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27 setembro, 2004

Noites Tropicaes
Por Fran Pacheco

A Tropicália não morreu, apenas desencarnou. Esqueçam Caetano Meloso, enquanto ele se dedica à sua peculiar releitura do brega e dos standards americanos através da filosofia odara. Esqueçam o Gil ministro, que agora tudo quer controlar, regulamentar até o "purroa!" do Pereio nos filmes. E, principalmente, esqueçam o Júlio Medaglia, com sua batuta de ouro doada pelo Amazonino.

Os verdadeiros tropicalistas estão entre nós, os mortos. Graças a muitas mesas brancas, muito "jogo do copo" e muita Jurubeba Leão do Norte, nossos médiuns conseguiram travar contato com os maiores agitadores culturais que já passaram dessa para a melhor: o polivalente Wally Sailormoon (Batatinha), o poeta Torquato Piauí e o artista plástico Hélio Jaguatirica. Essa trinca de ases aceitou nosso modesto convite, nossa inexistente remuneração e decidiu, por amor ao nonsense, postar nesse terreiro.

Já tendo algumas balas na agulha e tendo regularizado sua documentação, enviando-nos seu fotograma (ao lado), segue o curriculum de Wally Sailormoon:

"Baiano de Jequié, poeta, letrista e ex-secretário nacional do livro e da leitura, Wally Sailormoon morreu de câncer, no ano passado, aos 59 anos. Wally participou de maneira informal do movimento tropicalista nos anos 60, junto com o poeta Torquato Piauí e os cantores Gal Costa, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, entre outros. Compôs alguns clássicos da MPB, como Vapor barato e Anjo exterminado (em parceria com Jards Macalé), gravadas por Gal no disco Fa-tal (1972), além de Mel e Talismã (com Caetano Veloso), dois sucessos na voz de Maria Betânia. Conciliando as carreiras de poeta, ensaísta, agitador e produtor cultural com a de compositor, Wally participou da música brasileira em parcerias posteriores, com Roberto Frejat (Balada de um vagabundo, hit na voz de Cazuza), Lulu Santos (Assaltaram a gramática, sucesso dos Paralamas do Sucesso), e Adriana Calcanhotto (Pista de dança). Com a nomeação de Gilberto Gil para o Ministério da Cultura, Wally Sailormoon foi convidado para assumir a Secretaria Nacional do Livro e da Leitura, em janeiro do ano passado. O poeta e o cantor eram parceiros em músicas e na trilha sonora do filme Quilombo , de Cacá Diegues e já haviam tido uma experiência política anteriormente, quando Gil foi eleito para a Câmara de Vereadores de Salvador no final dos anos 80. Wally é autor de livros de prosa (Me segura que vou dar um troço), prosa e poesia (Gigolô de bibelôs, Armarinho de miudezas), poesia (Lábia, Tarifa de embarque), além de Qual é o Panrangolé, biografia de seu amigo Helio Jaguatirica."

Sejam bem-vindos, novos Terríveis. Evoé, cambada!