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17 outubro, 2004

Quadro póstumo de Fran Pacheco barrado na Bienal
Por Stella Maris - especial para o Club


Transeunte aprecia a obra de Fran.

Botocúndia - O monumental quadro póstumo do bigodudo terrible Fran Pacheco, intitulado Branco com um Buraco no Meio foi impedido de integrar a mostra oficial da Bienal Mediúnica de Arte de Uberaba. O curador do evento, o babalorixá norueguês Häns Björg Luambala, alegou o não cumprimento do prazo de inscrição, que se encerrou, pelas suas contas, há trinta e cinco anos. Fran alega um complô contra a Zona Franca de Manaus e patrulhamento estético, pois a bienal estaria dominada pelas "panelinhas das funerárias paulistas e dos necro-modernistas cariocas do Cemitério Parque Lage".

Fran não poupa críticas à curadoria: "só de girassol de Van Gogh paraguaio já vi uns quinze. Bandeirinha junina do Volpi, umas duzentas, todas chinesas. Os Gasparettos fizeram a festa. Estão privilegiando uma sub-arte funcional para pendurar em parede de centro espírita. A minha obra tem atitude. Atitude!!"

O polêmico quadro já surge revolucionário na forma: um quadrado com 20 metros de altura por 32 de largura. "É o primeiro quadrado em proporção áurea da história", explica Fran. O "buraco no meio" a que se refere o título, feito com uma ponta de agulha, "provoca" os espectadores a encontrá-lo. Uma dica de Fran: "não é bem no meio, não. A composição ficaria monótona e sem sentido. Fugiria à minha proposta". A obra joga com conceitos de chiaro-chiaro, suprematismo-muralista-minimalista e boi-bumbá. "Não podia deixar de dar um toque regionalista", explica o artista, sem entrar em detalhes.

Pacheco pretende reunir outros mortos marginalizados ou simplesmente pirados, como Bispo do Rosário e o profeta Gentileza, para compor uma aparição coletiva em plena alameda principal da necrópole de Uberaba. Costinha e Aracy de Almeida foram convidados para compor o júri do happening. Fran confessa que desde 1955 sonha em ser esculhambado pela Aracy.

A entrevista é bruscamente interrompida quando Fran Pacheco, num sobressalto, corre em direção ao quadro: "Porra! Penduraram de cabeça pra baixo!"