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14 dezembro, 2004

A hora e a vez de Rochinha (ou o Holocausto Tupiniquim)
Por Fran Pacheco

Chegou o Dia do Julgamento. Se o Juiz Rocha Cabeleira Mattos for condenado aos míseros 3 anos de reclusão que o Ministério Público pedirá para ele pelas traquinagens apuradas na já mitológica Operação Anaconda, é bem capaz do distinto ser solto logo após a sentença, para aproveitar a dolce vita. A senhora duvida?

Isso se tudo correr conforme o figurino. Mas o Rochinha é um crânio e pode virar o jogo. Só mutantes com hipertrofia neuronial conseguem passar em concurso para Juiz Federal. E ele conhece todos os meandros da legislação, todas as brechas por onde escorrer sua delgada figura. Só falou demais ao celular sobre business e se deu mal.

Nosso personagem da semana alega que sofreu "maus-tratos, ui" (lembram dele de paletó e algemado diante das câmeras de TV?), que não é tio-avô do Salsicha e que sua manutenção atrás das grades "fere a Lei Orgânica da Magistratura (Loman)". Ao seu comovente drama particular, Rochinha deu o nome de "Holocausto Tupiniquim".

A forma como ele se refere aos seus algozes (PF, Secretaria de Segurança de São Paulo, Ministério Público e a Desembargadora que cuidou de seu processo) é sucinta e delicada: "Torturadores de pessoas, negligentes, prevaricadores, criminosos, arbitrários, caprichosos, violadores de dever funcional e dever de urbanidade, violadores da dignidade humana, malfeitores, carentes de Graça Divina, ignorantes no trato das Leis, comunados para o mal, vingativos, castigadores primatas, justiceiros pelas próprias mãos, violadores do Estado de Direito sem a menor vergonha pela toga que vestem e pelo cargo que ocupam, podendo, futuramente, com a Graça e permissão de Deus estarem na mesma situação desgraçada deste magistrado." Imagine-se o que ele teria a dizer de si próprio, se tivesse vergonha na cara?

De qualquer forma, apesar de toda celeuma, tudo o que conseguiram somar em penalidades previstas para um juiz membro de uma quadrilha togada que vendia sentenças foram três fugazes anos, sendo que um já se passou. Não é nem o intervalo entre duas Copas do Mundo.

Pobre Rochinha. Inocente ou culpado, está condenado, pela generosidade de nossas leis, à liberdade.