Image hosting by Photobucket

17 julho, 2004

Toque da Morte
Por Fran Pacheco



Quando abriu os olhos, o Turco Loco ainda estava lá...


"Poucas horas antes, eu estava ainda mais ferrado. Tinha visto a luz branca de praxe. E vi também, translucentes, Adhemar de Barros, Pinheiro Machado, Plinio Salgado, Fileto Pires, Lúcio Flávio, Filinto Muller, Mariel Moriscot, Borba Gato, Pablo Escobar, Anastasio Somoza, Percival Farquhar, Alfonso Capone, Francisco Franco, Juan Perón, César Bórgia, Hermann Göring, Papa Doc, Reza Pahlev, Ferdinando Marcos, Nicolae Ceaucesco, Idi Amin Dada, Antonio Constantino Nery, J.J. Seabra, Tomaso Buscetta e, salvo engano, Sapeca e Cabeção, dois meliantes manauaras.

A luz que me acordou do coma, porém, foi um flash na minha cara. Aquele rosto sorridente vindo em minha direção não me era estranho. Era o... Dr. Paulo! Seria ele, além de tudo o que diziam, médico? Como eu ainda estava sensível às imagens do mundo extra-fenomênico, achei ter visto, atrás daquele sorriso, a asa preta da graúna. Ele estendeu a mão para mim. Meu coração quis sair pela boca, eu queria gritar, mas tinha esquecido como. Fechei os olhos de novo.

'Maluf, Maluf. Mata os bandidos...'

Era a voz do meu vizinho de leito. Olhei de soslaio. O toque da morte foi para ele. Olhei para meus outros companheiros de infortúnio. Era o meu pânico nos olhos deles. Começamos todos a gemer. Gemer e grunhir. Os mais fortes conseguiram balançar os tubos e armações de soro. Sempre sorrindo, Dr. Paulo e a multidão que o seguia, foram embora. Nossos olhares se cruzaram ainda uma vez. O sorriso era o mesmo, pregado na cara. Mas o olhar me deixou a certeza: ainda vamos nos econtrar, numa campanha qualquer, quando chegar a minha vez.

Caro Fran, este é o meu estranho relato."
 
Tibor