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19 abril, 2005

Os Novos Biônicos
Por irmão Paulo

Na vigência da gloriosa, chamavam-se biônicos aqueles agentes políticos detentores de cargos por indicação da oficialidade, digamos assim. Sem o sábio concurso da urnas. Eram governadores, deputados e o restante do moscaral político todo indicado com a ponta do coturno.

Uma das maiores alegrias nacionais recentes foi a eleição direta para governadores de estado em 1982. Se bem que depois tenha se revelado uma oportunidade para o renascimento dos cancros do passado (como Gilberto Mestrinho), foi um momento no qual os biônicos sederam (Atenção, massas! o "s"é ironia fina!) lugar aos votados, por mais histriônicos que fossem.

Durante o despostismo esclarecido de Fernando Henrique, seu fiel vassalo Artur Virgílo Neto, bem conhecido dos camelês e feirantes de Manaus, urdiu odienta proposta de conceder à FHC cargo vitalício de Senador, sem direito a voto mas com direito a voz e às demais, e mais interessantes, prerrogativas do cargo. Foi repudiado inclusive pelos próprios comparsas de partido, ainda sob a inspiração moral de Mário Covas. Foi execrado pela oposição. A proposta foi abandonada, mas Artur conseguiu o que queria: o amor do chefe.

Agora, ao que dizem informações desencontradas, Aluízio Mercadante faz renascer a proposta, objetivando não apenas arranjar um lugarzinho pro bombeiro mas também, para angariar a simpatia dos tucanos, uma de labija para FHC e Itamar e, de quebra, para agradar as oligarquias de plantão, para Sarney. Pergunto-me como ficaria Collor, Cleptolunático, nessa quizumba.

A proposta não passa de mais uma patifaria que pretendem perpetrar os parlamentares contra a ordem institucional. Senador vitalício é coisa de império mal ajambrado e, a julgar pelo avanço da medicina e pela pouca idade dos presidentes, em breve teríamos tantos senadores vitalícios a obstruir as sessões, buscando um espaço para verbalizar as idéias que teríamos de ressuscitar a idéia original de Machado de Assis, ao seu tempo sugerindo o uso do fonógrafo, e instalar e presentear os nov´´eis senadores com equipamentos de gravação que permitissem serem seus discursos reproduzidos durante as madrugadas.

É certo que não teriam o mesmo público nominal, mas as hienas que insistem na propostas certamente estariam presentes a prestigiar seus chefões.