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22 março, 2005

Não cales a boca, Severino!
Por Fran Pacheco

Nada que vem de Severino me surpreende mais. Aprendi a lidar com ele. O hômi é a transparência personificada. Não é um hipócrita, um dissimulado, como 9,9 entre 10 de seus pares. É um límpido, translúcido e assumido canalha. Seu superego foi amputado em criança. Resta-lhe o puro e manifesto desejo de puder. E põe manifesto nisso. Nunca se ouviu falar tanto em um Presidente da Câmara. Pudera. Os cutucões de sua filha como dizendo “cala a boca, papi!” não lhe surtem efeito – e ele rumina ao microfone que aliviou a multa de trânsito de um eleitor. Ele faz das suas e diz.

Severino é desprovido de consciência, aquela voz interna a nos lembrar que pode ter alguém espiando. Ao contrário, quando tem muita gente por perto é que ele põe as cartas na mesa. Lá está ele, em outro evento, avisando com todas as suas trêmulas sílabas: se o inepto (o juízo é meu) deputado Ciro Nogueira, seu apadrinhado, não for nomeado Ministro das Comunicações, seu grêmio-partidário-escola-de-trambiques, o PP*, deixa de ser aliado do Governo e se bandeia para a trincheira do PFL-PSDB. É o toma-lá-dá-cá às escancaras, o eclipse total da decência visível a olho nu.

Constrangidos com a extorsão em público, os palacianos recebem Severino do jeitinho que gostam: huis clos, a portas fechadas. O que tramaram? O que barganharam? Quanto esse “remanejamento ministerial” irá nos custar, monetária e moralmente? Severino, não saia calado, nós queremos saber. Severino, manifeste-se!

(*) Dá para imaginar o PP, atual mutação evolutiva da ARENA, longe do governo petista?