clínica, infestado de parasitas, seus movimentos quase paralisados pela burocratite crônica, sua coluna vergada pela carga tributária. Sem falar nessa hemorragia...”
“Hemorragia, doutor? Onde?”
“No bolso. Você vem sangrando desde que nasceu. Geralmente as vítimas só percebem quando estoura um escândalo. Me diz uma coisa, quem foi que te receitou essa taxa?”
“Foram os Conselheiros..”
“Sempre eles... esses tratamentos ortodoxos... Mas, vem cá, o chefe dos Conselheiros, aquele Luís Inácio e o vice-chefe, aquele quase xará do autor de Iracema, e o mentor do Chefe, aquele Dirrrrceu, todos eles não dizem que são contra essa taxa elevada? Como é que eles deixam os Conselheiros, que trabalham pra eles, fazerem isso com você?”
“Vai saber, doutor? Só sei que o Luís Inácio disse que a culpa é toda minha. Disse para eu tirar o meu traseiro gordo da poltrona e buscar uma solução. E olha que eu botei o Luís Inácio lá, doutor. A culpa é minha mesmo, não é doutor? É por isso que eu vim aqui, procurar uma solução, como ele pediu. O senhor vai sair candidato na próxima eleição, doutor?”