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29 novembro, 2004

Diário póstumo de um cinéfilo (2)
Por Fran Pacheco

Conforme prometido, baixei em todas as sessões possíveis do Festival de Cinema (que ocorre por aqui em média a cada 35 anos). Ainda vou descolar umas dicas com o Barretão para arrancar dinheiro público para um "filme rebelde" que estou elaborando. A seguir, minhas impressões esparsas:

Filmes dos dias 27 e 28/11

Tainá II (exibido na sessão de abertura)
Só para lembrar: eu não fui ao histórico evento. E filme infanto-juvenil não é a minha praia desde Fantômas (1913). Esta crônica está a cargo de Irmão Paulo e suas doces palavras.

No Paiz das Amazonas (exibido na Roberiolândia, antes do Carrosel da Saudade)
Não me canso de rever esse documentário do meu amigo Silvino Santos, lançado em 1921. Silvino promoveu o filme na Capital Federal vestido de Indiana Jones avant la lettre. Figuraça, o portuga. Lembro que ele revelava os negativos no meio da selva, dentro de um tronco oco de árvore, convertido em laboratório. Fi-gu-ra-ça. Mesmo carcomido, o filme mantém o encanto da Manáos prazenteira e louçã de antigamente. O problema foi o pianista. O pianista ofuscou, com sua quixotesca figura, a projeção. O que é que o Pedrinho Sampaio estava fazendo ali, com aquele... cocar? Pra que aquele cocar, fariseu?

Tae Guk Gi (1º filme da mostra competitiva)
Vocês perderam. Um filmaço de guerra vindo da terra do músico Chick Korea. Dispensei as legendas e saboreei a fala monossilábica dos tigres asiáticos. O fato de não ter entendido, por conseguinte, porra nenhuma, não diminuiu o impacto postivo em mim causado por esse drama. Bem, suponho ser um drama. Infelizmente, não consegui diferençar nenhum ator, mas são todos dignos. Dormi na metade e perdi algumas mutilações. Até agora, por ser o primeiro filme em competição que vi, é o meu franco favorito para ganhar o troféu do festival (uma cabeça moai de madeira com 75 cm de comprimento).

A Selva (hors-concours)
Vocês perderam, também. Finalmente pude conferir o resultado das filmagens na Rua Bernardo Ramos, que o ex-prefeito Buchada tentou "revitalizar" e na praça da Manaós Tramways, que o Decarlão ganhou de presente do Amazonino e depois destruiu. Este filme lusitano foi rodado em Panavision. Isso significa: grana, muita grana, ó pá. Em termos de produção, chuchu beleza. Mas o resultado artístico geral foi irregular (gostei desse chavão).Não gostei do Cláudio Marzo (o eterno senhor de engenho e congêneres) dizendo com toda pompa: "isso aqui é a Selva!". Por sua vez, o gajo protagonista não tinha carisma algum. Pudera, o cara se chama Diogo Morgado. Dormi mais ou menos aos oitenta minutos, perdendo uma cena de sexo com animais. Gostei mesmo da Dona Yayá da Maitê Proença. Mas isso já é praxe.Vocês não fazem idéia do tamanho do Q.I. da Maitê (atenção: não estou sendo irônico).