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02 abril, 2005

E onde entra Jesus?
Por irmão Paulo

O que ocorre na fé católica quando morre o papa? Nas bases, por assim dizer, além da agonia emocional dos fiéis, nada de grave se registra. Na alta cúpula da Igreja de Roma, uma vez vaga a Sé Apostólica, em princípio, instaura-se o Caos. Por isso mesmo, nas palavras do papa, “os Sumos Pontífices, ao longo dos séculos, consideraram seu preciso dever, e igualmente específico direito, regular, com normas adequadas, a boa ordem na eleição do Sucessor”. João Paulo II foi mais além ao promulgar sua Constituição Apostólica UNIVERSI DOMINICI GREGIS, na qual dispõe nos mínimos detalhes quais os poderes do Colégio dos Cardeais e qual será o papel de cada cardeal com cargo (Camerlengo, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e outros) durante a vacância da Sé, como deverão ser celebradas as exéquias do Romano Pontífice e, enfim, as regras do conclave e eleição.

Em sua Constituição Apostólica, João Paulo II, talvez ciente das fraquezas da carne, preambularmente desfia o passo a passo que será dado por seus subalternos até a assunção do novo sumo pontífice. Assim, confirma o Código de Direito Canônico e reitera, que o “Colégio dos eleitores do Sumo Pontífice é constituído unicamente pelos Padres Cardeais da Santa Igreja Romana”, limitados estes a 120 purpurados, “provenientes de todas as partes da terra e das mais diversas culturas” e, mantendo norma estabelecida por seu predecessor Paulo VI, com menos de 80 anos. Confirma, ainda, a “permanência do Conclave” e, considerando a “sacralidade do ato”, achando conveniente que o mesmo se realize numa “sede condigna”, dispõe que a “eleição continue a desenrolar-se na Capela Sistina, onde tudo concorre para avivar a consciência da presença de Deus”. Por fim, ciente de que o segredo é alma do negócio, confirma o dever de silêncio sobre tudo o que diga respeito à eleição, simplificando e reduzindo “ao essencial as normas respectivas, para evitar perplexidades e dúvidas”, determinando ao final que os eleitores manifestem o seu voto através do “escrutínio secreto”.

Morto o papa, assim que receber a notícia, o Camerlengo deve constatar oficialmente a morte, talvez segundo a tradição golpeando-lhe gentilmente a fronte com um martelo de ouro e repetindo seu nome três vezes: Karol Wojtila, Karol Wojtila, Karol Wojtila; retirar o anel do pescador, corta-lo com tesouras e destruir o selo papal com o mesmo martelo. Isso na presença do Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, dos Prelados Clérigos da Câmara Apostólica e do Secretário e Chanceler da mesma. Em seguida, o Cardeal Camerlengo deve aplicar os sigilos no escritório e no quarto do Pontífice, Após, deve participar o seu falecimento ao Cardeal Vigário para a diocese de Roma, o qual dará a notícia ao Povo Romano.

As exéquias, em sufrágio da sua alma, serão celebradas durante nove dias consecutivos. Ninguém poderá fotografar nem captar imagens, seja pelo meio que for, do Sumo Pontífice, quer doente quer já defunto, nem registrar sua voz para depois reproduzi-las.

continua...