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28 setembro, 2004

Prato Feito 2
Por irmão Paulo

Política é a arte de impedir as pessoas de
participar de assuntos que são do seu interesse.”
Paul Valéry
, por Ruy Castro


A frase, retirada de meu dicionário de citações, certamente é uma visão realista-catastrófica, mas com a qual concordo. Pelas terras de cá a política, infelizmente, tem mesmo sido a arte acima indicada, especializada em articulações que, invariavelmente, servem ao eleitor um PF (prato feito), com uma única alternativa de voto. Pré-candidatos caem como frutas maduras pelo meio do caminho, numa espécie de contrato de adesão eleitoral, onde o máximo de liberdade efetiva consiste em não votar. Mas esse não é o assunto.
Como disse antes - em reflexão que foi compreendida como elogiosa a Amazonino Mendes, Eduardo Braga, diante dos fatos e da inépcia da “oposição histórica” na assunção do poder, foi constrangido a oferecer seu fundamental apoio a Amazonino. Em certa altura, cheguei a pensar que nem o vice seria indicado pelo Governador, que ao final indicou e pelo menos garantiu uma posição de vantagem em um futuro confronto com Amazonino. Há certa dose de sinceridade nas palavras do atual governador ao dizer, antes de capitular para Amazonino, que teria candidato “Mas não é em função de que isso exige compromisso em relação a 2006.” Isso lembra até o histórico acordo entre Getúlio Vargas e Adhemar de Barros, testemunhado pelo jornalista Samuel Wainer, no qual foi negociada a Frente Popular, pela qual o Adhemar não seria candidato em 1950 e apoiaria Getúlio, mas Getúlio se comprometeria a apoiá-lo em 55, o que Getúlio topou na hora. Ou seja, senhores que me leem, Eduardo sabe que, independentemente do que tenha sido o acordo de agora, provavelmente enfrentará Amazonino e, possivelmente, Alfredo, em 2006, mas até lá muita água vai rolar e, como sabemos, o cu é perto, só que mais embaixo.

Espalhou-se de tal forma que Gilberto Miranda compareceu com 5 milhões de reais nas nadadeiras do boto, que posso reproduzir isso aqui sem medo de que me descubram e me apaguem. Motivo pelo qual estaria sedimentado no ânimo de Amazonino a vaga de Gilberto para o Senado, também no fatídico 2006. O que nos remete, novamente, à falta de espaço para tantos caciques e ao natural canibalismo decorrente dessa superpopulação.

Sobressai, a meu ver, das especulações que possam ser feitas, o fato de que essa tchurma faz política pela política. Sem recuar muito no passado, lembremos do episódio da saída de Arigó Nascimento da prefeitura de Manaus, além de não ter preparado a sua substituição, contando com votos que se esfumaçaram ao primeiro bater de asas da abelha-rainha, deixou tudo desgovernado e sem regras para sua sucessão. Evidentemente, no vácuo de lei e liderança, movido por uma fome animal de poder, mas também por sua genialidade política – que reafirmo – Amazonino assumiu o papel central de coordenador supremo do processo e, segundo consta, com apenas uma reunião na casa do Super Sabino, implodiu o antes coeso grupo político do Prefeito Arigó Nascimento e assegurou uma eleição materialmente aclamatória para Carijó. De mais a mais, permaneceu no cargo o representante que deveria, naturalmente, suceder o Prefeito, pois já era presidente da Câmara Municipal, não fosse essa excrescente eleição indireta parida pela Constituição Federal, em relação ao Presidente da República, e adotada pela LOMAN para Prefeito, regulamentada de forma casuística e inacreditável pelos edis manauaras, abrindo espaço para que o grupo de Amazonino, efetivamente, já esteja instalado na Prefeitura de Manaus.

Amazonino saiu candidato assim: com Plínio Valério de laranja; implodindo a candidatura de Vacanessa despachando Alfredo e Omar para ela, que a consumiram por dentro como parasitas que são e, ao final, correndo o risco mesmo de ficar de cara com seu o candidato acerola, como diria Fran Pacheco, seu velho compadre de outras malas-pretas, Serafim Corrêa. Nunca se teve tanto acesso público a informações, mexericos, movimentações de bastidor, preço de votos etc., quanto atualmente. E nunca se soube tão pouco o que fazer com elas, poderia dizer alguém. E, enquanto isso, os serafetes acham que o portuga é oposição.