O Pecador
Por Fran Pacheco

"Sou um pecador.
Sei não, Plínio, basta um pouco de arrependimento, renunciar aos prazeres carnais e arranjar bons contatos entre os papistas. Nosso João de Deus já canonizou mais gente do que todos os papas dos últimos séculos juntos. Uma dificuldade instransponível (no momento) é o pré-requisito de se estar morto. Provavelmente João de Deus deixará o mundo fenomênico antes. Aí a coisa pode complicar, com a volta dos ditadores romanos ao poder papal. Mas esqueçamos isso, tem nada não. Teu negócio não é seguir mesmo os passos de Paulo de Tarso, Agostinho de Hipona, Francisco de Assis e outros eméritos pecadores que encontraram sua Estrada de Damasco. Teu negócio não é perseguir cristão ou farrear em tavernas medieviais. Teu negócio é pior: é política.
Quanto à tua certeza de ser prefeito, me perdoe a falta de tirocínio, mas de onde diabos vem tal jactância? Sentes na rua o clamor do povo gritando em passeatas espontâneas o teu nome? Ou pressentes com o olho místico uma massa silenciosa ruminando "é esse o pecador que eu quero na prefeitura"?. Tu dirias: "eu tive 270 mil votos pro senado, mais que a Vanessa o Michilles o Serafim e o Mário Frota juntos". Então, por que cargas d'água ninguém te convidou pra nada, campeão de votos? Ah, claro, és puro-sangue.
Em verdade eu digo: és importante nessa eleição. Farás o papel que o Sarafa fez na eleição pra prefeito em 2000. Queimarás todo mundo, darás o fora no 2º turno (se houver), e os 4% de trouxas que votarem em ti, abandonados, propensos a votar em branco, serão uma garantia a mais para a eleição do Abelha.
Nem santo, nem prefeito, nem senador. Teu destino, pecador, está traçado por Mammon.
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