Um patrimônio imaterial do Amazonas
Por Fran Pacheco
Nos raros momentos em que não está em França, ou fazendo shows (com cachê dobrado desde que entrou pro 1º escalão), o ministro Gilberto Gil se dedica a tombar o patrimônio imaterial brasileiro. Do acarajé à viola de cocho, das paneleiras de Goiabeiras ao que encontrarem de pitoresco pelo Bananão adentro. Estão tombando de um tudo.
Pois aí vai a minha humílima proposta a quem de direito possa interessar. Tombar o nosso boi-bumbá de Parintins é desnecessário - ele é auto-sustentável. É preciso cuidar de expressões culturais ameaçadas de extinção. Como o indefectível hábito, tão nosso, tão regional, de apontar para os lugares com os beiços.
Os italianos falam com as mãos. Nós as dispensamos. Quando queremos apontar para algum lugar, dispensamos até o "ali!" - usamos uma projeção imponente, eloqüente dos beiços contraídos.
Essa expressão popular deve ser tombada com urgência. Já estamos quase falando com sotaque da Globo (a Daniela Assayag já fala fluentemente) e chegará o dia em que desistiremos até de falar o Português. Nos tornaremos*, todos, orgulhosos americanos de terceira classe. Neste futuro quase presente, quando errarmos com nossa nacionalidade clandestina pelo Central Park, só nos restará a esperança de perguntar a alguém onde fica a street tal - e ele, todo encapotado, apontar com os beiços.
"Um dos nossos!", pensaremos com nostálgico ufanismo.
* Tornar-nos-emos é horrendo e o Pasquale há de concordar comigo.
Pois aí vai a minha humílima proposta a quem de direito possa interessar. Tombar o nosso boi-bumbá de Parintins é desnecessário - ele é auto-sustentável. É preciso cuidar de expressões culturais ameaçadas de extinção. Como o indefectível hábito, tão nosso, tão regional, de apontar para os lugares com os beiços.
Os italianos falam com as mãos. Nós as dispensamos. Quando queremos apontar para algum lugar, dispensamos até o "ali!" - usamos uma projeção imponente, eloqüente dos beiços contraídos.
Essa expressão popular deve ser tombada com urgência. Já estamos quase falando com sotaque da Globo (a Daniela Assayag já fala fluentemente) e chegará o dia em que desistiremos até de falar o Português. Nos tornaremos*, todos, orgulhosos americanos de terceira classe. Neste futuro quase presente, quando errarmos com nossa nacionalidade clandestina pelo Central Park, só nos restará a esperança de perguntar a alguém onde fica a street tal - e ele, todo encapotado, apontar com os beiços.
"Um dos nossos!", pensaremos com nostálgico ufanismo.
* Tornar-nos-emos é horrendo e o Pasquale há de concordar comigo.
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