Canção para uma Senhôra de 115 annos
Por Fran Pacheco
Nossa aniversariante do dia,
a Meretríssima República da Botocúndia,
em traje de gala . (Inteiraça, não acham?)
Minha República tem duas tetas
Onde mamam os marajás;
Os urubus que aqui rapinam,
Não rapinam como lá.
Nossa Lei tem mais brechas,
Nosso Erário tem mais plata,
Nossas repartições têm mais cabides,
Nossos cabides, mais aspones.
Em locupletar-me - sozinho, ou em bando -
Mais bufunfa encontro eu lá;
Minha República tem mutretas
Que deleitam os carcarás.
Minha República vende favores,
Que é um toma-lá-dá-cá;
Em locupletar-me - sozinho, ou em bando -
Mais babita encontro eu lá;
Minha República tem duas tetas
Que empanturram os marajás.
Não permita Zeus que eu morra*
Sem que eu ganhe uma sinecura;
Sem que desfrute as regalias
Que não encontro eu por cá;
Sem qu'inda mame nas tetinhas
Onde mamam os marajás.
(*Com a devida licença poética, pois morto já estou.)
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