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13 dezembro, 2004

Santa Casa
Por irmão Paulo

Era o irônico nome de um lupanar, hoje se diz casa de programa, que funcionou, ou diziam funcionar, durante a parte mítica de minha infância, lá para as bandas do Recreio dos Bandeirantes - a casa, não a infância. Fechou, dizem, porque casas mais mudernas e profissionais foram aparecendo, com mocinhas mais jovens e inventivas, e ninguém mais queria ir tão longe para se consultar num puteiro caindo aos pedaços. Seus serviços foram superados pelo progresso, resistiu algum tempo às custas dos homens da zona rural e dos pé-inchados. Do último dono só se falavam maravilhas, que era cheio de idéias novas, tratava bem a meninas e os fregueses e trabalhava de graça. Mas anos de má gestão cobravam seu preço e o Santa, ao final, fechou.

Um grupo de ativistas saudosistas, ainda me lembro, tentou sensibilizar o prócer local, Coronel Bandeirantino e chegaram mesmo ao Prefeito Municipal, ao argumento de que se tratava não de um puteiro comum, mas do local onde a maior parte dos homens da região nasceu para a vida mundana. Como o Prefeito não era o César Maia, a história não colou, ´Puteiros, já os temos de sobra!`, teria dito o jovem Prefeito, ´ademais, o puteiro não é público. Quero mais é abrir estradas`

Assim, o velho Santa Casa, não porque os homens tenham deixado de gostar de buceta, mas por não existir mais clientes que o tornassem rentável (mesmo que lucro nunca tenha sido seu forte) fechou as portas. No mundo que se iniciava não havia espaço para puteiros românticos, com putas excitadas – somente para discretas casas de programa com putas limpíssimas, praticamente inodoras, que falam esfíncter em vez de cu e com as quais todos nós, com o tempo, waaal, nos acostumamos.