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07 janeiro, 2005

Serafinismo
Por irmão Paulo



Os últimos atos do Camarada Prefeito desta escrota cidade de muro baixo poderiam gerar, se Manaus existisse para o Brasil e para o mundo, um verbete para o dicionário Houaiss e para os compêndios de história, derivado mesmo do verbete macarthismo contido naquele dicionário, e que sugiro fosse algo mais ou menos assim:

Serafinismo
Datação
séc.XXI
Acepções
substantivo masculino
1 Rubrica: história, política.
prática política levada ao extremo na desaparecida cidade de Manaus, que se caracteriza por sectarismo de inspiração fascista, notadamente contra adversários políticos e seus aliados, inspirada no movimento político-religioso dirigido pelo prefeito Serafim Corrêa durante os anos 2000, no Brasil.

2 Derivação: por extensão de sentido.
prática de formular acusações, divulgar listas e fazer insinuações sem provas, comparável à que caracterizou o movimento Serafinista.


A patuléia, entenda-se esquerdistas e ralé, vai a euforia vendo a ilegal e infamante divulgação da lista de nomes dos supostos fantasmas, aspones, apaniguados do poderosos antigos, apaniguados de poderosos de outros poderes (que não convém perseguir), gente que trabalha, jornalistas (mas isso a imprensa não divulga), artistas (numa moderna relação de mecenato) e muitos outros.

Como todo filho da puta perseguidor, entretanto, após avacalhar com as pessoas cujos nomes foram divulgados (todos como felizes lactentes das tetas municipais), pondera o camarada Prefeito que as distorções serão reexaminadas e aquelas pessoas cujo trabalho (mas não eram todos aspones fantasmas!?) seja essencial para a prefeitura, serão contratados temporariamente.

Assim procedendo, talvez pela inexperiência – ou num ato falho, o camarada Prefeito acabou soltando dois absurdos de uma só vez: o primeiro é reconhecer que as demissões foram feitas sem critério e, portanto, admitem revisão, o segundo é dizer que contratará temporariamente aquelas pessoas cujo trabalho seja essencial – pela disciplina constitucional a contratação temporária se faz mediante processo seletivo simplificado e não pela essencialidade da pessoa do contratado.

Evidentemente, como não estamos no país das maravilhas, e Alice nunca foi aquela menina loirinha do Disney, as revisões que fará o camarada Prefeito não se darão pela essencialidade do trabalho, mas por critérios políticos e de conveniência. Fico imaginando a reunião da cúpula municipal destinada a corrigir as distorções. Enquanto o camarada Prefeito se dedica a uma de suas intermináveis sessões de massagem com gelol no dedo indicador, o camarada vice prossegue incansável, com aquela voz de quem tá com um testículo (alheio) na boca e um pentelho engatado na garganta: pô, Serafim, essa moça é gente nossa. Tu acabaste de nomeá-la para um cargo de direção. E esse aqui, é filho do desembargador, não podemos brigar com essa gente (vale um pedido formal de desculpas, dizer que as demissões em massa decorreram da disciplina do decreto e não de perseguições). E o Oscarino, vai morrer de fome agora que ninguém mais gosta do Peteleco, manda ele pra Secretaria de Cultura mas não deixa o cara na rua da amargura. E esse cara aqui, ele tava com a gente na campanha. Pfiu!

Lentamente, ou talvez nem tão lentamente assim, novos (e velhos inofensivos) aspones tomarão conta dos espaços livres. A Comuna anda seca por uma sinecura. Desde que a União Soviética quebrou e os subsídios internacionais minguaram essa gente, que deixou de comer caviar iraniano e beber vodka russa, tem passado a cachaça e pão-doce. Como diria alguém, de quem já não me recordo, remédio de comunista é dinheiro. Exemplifico com o caso do PT local, marcha na eleição municipal de um lado oposto ao do governador, mas permanece governo.

Os piores presságios para a Administração que se inicia. Serafim cumprirá o papel de Artur Neto em 1988, ser um fracasso administrativo e político e assegurar, waal, mais vinte de poder para o outro lado.