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15 novembro, 2004

Incógnita
Por irmão Paulo

Muitos ajudam a espalhar os boatos sobre seres voadores que povoam os montes verdes de além do deserto e do pântano. Eu não creio em sua existência. E não deve ninguém crer. Dizem também que eles voam com a rapidez do pensamento. Basta querer estar em um lugar e imediatamente se transportam. Isso, como sabemos, é impossível. Nenhum corpo resistiria a uma aceleração e parada tão imediatas. A inércia é implacável.

Lá para os lados da fonte seca, vez por outra, uma dessas criaturas aparece. Mas de um jeito estranho que só alguns conseguem ver. Para mim essas aparições nada mais são que alucinações. O Homem não foi feito para voar e não voa. Devemos cumprir nossos destinos assentados no solo. Eu trouxe Kahlil, único a regressar da expedição aos montes verdes. Kahlil nos revelará a verdade. Kahlil.
Os montes verdes não existem, são uma lenda. Meus companheiros foram tragados por uma misteriosa e poderosa força. Chegando ao fim do pântano, encontramos uma intransponível floresta de espinhos. Meus companheiros de jornada, quebrando as leis, em desespero, choravam e pediam ajuda a Deus. E eu dizia, Deus não existe. E um a um eles foram desaparecendo. Engolidos por uma assustadora luz. Só, voltei à nossa cidade para prevenir meus irmãos.
Nunca devemos quebrar as leis. Nunca devemos ultrapassar os limites da cerca púrpura. A luz que brilha lá fora cega e mata o que somos. Se quisermos permanecer como estamos, devemos ficar aqui. A caverna é o único lugar seguro.