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30 abril, 2005

Ah, turistas...
Por Fran Pacheco

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Por que todo turista é um bund..., perdão, sofre de flacidez nadegal? Lá vão eles, barrigudos, cambotas, com a cara vermelha de quem nunca passou protetor solar na vida, de bermudas "mongo" e aquelas horrendas meias levantadas até o meio das canelas branquelas, as mulheres jogadas fora, despenteadas, em camisetas encardidas, os fartos peitos caídos, os sovacos invariavelmente peludos e ruivos à mostra, todos perambulando em bandos, bisbilhoteiros, carregando mochilas de 120 quilos, em meio às ruínas da cidade, ao caos do trânsito, aos cheira-colas, ao labirinto de barracas de camelôs, à indiferença dos nativos, enfim, à rotina absolutamente banal, desinteressante e estressante de um aglomerado urbano terceiro-mundista. Só não os desprezo completamente porque eles têm muito money para torrar com suvenires e com o "sabor regional" (que muitas vezes não é o tucumã, mas a cunhã).

Tomemos o exemplo do desocupado que o destino me fez servir de médium. O vadio desapareceu do trabalho por quase duas semanas, enfurnado num "paraíso tropical", cujo local exato não posso precisar (fica entre a Baía dos Porcos e a Patagônia). Quem o conhece como "o cara recatado da repartição" ficaria boquiaberto ao vê-lo trêbado, dançando uma salada de mambo, calypso e forrobodó num balneário com nativas seminuas. O cidadão conseguiu a proeza de passar tanto, mas tanto protetor solar que saiu da praia mais branco do que entrou. Exceto em algumas regiões do abdômen, marcadas por estranhos quadriláteros vermelhos (e algumas figuras semelhantes aos sinais que os alienígenas deixam nos trigais). Meteu-se a "pegar jacaré" nas ondas do mar das Caraíbas revolto e levou tamanha quantidade de caldos que andará guenzo pelo resto dos seus dias. Na arrebentação, perdeu metade do dinheiro, que guardava no calção de banho ("foi tributo a Yemanjá", desconversa). Descobriu sofrer de hiper-alergia a camarão, após deglutir um dos grandes, inteiriço - e causar comoção na praia, ressucitando ao fim da tarde. Conseguiu extraviar-se do seu bando e pegar o ônibus errado, para o outro lado da republiqueta, tendo que praticamente recorrer a mateiros rastafaris para econtrar a trilha de volta para o albergue meia-estrela que lhe foi vendido como "resort".

E o que considero mais grave: não comeu ninguém*.

Enquanto isso, meus canais com o mundo fenomênico só funcionavam em mão única. E vi o Cardeal Inquisidor Heil Tzinger acenar feliz que nem pinto em bosta ao se tornar, naquela marmelada de conclave, o papa Bené 1.6 (para os íntimos). E vi a festa mega-brega da Globo 40. E vi muitas cousas que não pude comentar - tudo graças ao espírito desbravador da figura vil que materializa essas mal digitadas linhas.

Felizmente, a Grande Ópera chegou à cidade, trazendo todos os bund..., perdão, turistas de volta (meu médium incluso). Eles estão por toda parte, assobiando o jingle das Valquírias e andando esquisito (já ouviram falar de "mula"?). Vão curtir 16 horas de Wagner (e não Fágner, como muitos descobriram decepcionados). A fixação do nosso Secretário Perpétuo de Cultura pelo anel do nibelungo é algo ainda não muito bem esclarecido - mas até o fim de seu pontificado chegaremos a uma conclusão freudiana.


* A outra finalidade para se praticar turismo nos trópicos é contrair doenças arcaicas, como malária, febre amarela e mal de Chagas - atrações que, tal como as cunhãs, os gajos não encontram no Velho Mundo.

 

1 Comments:

  • At 12:30 AM, Anonymous Anônimo said…

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