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31 outubro, 2004

Silêncio
Por irmão Paulo

A couraça das palavras protege nosso silêncio e esconde aquilo que somos, disse o jovem poeta Thiago de Mello. Na infindável hora-morta que antecede o resultado do pleito, nada se move, tudo é estático. E, de repente, do momento imóvel far-se-á o drama. Fatalmente teremos dois prefeitos, a partir do dia primeiro de outubro. A Era Galinácea se extinguirá, pouco a pouco, esmaecendo o brilho e a autoridade do Galo Velho (que sai empapuçado de dinheiro), ao tempo em que, na razão inversa, ganhará força a nova era da Abelha ou da Anta, conforme o resultado. Nós aqui, ao longo desses meses de agradável convívio, nos dedicamos a expor idéias (quase nunca compreendidas) e pugnar pela autonomia das consciências (esquecidos de questionar antes, é verdade, se existem consciências). Fatalmente, por igual, vencerá o pior.

O resultado próximo, ao menos, nos anistiará desse tema aldeão, compreensível e/ou interessante apenas para os iniciados nos sórdidos mistérios da política amazonense. Anistiado, esquecido de que falamos de políticos, já antevejo o prazer de re-explorar outros temas. Música – ah, a música, belas letras, belas artes, artes populares. A natureza humana, em instância final, pois a arte só tem valor se feita com sangue. Qualquer dos resultados é possível, e não será zebra. A vitória de um ou de outro não será folgada, mas perderemos sempre, seja qual for o resultado. Desejo apenas, com a humildade dos convencidos pelos fatos que, nesta hora fatídica e final, Deus tenha piedade de nossa atroz miséria.