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28 julho, 2004

O Relato sem Par de um Devasso Arrependido
Por Fran Pacheco

(Há que se retirar as donzelas da sala)
 
"Caro Fran,

Só você para eu desabafar. Eu era um rapaz de família, humilde, porém decente. Congregado Mariano.  Virgem. Fervoroso em meus ofícios religiosos. Numa noite de insônia cedi, confesso, à sedução da manguaça e entrei numa casa de massagens em infecta ruela no Centro desta cidade perdida. Queria, admito, ser feito homem, ainda que por um muxibento travesti. Foi tudo culpa da mardita, Fran! Eu sou homem! Estava tonto e deitei na cama com o bumbum para cima. Nu em pêlo (acento colocado pelo revisor). À espera do pior. Meu corpo tenso. Contraído. Senti vozes, rumores na minha cabeça, tudo culpa do mé.

Foi então que senti a mão macia afagar minhas costas, ah Fran, que mão. E a voz... a voz. Imagina, Fran, Barry White sussurrando no teu ouvido. Fui ao delírio, cada nervo da minha espinha sapecando gostosinhas pontadas. Da nuca ao cóccix. Sabe onde fica o cóccix, Fran? Foi uma massagem tão, mas tão inebriante, que pensei em me virar, para ver o que aquela mão faria em prol do meu bingolau. Sabe o que é bingolau, Fran? Foi quando os flashes estouraram na minha cara.

Era o Amazonino, Fran! Aquele... demônio! Entrou na casa de massagens, fazendo campanha. Ele e dezenas de fotógrafos. Ele me escolheu, Fran, para mostrar sua habilidade como massagista. Logo a mim. E minha foto estampada nos jornais. Fui expulso da congregação. E acolhido em outra igreja, especializada em casos perdidos, como eu. Hoje sou garoto-propaganda de minha nova igreja. Manguaça e travecos nunca mais.

Só que tem, Fran, que toda vez que vejo aquela abelhinha nas ruas, o meu cóccix lateja, você me entende, Fran?"